Autor Maria Eduarda Andrade
a manhã deste domingo, 30, a capivara Filó, que havia sido entregue ao Ibama pelo influenciador Agenor Tupinambá na quinta-feira, 27, foi devolvida a ele após decisão da Justiça Federal do Amazonas.
De acordo com o juiz federal Márcio André Lopes Cavalcante, o influenciador pode ficar com a capivara desde que informe ao juízo de forma periódica as condições de saúde do animal, como também não se oponha ou dificulte o acesso de órgãos ambientais para a fiscalização do animal.
Caso Filó: entenda como tudo começou
Nas últimas semanas, a campanha “Filó Livre” tomou conta das redes sociais. O motivo: Agenor, conhecido por ter uma capivara de estimação, Filó, compartilhou com os seus mais de 2 milhões de seguidores que havia sido denunciado ao Ibama.
Segundo nota no Instagram do influenciador, ele estaria sendo autuado pelo órgão com acusações de maus-tratos animais. Por manter a capivara em sua casa sem autorização, foi multado em R$ 17 mil. E também obrigado a apagar vídeos com o animal e entregá-lo a um centro de reabilitação, para que fosse feita sua reintrodução na natureza.
O tiktoker Agenor ganhou visibilidade em fevereiro deste ano, após começar a publicar em suas plataformas digitais vídeos com os animais que criava, incluindo a capivara Filó. Natural de Autazes, no Amazonas, o fazendeiro foi autuado pelo Ibama no dia 18 de abril, o que fez com que o influenciador compartilhasse sua situação com o órgão público em seu perfil no Instagram.
Após publicação feita por Agenor alcançar um grande público rapidamente na internet, o assunto abriu um grande debate no ambiente virtual. Com a repercussão, o tiktoker ganhou apoio dos seguidores e de personalidades como a deputada estadual amazonense Joana D’Arc (União Brasil), que passou a acompanhar o caso após a autuação.
Com o apoio e a adesão de pessoas em defesa do influenciador após o animal ter sido resgatado pelo Ibama, o órgão começou a sofrer represálias com manifestações em frente à sede em Manaus. O Ibama se manifestou no último dia 19, e afirmou que "animal silvestre não é pet".
Caso Filó: distorções, influência e perigos com zoonoses
Para entender as problemáticas e as ações tomadas pelo Ibama, O POVO conversou com duas zootecnistas formadas pela Universidade Federal do Ceará (UFC). Taíse Praxedes e Emanuella Sampaio pontuam quais os malefícios que a criação de animais silvestres pode ocasionar.
Taíse explica que, para além da divulgação pelas redes sociais, o conteúdo produzido pelo influenciador Agenor Tupinambá é problemático por diversos fatores, incluindo a sugestão distorcida para que outras pessoas queiram criar animais silvestres sem autorização, o que é contra a lei.
"Isso pode acarretar várias problemáticas, principalmente se o conteúdo mostrado é algo inadequado e sem orientação. Nesse caso, a humanização e a romantização da domesticação do animal de vida livre", explica. "Sempre tem que haver cautela quando ocorre divulgação de conteúdos envolvendo animais silvestres, pois aquele conteúdo pode influenciar milhares de pessoas".
Emanuella faz o alerta quanto à saúde tanto dos animais quanto dos humanos que vivem com eles, que buscam criá-los: "Além da capivara ser um animal silvestre, que deve ter seu comportamento respeitado, existem as zoonoses. Por serem animais que não são vacinados, existem doenças que podem ser passadas para os humanos e vice-versa".
opovo.com.br
01.05.2023