Sérgio Lima/Poder360 - 17.dez.2019
O presidente Jair Bolsonaro em uma de suas paradas em frente ao Alvorada. Nesta 3ª feira (18.fev.2020), o presidente fez 1 comentário de cunho sexual a respeito de uma jornalista da Folha de S.Paulo
Presidente cita CMPI das fake news,Folha de S.Paulo responde com nota.
O presidente Jair Bolsonaro insultou a jornalista Patrícia Campos Mello, do jornal Folha de S.Paulo, nesta 3ª feira (18.fev.2020) durante entrevista a jornalistas em frente ao Palácio do Alvorada. A repórter foi a autora de reportagem, em dezembro de 2018, sobre o disparo de mensagens no WhatsApp para beneficiar políticos durante as eleições daquele ano.
Bolsonaro referiu-se ao depoimento de Hans River do Rio Nascimento, ex-funcionário da Yacows, uma das empresas que teria feito os disparos, na CPMI das fake news no Congresso, em 11 de fevereiro. Sem apresentar provas, o depoente acusou Patrícia de oferecer sexo em troca de informações para a reportagem.
Bolsonaro aludiu ao caso com uma insinuação sexual: “Ela queria 1 furo. Ela queria dar o furo a qualquer preço contra mim”, disse o presidente. Entre repórteres, o jargão “dar 1 furo” significa publicar uma informação antes dos concorrentes. Ao usar a expressão, o presidente enfatizou o duplo sentido da palavra quando se referiu à jornalista. Apoiadores ao seu lado deram risada.
A Folha de S.Paulo divulgou nota a respeito da declaração. Eis a íntegra:
“O presidente da República agride a repórter Patrícia Campos Mello e todo o jornalismo profissional com a sua atitude. Vilipendia também a dignidade, a honra e o decoro que a lei exige do exercício da Presidência.”
O QUE O PRESIDENTE FALOU
Eis o que mais Bolsonaro disse a respeito da reportagem da sobre disparos por WhatsApp em 2018 e da jornalista que assina o texto:
- vídeo com a jornalista – disse o presidente: “Olha a jornalista da Folha de S.Paulo. Tem mais 1 vídeo dela aí. Não vou falar aqui porque tem senhoras aqui do lado. Ela falando: ‘Eu sou (…) do PT’, certo?”. Bolsonaro refere-se a 1 vídeo publicado na mesma manhã na conta de Twitter do deputado Eduardo Bolsonaro (PSL-SP), seu filho. A repórter não declara “ser do PT” na peça; diz que costuma votar no partido;
- Hans no MP – “O depoimento do Hans River, foi final de 2018 para o Ministério Público, ele diz do assédio da jornalista em cima dele”, disse.”Lá em 2018, ele [Hans] já dizia que ela chegava e ia perguntando: ‘O Bolsonaro pagou pra você divulgar pelo Whatsapp informações?'”;
- fake news contra o PT – Bolsonaro perguntou a simpatizantes: “Alguém recebeu no zap uma matéria qualquer que suspeitou para prejudicar o PT e me beneficiar?”. Depois, respondeu: “Ninguém recebeu nada”. Em outro momento, declarou: “Se você fez fake news contra o PT, menos com menos dá mais na matemática. Se eu for mentir contra o PT, eu tô falando bem, porque o PT só fez besteira.”
FOLHA JÁ RESPONDEU DEPOIMENTO
Reportagem da Folha de S.Paulo divulgou prints de conversas entre Patrícia e Hans River no WhatsApp. Em 25 de novembro de 2018, é o depoente que convida a repórter para encontrar-se com ele depois de 1 show. Ela recusou e pediu para se falarem pelo aplicativo.
MANIFESTAÇÕES
Jornalistas mulheres lançaram 1 manifesto contra o depoimento, afirmando que “é inaceitável que essas mentiras ganhem espaço em uma Comissão Parlamentar de Inquérito que tem justamente como escopo investigar o uso das redes sociais e dos serviços de mensagens como Whatsapp para disseminar fake news”. A manifestação foi apoiada pela Abraji (Associação Brasileira de Jornalismo Investigativo).
poder360.com.br
18.02.2020