Os dois poços, de cerca de mil metros de profundidade, têm um histórico de paralisações que já perduram por dezenove anos. O problema mais recente decorreu da complexidade da operação. As bombas trabalham sobre alta pressão, profundidade de 400 metros e com água que tem temperatura muito elevada. Esses condicionantes danificam as peças – rolamentos e rotores.
Nesta semana, técnicos da Companhia de Gestão dos Recursos Hídricos (Cogerh) e da Cagece concluíram um estudo com uso de câmeras para captação de imagem ao longo do percurso. O objetivo é verificar as condições dos poços. O relatório dessas sondagens monitoradas deverá ser divulgado em 15 dias.
Para o diretor de Operações para o Interior da Cagece, Hélder Cortez, colocar os dois poços em operação de forma mais permanente é um desafio a ser vencido. Ele, no entanto, se mantém esperançoso.
“Estamos em contato com o fabricante dos motores-bombas, que é em São Paulo, e a empresa firmou parceria com a Cagece para desenvolver equipamentos próprios para as condições desses poços. Acredito que teremos uma solução viável e duradoura”.
Antes do fim de novembro próximo, Cortez espera operar em fase de teste pelo menos um dos poços. A vazão inicial era de 75 mil litros por hora, mas com o decorrer do tempo foi reduzindo.
A Cagece tem estrutura montada no alto da serra do Araripe com reservatórios, sistema de captação e distribuição de água por meio de adutora que deveria atender as três cidades.
“Vamos aproveitar essa estrutura e quando encontrarmos uma operação viável, vamos perfurar mais poços e formar na área um aquífero para atender os três municípios – as cidades e localidades rurais”, prevê Hélder Cortez. “Esses novos poços serão de menor profundidade (600 metros) e as bombas ficarão mais elevadas, facilitando o funcionamento”.
Abastecimento
Atualmente, a cidade de Araripe e as sedes dos distritos de Lagoinha e Pajeú são abastecidas por reserva hídrica acumulada durante a quadra invernosa deste ano no açude João Luís. Campos Sales encontrou viabilidade no açude Poço da Pedra.
Os dois poços foram perfurados em 2000 pela Petrobrás, que fazia sondagem na tentativa de localizar petróleo na Chapada do Araripe. Não encontrou o óleo preto, mas descobriu outra riqueza para suprir a sede do sertanejo: água de boa qualidade.
Os reservatórios foram repassados para o governo do Estado que em 2001 iniciou os sistemas de captação de água, que até hoje permanece como desafio técnico.
O histórico mostra que houve tentativas fracassadas de reativação dos poços em 2001, 2011, 2013 e 2016. A última recuperação começou em novembro de 2017 e se estendeu até fevereiro de 2018 com serviços de instalação de tubulação, bomba elétrica e desobstrução.
A bomba fica a uma profundidade de 412m e foi usado um guindaste de 70 toneladas que permitiu a colocação do equipamento, que pesa, com a tubulação, 30 toneladas.
Fonte: Diário do Nordeste
miseria.com.br
25.09.2020