Autor - Clara Menezes
“Até pra falar que meu tio morreu é complicado, porque, na verdade, ele não morreu completamente. Ele saiu daqui do meio da gente, está no outro andar, mas deixou um legado muito especial. A gente, em todos os sentidos, está responsável para seguir com tudo isso que ele deixou”, afirma Joquinha Gonzaga, acordeonista e sobrinho de Luiz Gonzaga, em entrevista à CBN Cariri. Há 32 anos, falecia o Rei do Baião, em decorrência de uma parada cardiorrespiratória.
Considerado um dos nomes de maior importância da música popular brasileira, o cantor e compositor deixou um legado extenso, que reflete em todos os lugares do Brasil. Em Exú, no interior de Pernambuco, a população realizou várias homenagens neste domingo, 1º de agosto, para celebrar a história de seu morador mais popular.
“Ontem fizemos missa, novena, teve forró... Aqui, todo mundo tá contando a história do Luiz Gonzaga. O Nordeste todo tá fazendo isso. O Brasil todo tá fazendo isso. Acho que Luiz Gonzaga é um artista especial, que jamais vamos ter outro igual”, complementa Joquinha.
Sempre acompanhado da sanfona, da zabumba e do triângulo, ele foi responsável por popularizar o forró. Com dezenas de discos e centenas de músicas lançadas em vida, tem títulos como “Asa Branca”, “Olha Pro Céu”, “O Xote das Meninas”, “A Morte do Vaqueiro” e “A Vida de Viajante”. Em suas letras, levava as realidades nordestinas para as outras regiões do País.
Sobre sua história, livros foram publicados e filmes foram divulgados. Um dos mais conhecidos é “Gonzaga: De Pai Para Filho”, dirigido por Breno Silveira. O enredo mostra a história pessoal e profissional de Gonzagão, além de focar na distância entre ele e o filho Gonzaguinha (1945 - 1991). Os dois chegaram a viajar juntos para se apresentarem na turnê “A Vida do Viajante”, em meados da década de 1980.
Mas, três décadas depois de seu falecimento, suas influências continuam a ecoar entre os músicos brasileiros, principalmente, do forró. “Fico muito feliz de ver essa turma toda, como o Jorge de Altinho e O Trio Nordestino, fortalecendo aquilo que ele deixou pra gente”, afirma o sobrinho.
Apesar disso, Joquinha cita sua tristeza com algumas pessoas que utilizam o gênero musical somente para se promover: “Fico muito chateado também quando vejo pessoas usando o nome de forró para se engrandecer, mas sem levar o legítimo forró pra frente do povo. Mas a gente fica na luta, provando que o forró é assim, é sanfona, zabumba e triângulo”.
opovo.com.br
03.08.2021