Mas, afinal, o que é a doença que Guta foi diagnosticada e como ela se propaga no corpo humano?
O que é a esclerose múltipla?
Conforme a Associação Brasileira de Esclerose Múltipla (Abem), trata-se de uma “doença neurológica, crônica e autoimune”. Isto é, quando as células de defesa do organismo “atacam o próprio sistema nervoso central”, o que pode provocar lesões cerebrais e medulares.
A esclerose múltipla costuma atingir pessoas que estão entre a faixa etária de 20 e 40 anos de idade, sendo a incidência maior entre as mulheres.
Ainda de acordo com a Abem, não se trata de uma doença mental contagiosa; também não é suscetível de prevenção e não tem cura. O tratamento, no entanto, consiste em atenuar os sintomas e desacelerar a progressão da doença.
Quais são os sintomas?
O Hospital Israelita Albert Einstein lista como os sintomas mais comuns da esclerose múltipla:
- Fadiga (fraqueza ou cansaço);
- Parestesias (dormências ou formigamentos); nevralgia do trigêmeo (dor ou queimação na face);
- Neurite óptica (visão borrada, mancha escura no centro da visão de um olho – escotoma – embaçamento ou perda visual), diplopia (visão dupla);
- Perda da força muscular, dificuldade para andar, espasmos e rigidez muscular (espasticidade);
- Falta de coordenação dos movimentos ou para andar, tonturas e desequilíbrios;
- Dificuldade de controle da bexiga (retenção ou perda de urina) ou intestino;
- Problemas de memória, de atenção, do processamento de informações (lentificação);
- Alterações de humor, depressão e ansiedade.
Como a esclerose múltipla pode ser classificada?
Segundo a Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), a esclerose múltipla pode ser categorizada em quatro tipos:
1- Esclerose múltipla recorrente-remitente (EMRR) - É a forma mais comum da doença, representando 85% dos diagnósticos. É caracterizada por surtos (sintomas clínicos que ocorrem em episódios) bem definidos, que duram dias ou semanas e depois desaparecem, com recuperação completa ou sequelas permanentes.
2 - Esclerose múltipla primária progressiva (EMPP) - Afeta apenas 10% dos pacientes e é caracterizada por início lento e piora constante dos sintomas. Há um acúmulo de déficits e incapacidades que podem se estabilizar ou continuar por meses e até anos.
3 - Esclerose múltipla secundária progressiva (EMSP) - Começa com o curso da doença recorrente-remitente, seguido pelo desenvolvimento de uma incapacidade progressiva que muitas vezes inclui mais surtos e nenhum período de remissão (fase na qual não há atividade da doença).
4 - Esclerose múltipla progressiva recorrente (EMPR) - Tipo mais raro da doença, acomete aproximadamente 5% dos pacientes. Caracteriza-se por declínio neurológico constante desde o início, com surtos agudos claros. Pode ou não haver recuperação após os surtos, mas a doença continua a progredir sem remissões.
Como funciona o tratamento?
De acordo com a Fiocruz, ainda que não haja cura, existem tratamentos que diminuem a ocorrência dos surtos e reduzem a gravidade, assim como reduzem o grau de incapacidade, melhorando a qualidade de vida dos pacientes.
A Abem explica que os tratamentos medicamentosos disponíveis no mercado devem ser feitos com o suporte de um médico neurologista e têm como objetivo reduzir a atividade inflamatória e os surtos ao longo dos anos.
Medicamentos imunomoduladores: são utilizados para reduzir a atividade inflamatória;
Medicamentos imunossupressores: reduzem a atividade ou eficiência do sistema imunológico que, no caso da esclerose múltipla, está ligado diretamente à doença;
Pulsoterapia (administração de altas doses por curtos períodos de tempo) com corticoides sintéticos e interferons: utilizados no tratamento para a redução dos surtos.
Guta Stresser informou que o remédio utilizado é obtido por meio do Sistema Único de Saúde (SUS). “São remédios raros, difíceis de encontrar e caros. É super importante que as pessoas saibam que não é porque eu sou a Guta Stresser que eu consegui o remédio do SUS que é caríssimo”, declarou ao "Fantástico".
Vale ressaltar que, além dos medicamentos, é importante realizar exercícios físicos, sob acompanhamento de um fisioterapeuta. A depender do caso, o paciente também pode precisar do apoio de psicólogo, nutricionista e fonoaudiólogo.
opovo.com.br
28.06.2022