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Brasil bate recorde nos casos de agressões contra jornalistas em 2021, diz Fenaj

Brasil bate recorde nos casos de agressões contra jornalistas em 2021, diz Fenaj

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Um dos ataques partiu de um segurança do presidente Jair Bolsonaro, em Itamaraju (BA), no dia 12 de dezembro (foto: Reprodução/GloboNews).
Relatório aponta maior número de ocorrências desde 1990, primeiro ano de divulgação da pesquisa.

Autor Luciano Cesário

Em 2021, o Brasil registrou recorde no número de ataques contra jornalistas. Segundo relatório divulgado pela Federação Nacional dos Jornalistas (Fenaj), nesta quinta-feira, 27, foram contabilizadas 430 ocorrências, duas a mais do que as estatísticas de 2020 (428). A quantidade de casos do ano passado é a maior desde 1990, quando a entidade iniciou a pesquisa.

Segundo o levantamento, a maioria dos ataques está relacionado a episódios de censura (140). Em seguida, descredibilização da imprensa (131), agressões verbais ou virtuais (58), ameaças ou intimidações (33) e agressões físicas (26). Houve ainda quatro atentados, um caso de racismo e até um assassinato. Os jornalistas do sexo masculino são maioria entre as vítimas (55,89%).

A presidente da Fenaj, Maria José Braga, ressaltou que essa foi a primeira vez desde o começo do levantamento que os casos de censura lideraram o total de ocorrências. Segundo ela, “os episódios foram registrados majoritariamente dentro dos veículos da Empresa Brasil de Comunicação (EBC)'', administrada pelo Governo Federal.

“Essa instituição deveria ser paradigma de qualidade na produção jornalística mas, infelizmente, com o Governo Bolsonaro, os profissionais passaram a ser cerceados no seu trabalho”, criticou Braga.

Agressões por categoria
Agressões por categoria (Foto: reprodução/Fenaj)

No recorte por Regiões, a maior parte dos casos se concentra no Centro-Oeste (56,90%). Na sequência, aparece o Sudeste (23,23%) e o Nordeste (8,42%). Sul e Norte respondem, respectivamente, por 6,85% e 5,39% das ocorrências. Considerando o resultado por Unidades da Federação, o Distrito Federal, sede do Poder Executivo Federal, foi o recordista de casos, com 150 ocorrências, número que corresponde a mais da metade dos registros (56,90%). No Ceará, foram três ocorrências.

A pesquisa também mostra, por categoria, o perfil dos principais responsáveis pelos ataques. No topo da lista aparece o presidente Jair Bolsonaro, envolvido em 147 casos (34,19%). Em entrevistas a jornalistas, no ano passado, o presidente usou adjetivos como “canalha”, “quadrúpede”, “picaretas”, “idiota” para se referir aos profissionais.

“A continuidade das violações à liberdade de imprensa no Brasil está claramente associada à ascensão de Jair Bolsonaro à Presidência da República”, afirmou a presidente da Fenaj.

Depois de Bolsonaro, dirigentes da EBC (33,02%), políticos e assessores (9,30%), apoiadores do presidente da República (4,65%) e internautas/hackers (3,49%) figuram no rol dos responsáveis pelos ataques. Os profissionais da TV são os mais agredidos (25,47%), seguidos dos da mídia digital (11,93%) e jornal (8,94%). O levantamento ainda mostra que houve, pelo menos, 138 casos de “restrições à liberdade de imprensa” contra profissionais da EBC.

Com as eleições presidenciais previstas para outubro deste ano, a dirigente da Fenaj disse temer um aumento nos casos violência contra os profissionais da imprensa. Ela cobrou ao Congresso Nacional que agilize a tramitação do projeto de lei de federalização da apuração dos crimes contra jornalistas, além de solicitar do Poder Público a elaboração de protocolo padrão para a atuação das polícias nos casos de violência contra a categoria.

opovo.com.br

28.01.2022