Autor Filipe Pereira
Líder do PT na Assembleia Legislativa do Ceará (Alece), o deputado De Assis Diniz comentou a relação de desgaste entre o presidente da Casa, Evandro Leitão, e o seu partido, o PDT. Ao defender novamente a candidatura do parlamentar disputa à Prefeitura de Fortaleza em 2024 e sua filiação ao PT, o petista afirmou que Evandro "já foi colocado para fora" pelo seu partido desde o pleito do ano passado.
"O Evandro não era o candidato a presidente da Assembleia pelo PDT. Some aí quatro fatores. Não é que o Evandro está saindo. O Evandro já foi colocado para fora (...) O Evandro tem sido perseguido pelo PDT. Fundo partidário, zero. Tempo de televisão, mínimo. Composição na direção do partido, nenhuma. Isso representa que o PDT já colocou Evandro para fora. Então é natural que ele bata e diga, vamos negociar, eu quero carta de anuência. PDT, vamos conversar aqui", destacou De Assis.
O deputado avaliou a eventual candidatura como “oportunidade ímpar” para Evandro. “Se ele optar por um caminho, legítimo também, lamentamos, mas nós somos um projeto político, um projeto partidário. O PT vai ter candidatura própria”, destacou. Segundo parlamentar, o presidente da Alece possui "identidade com o PT" e maioria parlamentar em defesa do seu nome para 2024.
"Nós temos que reconhecer o papel do presidente Evandro na eleição de 2022. Sua lealdade, seu compromisso e a sua identidade com o PT. Nós não estamos falando alguma coisa estranha no mundo partidário de relações no Parlamento, no governo, seja com o Camilo governador, seja com Elmano governador. Nós estamos falando de uma pessoa que tem uma base programática com o PT", avaliou o líder petista.
As articulações para filiação de Evandro ao PT vem ganhando força na Alece. Um grupo de deputados promoveu almoço na última quinta-feira, 27, para discutir o tema. O assunto foi discutido em no gabinete do deputado Júlio César Filho (PT). A discussão envolveria até o Senado em 2026, quando duas vagas estarão em disputa.
Estiveram presentes no encontro diversos nomes, entre alguns estão os deputados: Romeu Aldigueri (PDT), líder do governador Elmano de Freitas na Alece, Júlio César Filho (PT), presidente da CCJ, De Assis e Osmar Baquit. Também participou o ex-deputado e agora presidente da Ceasa, Tin Gomes (PDT).
O bloco tem agora o desafio de dialogar com nomes que já vem sendo cotados para disputar, pelo PT, a sucessão do prefeito José Sarto (PDT). De Assis destacou que, para além do Legislativo, o próximo passo será promover debates com todas as instâncias partidárias.
"Ouvir o governador Elmano e o ministro Camilo é fundamental, porque o Camilo hoje é a maior liderança política do estado do Ceará. Com a Luizianne, que é a candidata que tem ao longo das últimas eleições disputado todas. Aí vamos discutir, vamos ver qual é menor taxa de rejeição, quem é que consegue ampliar, quem é que consegue fazer a maior adesão e, nesta discussão, nós estamos fazendo uma aposta, uma aposta em construir", completou o deputado.
Evandro Leitão tem manifestado insatisfação em relação ao PDT, que em recente decisão da direção municipal manifestou oposição ao Governo do Ceará. Um grupo de pedetistas aliados ao ex-prefeito Roberto Cláudio responsabilizam o deputado pela derrota do PDT nas eleições estaduais em 2022, onde o presidente da Alece manifestou apoio ao atual governador Elmano de Freitas.
O deputado Antônio Henrique (PDT), membro do bloco de oposição ao Executivo estadual, defende que apoio à reeleição de Sarto deveria ser entendida como natural entre os filiados do partido.
"Eu como afiliado e defensor do nosso partido não vejo o motivo pelo qual nós fazermos algum tipo de movimento que não seja de apoiar o prefeito Sarto e continuar com o projeto que ele vem conduzindo muito bem a nossa cidade. Nosso prefeito é do partido, tem direito a reeleição, nada o proíbe, então acredito que o apoio deve ser dado a ele, e não outro membro do partido que queira disputar essa cadeira", disse o parlamentar.
Na avaliação do deputado Cláudio Pinho (PDT), também aliado de RC e Sarto, a movimentação "não vem de hoje", e "já foi fruto da eleição de governador".
"O partido apresentou um candidato e ele [Evandro] apoiou outro candidato. Ele saiu vitorioso e esse grupo espera receber ele no PT. Na questão partidária ele vai fazer a opção se deve ficar no PDT ou não", destacou.
opovo.com.br
04.05.2023