Autor Euziane Bastos
Nos próximos dias 18 a 22 de julho, representantes de Fortaleza participam da 14ª Edição da Conferência Anual da Rede de Cidades Criativas da Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco). O evento ocorre na cidade de Santos, em São Paulo. Esta é a primeira vez que um país da América Latina sedia o evento, que tem como tema "Criatividade, Caminho para a Igualdade".
A Capital cearense participa da rede Cidades Criativas desde o final de 2019 e possui o selo de cidade criativa em design, mas essa será a primeira vez participando do evento, pois as duas edições anteriores não ocorreram devido à pandemia de Covid-19.
A partir da temática proposta, os representantes de diversos países refletirão coletivamente sobre oportunidades compartilhadas para implementar estratégias e iniciativas de desenvolvimento sustentável em convergência com as áreas prioritárias da Unesco. "Ao longo da semana, os delegados das cidades criativas da Organização terão a oportunidade de fazer intercâmbio de boas práticas e desenvolver projetos colaborativos significativos, além de participar de discussões sobre o tema", diz o diretor-geral assistente de cultura da Unesco, Ernestto Ottone.
No Brasil, apenas 12 cidades possuem o selo de cidade criativa. São elas: Santos (Cinema), Paraty (Gastronomia), Belém (Gastronomia), Belo Horizonte (Gastronomia), Brasília (Design), Campina Grande (Artes de Mídia), Curitiba (Design), Florianópolis (Gastronomia), Fortaleza (Design), João Pessoa (Artesanato e arte popular), Recife (Música) e Salvador (Música).
Fortaleza, atualmente é a coordenadora da rede nordeste de cidades criativas. Para o vice-prefeito da Capital, Élcio Batista, esse é um ativo fundamental porque essa coordenação faz com que todo o planejamento de como as cidades trabalharão as chancelas e de como contribuirão para estabelecer um sistema de troca entre uma cidade e outra seja discutido amplamente, além de promover Fortaleza entre a rede mundial.
Batista acredita que, por meio da linguagem do design, outras áreas possam ser desenvolvidas simultaneamente. “O design é uma linguagem transversal e dialoga com muitas outras, como o cinema, a música, a gastronomia, a literatura…Então é uma linguagem que permite que você possa fortalecer toda a economia criativa, todas as linguagens”, afirma.
Segundo informações no site da Organização, a economia criativa é o motor do desenvolvimento econômico e social de Fortaleza, com 914 empresas na área da indústria criativa. A metrópole abriga 23% dos estabelecimentos de design do Nordeste, e o setor movimenta US$ 135 milhões para a região, o que representa 0,9% da economia da cidade.
Foram escolhidos como representantes de Fortaleza na conferência dois responsáveis pelo projeto "Fortaleza, Cidade Criativa", sendo um deles o designer Alberto Gadanha, que trabalha na vice-prefeitura da Capital.
Participam também da conferência gestores públicos de centenas de cidades, dos cinco continentes, como Quebec (Canadá), Istambul (Turquia), Jacarta (Indonésia), Dacar (Senegal), Seul (Coreia do Sul), Milão (Itália), Bristol (Inglaterra) e Guadalajara (México), entre outras.
Criatividade, caminho para a igualdade
O foco das seis Sessões Transversais programadas para o encontro são: África e SIDS (Pequenos Estados Insulares em Desenvolvimento); Igualdade de Gênero, Juventude e Grupos Marginalizados; Resiliência Climática; Cooperação Internacional; Inovação e Tecnologia, e Recuperação Pós-Pandêmica.
Ao final da conferência, uma publicação inédita, intitulada “Resposta das Cidades Criativos da Unesco à Covid-19: da ação imediata à recuperação a longo prazo”, que reúne soluções urbanas práticas de cerca de 90 cidades-membro em mais de 40 países, será lançada.
Rede Cidades Criativas
A Rede Cidades Criativas abrange cidades detentoras do selo da Unesco, que também se chama Cidade Criativa. Ela foi criada em 2004 para promover a cooperação com e entre locais que identificam a criatividade como um fator estratégico para o desenvolvimento urbano sustentável.
Atualmente, essa Rede é composta por 246 cidades de mais de 80 Estados-membro da Unesco. Ao todo, existem sete áreas criativas as quais as cidades podem ser associadas: cinema, música, literatura, artesanato, design e gastronomia.
Conjunto de iniciativas
Visando fortalecer a cultura do design na Capital, a Prefeitura possui uma lista extensa de iniciativas que pretende por em prática ao longo dos anos até 2024. "A gente tem vários projetos que estão sendo colocados em prática e que, inclusive, foram apresentados no caderno de encargos para a Unesco obter o selo de cidade criativa", fala o vice-prefeito Élcio Batista.
- A criação dos distritos de design da Praia de Iracema;
- A jornada de design transversal (que ia ser realizada no passado, mas que acabou ficando para este ano por causa da pandemia);
- O apoio ao conjunto de capacitações, sobretudo dentro da rede Cuca e na área de design;
- A inauguração, prevista para o segundo semestre de 2022, do Centro de Design do Ceará na Estação das Artes;
- A abertura da "Casa 97", um tipo de residência para designers do mundo inteiro que irão vir para a Cidade trabalhar, capacitar-se e produzir durante seis meses.
"A economia criativa é um veículo importante para o desenvolvimento das cidades no Brasil e no mundo; e ela se conecta com o turismo, por exemplo. Mais de 70% da economia da cidade de Fortaleza, direta e indiretamente, envolve os designers, embora, quando olhemos para os relatórios, esse número não passe de 9%, 10% do PIB", argumenta o vice-prefeito.
opovo.com.br
18.07.2022
