Brasil teve 1.074 greves até novembro; ano deve fechar com redução de 20% - Cariri Ativo - A Notícia Com Credibilidade e Imparcialidade
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Brasil teve 1.074 greves até novembro; ano deve fechar com redução de 20%

Brasil teve 1.074 greves até novembro; ano deve fechar com redução de 20%

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Sérgio Lima/Poder360 – 14.jun.2019
Cartazes da greve dos bancos realizada em 14 de junho de 2019, no Setor Comercial Sul, em Brasília
Desemprego influenciou,Pior resultado desde 2016.

Dados do Dieese (Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos) obtidos pelo Poder360 mostram que o Brasil teve 1.074 greves de janeiro a novembro deste ano. Em todo o ano de 2018, foram registadas 1457 paralisações. Se o mesmo ritmo for mantido em dezembro, o ano deve fechar com  redução de 20% no número de greves.

Rodrigo Linhares, técnico do Dieese responsável pelo banco de greves do órgão, aponta 3 motivos para a redução.
  • economia patinando – alta taxa de desemprego, que ficou em 11,6% no trimestre encerrado em outubro, a elevada informalidade (atualmente 36 milhões de pessoas trabalham sem carteira de trabalho assinada ou por conta própria) e pessimismo dos setores grevistas relação à possibilidade de vitória diante da situação fiscal do país;
  • sindicatos fracos – essas organizações perderam força e recursos nos últimos anos. Segundo estimativa do Poder360, a arrecadação das entidades com contribuições sindicais deve cair 80% em 2019. O volume de recursos atingiu R$ 91,7 milhões no acumulado de janeiro a novembro. Em 2018 inteiro, foi de R$ 500 milhões;
  • governo hostil – temor da possível reação da gestão de Jair Bolsonaro com as categorias. O presidente emite sinais hostis a possíveis paralisações.
No setor público, foram registradas 551 greves até novembro de 2019 (51,3%). Dessas, 508 foram no funcionalismo público. Os servidores municipais realizaram o maior número, 316. Em seguida vêm funcionários estaduais (176) e federais (12). As outras 43 paralisações no setor público foram em empresas estatais, como a Petrobras.
Na esfera privada, o setor de serviços foi responsável por 77,8% (404) dos movimentos grevistas registrados. A indústria representa 21,6% (112), seguida do comércio, com 0,6% (3).
De acordo os dados do Dieese, o Brasil teve o maior número de greves nesta década em 2016, quando foram registradas 2.114 paralisações. Os números caíram para 1.568 em 2017 e 1.457 em 2018.
Apesar disso, segundo Linhares, a quantidade de paralizações registrada em 2019 está em 1 patamar elevado para a série histórica. É o menor número de greves  desde 2013. Mas ainda assim é 1 número muito mais alto do que toda década de 90 e a 1ª década dos anos 2000. Esses números vêm diminuindo nesse compasso. De 2017 para 2018, o percentual [de queda] foi no mesmo patamar de 2019.”
O especialista, no entanto, se diz surpreso que o número não tenha caído mais em 2019. Segundo ele, todos os indicadores apontavam para uma maior redução. Mas houve uma mudança no perfil do movimento grevista.
A maior parte das paralisações deste ano (81,3%) foi catalogadas como “defensivas” pelo Dieese. Ou seja, as categorias batalharam para não perder benefícios já adquiridos. “Tem uma particularidade nessas greves. Se a gente compara as reivindicações de 2018 e 2019 com as de 2013 e 2014, vemos que são muito diferentes. A grande questão hoje é o atraso salarial, principalmente em empresas contratadas pelo Estado”.
“Legalmente, para os governos, é mais complicado atrasar o pagamento daqueles funcionários estatutários do que atrasar repasse para empresas. [Os governos] continuam pagando o funcionalismo público, mas em situação de dificuldade orçamentária, a 1ª área a receber os cortes na falta de dinheiro são as empresas. Esses funcionários ficam ainda mais fragilizados por conta disso”, afirmou o técnico.
Linhares sugere que uma melhor regulação e fiscalização dos setores pode ajudar a mitigar esse tipo de problema.
Fonte: poder360.com.br
27.12.2019