Um dos documentos enviados ao chefe de estado foi assinado por 35 personalidades artísticas, incluindo os atores Alec Baldwin, Joaquin Phoenix, Leonardo DiCaprio, Mark Ruffalo, Sigourney Weaver, Jane Fonda, Orlando Bloom, e os cantores Roger Waters e Katy Perry. Do lado brasileiro, firmaram a carta Caetano Veloso, Fernando Meirelles, Walter Salles, Marisa Monte, Sonia Braga e Wagner Moura, entre outros.
“Desde que Bolsonaro assumiu o cargo a legislação ambiental foi sistematicamente enfraquecida e as taxas de desmatamento triplicaram. As terras indígenas, que são as mais protegidas da Amazônia, foram invadidas, desmatadas e queimadas impunemente”, diz a carta.
“Estamos preocupados que seu governo possa estar negociando um acordo para proteger a Amazônia com Bolsonaro neste momento”, diz a mensagem. “Pedimos que o senhor (Biden) continue o diálogo com povos indígenas e comunidades tradicionais da Bacia Amazônica, com governos subnacionais e a sociedade civil antes de anunciar qualquer compromisso ou liberar qualquer fundo”, conclui o texto.
Na mensagem assinada por nomes como Camilo Santana (CE), João Doria (SP), Flávio Dino (MA), Ronaldo Caiado (GO), Wilson Lima (AM) e Mauro Mendes (MT), os líderes dos executivos estaduais se colocam como porta de entrada para compartilhar ações de combate ao desmatamento e redução de emissões de gases estufa.
“Nossos Estados possuem fundos e mecanismos criados especialmente para responder à emergência climática, disponíveis para aplicação segura e transparente de recursos internacionais, garantindo resultados rápidos e verificáveis”, escreveram os 23 governadores.
Apenas os gestores estaduais Carlos Moisés (SC), Coronel Marcos Rocha (RO), Antonio Denarium (RR) e Ibaneis Rocha (DF) não assinaram o documento.
Ex-ministros dos governos de Fernando Henrique Cardoso e de Luiz Inácio Lula da Silva, ao lado de sociólogos, cientistas políticos, economistas e professores assinaram outra carta ao Biden.
Membros da Comissão Arns de Direitos Humanos ressaltaram, em mensagem enviada ao presidente norte-americano também nesta terça-feira, o protagonismo que o Brasil já teve em medidas de proteção ambiental, mas lamentaram que essas conquistas têm se revertido em prejuízos com Bolsonaro.
Pressão
Desde que assumiu o cargo de presidente dos Estado Unidos, Joe Biden vem sendo cobrado a endurecer as negociações com Bolsonaro. Em abril, cerca de 200 ONGs ligadas ao meio ambiente enviaram uma mensagem ao norte-americano com críticas às negociações feitas “a portas fechadas” com o Brasil sobre a Amazônia. “Não é razoável esperar que as soluções para a Amazônia e seus povos venham de negociações feitas a portas fechadas com seu pior inimigo.”, diz o documento.
Biden tem sido pressionado até por membros do próprio partido. Na semana passada, também em carta enviada à Casa Branca, senadores democratas afirmaram que Bolsonaro “não demonstrou nenhum interesse sério” em proteger a Amazônia. A mensagem foi assinada por 15 senadores, entre eles Bernie Sanders, Elizabeth Warren e Robert Menendez.
Há duas semanas, a Coalizão Brasil Clima, Florestas e Agricultura, movimento que reúne mais de 280 empresas e instituições representantes do agronegócio, meio ambiente, setor financeiro e academia, enviou uma carta a Bolsonaro para cobrar metas mais ambiciosas.
O Palácio do Planalto foi questionado sobre as manifestações citadas nesta reportagem, mas não deu uma resposta.
Fonte: Estadão
miseria.com.br
22.04.2021