MARCELLO CASAL JR
A prova será aplicada na sexta-feira (17) em todo território nacional.
Está tudo pronto para que cerca de 800 mil estudantes brasileiros do ensino fundamental e médio participem da 22ª Olimpíada Brasileira de Astronomia e Astronáutica (OBA). A prova será aplicada na próxima sexta-feira (17) em todo o território nacional e, para este ano, conta com quase 18 mil escolas cadastradas.
Dividida em quatro níveis (três para alunos do fundamental e uma para o ensino médio), a Olimpíada terá uma prova com dez perguntas: sete de astronomia e três de astronáutica. Segundo os organizadores, há uma alta incidência de questões abrangendo raciocínio lógico.
“As provas foram disponibilizadas para os professores das escolas parceiras [no caso da Olimpíada, são as escolas que se inscrevem e aplicam as provas para seus alunos interessados em concorrer]. Da nossa parte está tudo pronto para a aplicação no dia 17. O gabarito sairá no dia 18”, disse à Agência Brasil o coordenador da OBA, professor e astrônomo João Canalle, da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ).
O professor explicou que os alunos do 6° ao 9° ano fundamental são os que mais participam da Olimpíada. “Em média, a nota deles fica entre 7 e 8 pontos [em uma escala que vai até 10]. Trata-se de uma faixa etária com bastante curiosidade sobre astronomia. Por isso chegam a pressionar os professores e escolas para se inscreverem”.
Competições internacionais
Cerca de 10 milhões de estudantes já participaram das olimpíadas e astronomia e astronáutica no Brasil, ao longo dos 20 anos de existência da OBA. Os estudantes mais bem classificados representarão o Brasil nas olimpíadas Internacional de Astronomia e Astrofísica e na Latino-Americana de Astronomia e Astronáutica de 2020.
Tendo por base o público que participou das olimpíadas anteriores, Canalle explica que os alunos que costumam participar da competição se diferenciam, quando comparados aos demais, além de terem maiores chances de serem selecionados para universidades no exterior.
“Tivemos casos de estudantes que conseguiram bolsas em universidades estrangeiras após terem seus currículos enriquecidos com as medalhas obtidas em edições anteriores”. Foi, por exemplo, o caso da deputada federal recentemente eleita por São Paulo, Tabata Amaral (PDT), de 24 anos que, a partir do resultado obtido na olimpíada, classificou-se para conquistar títulos internacionais de astronomia e, posteriormente, foi estudar em Harvard, nos Estados Unidos.
Além de ter sido medalhista na olimpíada de 2016, Miriam Harumi Koga, 19 anos, de Guarulhos (SP), foi o grande destaque da edição de 2017 da Olimpíada Latino-Americana de Astronomia e Astronáutica, onde conquistou a medalha de ouro. O destaque obtido nessas competições resultou em sua aprovação para duas universidades nos Estados Unidos, onde hoje reside e trabalha.
“Notamos que alunos que ganham medalha nas olimpíadas tendem a ganhar outras medalhas, além de terem mais chances de serem convidados para as olimpíadas internacionais”.
Segundo Canalle, o Brasil é o país que mais tem se destacado nas Olimpíada Latino-Americana de Astronomia. “Sempre somos o país mais bem classificado em todas as provas. Para se ter uma ideia, nas últimas 3 edições obtivemos 4 das 5 medalhas de ouro”.
Preparação
Nas competições que incluem a Europa e a Ásia, a concorrência é bem mais forte. “Há entre eles países com muito mais tradição, como Índia e China. Nos 11 anos de competições obtivemos algumas pratas, mas nunca uma medalha de ouro”.
Canalle explica que enquanto o fator que mais explica a diferença de resultados é o tempo de preparação dos competidores. “Enquanto alguns países treinam seus competidores por 3 ou 4 anos, nós temos entre junho [mês em que é feita a seleção dos representantes brasileiros] e outubro, quando acontece a olimpíada internacional”.
A Olimpíada Brasileira de Astronomia e Astronáutica é coordenada por uma comissão formada por membros da Sociedade Astronômica Brasileira e da Agência Espacial Brasileira. Há, ainda no âmbito da competição, um outro evento que tem empolgado os estudantes: a Mostra Brasileira de Foguetes, a MOBFOG.
“No ano passado tivemos 120 mil alunos construindo e lançando seus foguetes. A expectativa é de que, este ano, haja 150 mil estudantes construindo e lançando seus foguetes cada vez mais longe”, disse o astrônomo.
O regulamento para participação e as instruções para as escolas interessadas em se cadastrar nas competições estão disponíveis no site da OBA.
Fonte: (Agência Brasil)
14.05.2019