Autor Beatriz Cavalcante
O Ceará apresentou o segundo maior contingente de estagiários do Nordeste em 2021, com 32,4 mil pessoas, atrás apenas da Bahia, com 41,6 mil.
Os dados são do Centro de Integração Empresa-Escola (CIEE), no estudo Estagiários no Brasil, elaborado pela consultoria Tendências, e foram apresentados nesta quarta-feira, 10 de agosto. A base do levantamento é o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
Na distribuição geográfica do estágio em 2021, o Brasil contava com cerca um estagiário para cada três estudantes desocupados acima de 16 anos. Ao todo, eram 707,9 mil estagiários no País.
Deste montante, o CIEE exibiu uma média anual de 237.049 estagiários ou 33,5% do total.
Humberto Casagrande, CEO do CIEE, frisa que o número de aprendiz no Brasil é mais fácil de captar, pois consta nos dados do Governo Federal, ao contrário do número de estagiários.
Ele destaca a importância dos jovens estudantes, que hoje somam 48,3 milhões no Ensino Médio, Fundamental e Superior (aqui com 8 milhões). Deste montante, detalha que aproximadamente apenas 1,2 milhão exercem alguma atividade de trabalho.
"Não é possível que os nossos jovens sejam relegados ao segundo plano, não constem de nenhuma plataforma de de governo, nenhuma formação, nenhum recurso destinado especificamente nos nossos orçamentos públicos", critica.
Veja a quantidade de estagiários no Brasil por Região
- Sudeste: 298.492 estagiários
- Nordeste: 156.202 estagiários
- Sul: 135.424 estagiários
- Centro-Oeste: 72.833 estagiários
- Norte: 44.952 estagiários
Histórico do estágio no Brasil
No histórico do estágio no Brasil, o estudo relata que o acúmulo de desequilíbrios econômicos, como aumento do déficit fiscal, déficit externo e inflação no teto da meta, associado à crise política e aos desdobramentos da operação Lava-Jato, resultou em contração do contingente de estagiários em 2016.
Depois, houve recuperação entre os anos 2017 e 2019, e a consultoria frisou que o número de estagiários reduziu significativamente em 2020, frente aos impactos econômicos da pandemia da Covid-19.
Mas, já há impacto da retomada da atividade econômica, com o avanço da vacinação e a flexibilização do isolamento social, associados à demanda reprimida de consumo das famílias por bens e serviços, e o levantamento avalia "maior dinamismo à expansão do número de estagiários."
Com isso, o contingente de estagiários chegou a 726.610 pessoas no País no prineiro trimestre de 2022, superando em 18,2% o núnero de igual período de 2021.
"A melhora recente no mundo do trabalho brasileiro, com expansão da população ocupada, é fruto de uma volta à normalidade debilitada do pré-pandemia, e não uma mudança em sua dinâmica", alerta o estudo, acrescentando que o retorno às condições registradas no pós-recessão de 2015-16 mantém o quadro de alta ociosidade.
Expectativa para o estágio em 2022 e 2023
Para este ano, a pesquisa estima alta da quantidade de estagiários em 13,3% e de 8,6% em 2023, impulsionado tanto pela base de comparação reduzida quando pela recuperação de setores econômicos intensivos em trabalho, como os serviços às famílias.
Juntamente a esse avanço, é prevista a ampliação da população desocupada neste segundo semestre de 2022, "frente aos impactos defasados do aperto monetário em curso, das incertezas políticas internas e da desaceleração global, bem como do encerramento definitivo do Programa BEm pelo Governo Federal".
Renda familiar dos estagiários no Brasil
- 4% - Classe A - Renda mensal domiciliar superior a R$ 22,5 mil
- 17,9% - Classe B - Renda mensal domiciliar entre R$ 7,2 mil e R$ 22,5 mil
- 37,7% - Classe C - Renda mensal domiciliar entre R$ 3 mil e R$ 7,2 mil
- 40,4% - Classes D/E - Renda mensal domiciliar até R$ 3 mil