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Apicultores cearenses garantem o maior financiamento popular de todo Brasil

Apicultores cearenses garantem o maior financiamento popular de todo Brasil

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No Estado do Ceará, a Cooperativa Regional dos Trabalhadores Apícolas Assentados e Assentadas da Reforma Agrária garantiu um crédito de R$ 3 milhões pelo Finapop. Os recursos do financiamento popular foram anunciados durante transmissão pelo Youtube no canal do ex-banqueiro Eduardo Moreira. “A operação já está feita”, confirmou o criador das empresas Brasil Plural e Genial Investimentos. Além da Cooperamel, os cacaueiros baianos garantiram anteontem à noite R$ 1.979.000.
A direção estadual do MST avalia, agora, se o valor total será disponibilizado para Cooperamel, ou redistribuído com a finalidade de fortalecer a cadeia produtiva no Estado. “Temos a cooperativa para nos livrar do atravessador, porque eles ganha tudo e nós não ganha é nada. Se Deus quiser, a nossa cooperativa vai crescer que nem os anjos do céu”, torce Valdeci Luis de Sousa, sócio fundador da Cooperamel e assentado da reforma agrária em Mombaça.
Com os recursos, a Cooperamel estima chegar à seis toneladas por dia no entreposto de Mombaça: incluindo aí o aumento no número de colmeias e da área total destinada à apicultura. O Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra informa ainda que 1.800 famílias do garantiriam um aumento de renda de mais de 40%. Hoje, a comercialização acontece a partir de feiras e compras governamentais e a intenção é levar o mel Terra Conquistada para os mercados convencional e externo.
Outras melhorias incluem o investimento em cursos técnicos voltados à agroecologia para o público jovem na escola do campo Paulo Freire. “Apesar de sete anos de seca, seguimos preservando o meio ambiente e, hoje à tarde mesmo (29/6), a cooperativa conseguiu recolher uma tonelada de mel”, informa Sheila Rodrigues, coordenadora da cadeia produtiva do Mel no Nordeste e da Frente da Comercialização do MST no Ceará, citando a capacitade organizativa da Cooperamel.

Uma história de parcerias

A produção apícola nas 64 comunidades rurais atendidas pelo MST começou em 1995 e, desde 2015, as famílias assentadas passaram a ser beneficiadas pelo Projeto São José III. A iniciativa do Governo do Ceará colaborou prestando assistência técnica, realizando melhorias nas infraestruturas dos apiários e das casas de mel, além da aquisição de equipamentos. “Esse financiamento (do Finapop) vai servir para potencializar uma estrutura que já existe”, reconhece Sheila Rodrigues.
“Uma coisa é certa: temos ainda a necessidade de capital de giro e de uma estrutura de armazenamento, o que possibilitaria um preço mais justo para o nosso apicultor”, avaliza a coordenadora da cadeia produtiva do Mel no Nordeste e da Frente da Comercialização do MST no Ceará. Outras melhorias previstas com o novo investimento são a implantação de uma estrutura de laboratório para o controle de qualidade do mel e a seleção do produto conforme a florada.
Atualmente, o Finapop é uma iniciativa exclusivamente voltada para projetos em áreas de assentamentos do MST. Com o fundo popular, pequenos e médios investidores injetam recursos em cooperativas, contribuindo para produção de alimentos saudáveis e promovendo distribuição de renda. Os participantes do fundo, de acordo com Eduardo Moreira, têm a garantia de retorno financeiro pelos mesmo padrões aplicados pelo mercado.

Inspiração na sustentabilidade

O Finapop é uma iniciativa do ex-banqueiro Eduardo Moreira que teve inspiração na criação do banco europeu Triodos, em 1980. “A pergunta é: que mundo você quer financiar com o seu dinheiro?! O capital aplicado numa poupança, fundo ou CDB, não pára ali. Serve para outras atividades e, às vezes, o investidor acaba financiando algo que em sã consciência jamais apoiaria, como: fabricação de armas, indústrias estrangeiras, ou empréstimos com juros abusivos”, cita como exemplos.
“Se você pudesse receber o mesmo valor, com uma taxa de juros de 4% ou 5% ao ano, o que você financiaria?!”, sugere. “Hoje, a população mais pobre acessa empréstimos com juros de 5% a 8% ao mês, o que cria um verdadeiro abismo social. Transparência e propósito são as nossas armas para fazer com que o trabalhador ultrapasse esse fosso de distribuição de riquezas no Brasil”, defende destacando a taxa de inadimplência do Pronaf, em torno de 1%.
Segundo ele, o Finapop dispõe de pelo menos 1.750 investidores e financia a construção de um frigorífico no município Nova Santa Rita, no Rio Grande do Sul, no valor de R$ 1 milhão. O assentamento do MST já possui abatedouro para venda da carcaça suína e planeja entregar o novo equipamento em fevereiro, produzindo salame, defumados e linguiça. “Esse financiamento é importante porque é feito por quem acredita na organização dos agricultores”, opina o agricultor Milton José Fornazieri.
Ascom SDA
02.07.2020