Desde o lançamento, o sucesso do Pix foi consolidado entre pessoas físicas, que respondem por 93,4% dos usuários cadastrados atualmente. Já entre empresas, a adesão foi mais lenta, com 7,4 milhões (6,57% dos usuários).
Segundo a autoridade monetária, isso ocorre porque os comerciantes precisam adaptar os sistemas para receber com Pix. Ainda assim, em números absolutos, o número de empresas cadastradas cresce a cada dia. Em janeiro, eram 3,98 milhões de estabelecimentos registrados.
De acordo com pesquisa feita pelo Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae), 8 em cada 10 negócios pequenos usam o novo meio de pagamento. “Negócios menores tiveram mais facilidade para implementar recebimento com Pix porque os sistemas de gestão de caixa são menos complexos. A adoção por trabalhadores autônomos, por exemplo, foi quase instantânea”, avalia Carlos Netto, presidente da Matera, empresa de tecnologia para o mercado financeiro.
Vivaldo Gonçalves dos Santos, 60, vende água de coco na área central de Brasília e adotou o novo sistema dois meses após o lançamento. “Fiquei desconfiado e quis esperar para ver se ia dar certo. Hoje, metade das minhas vendas são feitas com Pix”, conta.
Kayllan Jorge Rodrigues, 26, é dono de uma loja de eletrônicos no Sudoeste, bairro na região central de Brasília, e relata que 20% das suas vendas são feitas com Pix. Em contrapartida, desde o lançamento da nova ferramenta, caíram em 30% os recebimentos em dinheiro.
“O principal meio de pagamento ainda é cartão, mas acredito que a tendência é de crescimento do uso do Pix, porque tem vantagem para quem paga e para quem recebe”, afirma.
Até outubro, 348 milhões de chaves estavam cadastradas no Pix. Uma pessoa pode fazer até cinco chaves por conta e uma empresa, até 20. Na prática, quem faz o cadastramento das chaves não precisa informar todos os seus dados na hora de transferir dinheiro ou pagar pelo Pix. A pessoa precisará apenas falar a chave cadastrada (CPF, email ou número de celular, por exemplo).
Ao todo, o sistema tem 227 milhões de contas cadastradas. Em pouco tempo, o Pix se tornou um dos meios mais usados para transferências de recursos e ultrapassou os tradicionais DOC (Documento de Ordem de Crédito) e TED (Transferência Eletrônica Disponível). Desde o lançamento, o Pix movimentou R$ 3,9 trilhões.
Novas funções devem ser lançadas
Desde novembro de 2020, o Pix tem integrado novas funcionalidades, como o Pix cobrança, que é semelhante ao boleto, com vencimento futuro. A ferramenta, que teve implementação adiada três vezes, começou a ser oferecida em 14 de maio. O cronograma para inclusão de outras utilidades é extenso. Em 29 de novembro, o Pix saque e o Pix troco devem começar a funcionar.
Ambos possibilitarão a retirada de recursos em espécie, mas o Pix Saque é uma transação exclusivamente para saque e o Pix Troco está associado a uma compra ou prestação de serviço. No último caso, ao adquirir um produto, por exemplo, o cliente passa um valor superior para receber o restante em dinheiro.
Outras funções, como débito em conta e pagamento offline, também devem ser lançadas nos próximos meses. Para Marcelo Martins, diretor da Associação Brasileira de Fintechs (ABFintechs), é impossível prever as futuras inovações que deverão surgir dentro do novo modelo. “Vai depender das necessidades dos usuários. A agenda de inovação não tem fim”, destaca.
Uso com finalidades inusitadas
No início, o Pix ganhou funções inusitadas, como de rede social e de paquera. Muitos passaram a usar o sistema para envio de pequenos valores como forma de mandar mensagem. “Não imaginávamos, por exemplo, que as pessoas usariam um meio de pagamento para esse fim”, afirma o diretor da ABFintechs, Marcelo Martins.
Com o boom de crimes envolvendo o Pix, o BC implementou medidas de segurança para reduzir a vulnerabilidade do sistema às ações de criminosos em fraudes e outros crimes. Foi determinado, por exemplo, o limite de R$ 1.000 para operações em canais digitais, como Pix e TED, entre pessoas físicas à noite.
Fonte: O Tempo
miseria.com.br
16.11.2021