Ceará comemora 15 anos de transplante de medula óssea com mais de 760 procedimentos realizados - Cariri Ativo - A Notícia Com Credibilidade e Imparcialidade
Anúncio

Ceará comemora 15 anos de transplante de medula óssea com mais de 760 procedimentos realizados

Ceará comemora 15 anos de transplante de medula óssea com mais de 760 procedimentos realizados

Compartilhar isso

 

Evento no Hemoce, em Fortaleza, marcou a data com celebração e homenagens

No dia 26 de setembro de 2008, o Ceará realizou o primeiro transplante de medula óssea na rede pública de saúde. Os 15 anos dessa história de cooperação, inovação e solidariedade foram celebrados na manhã desta terça-feira (26), em solenidade realizada no Centro de Hematologia e Hemoterapia do Ceará (Hemoce), em Fortaleza.

Estiveram presentes na ocasião, profissionais da saúde, pacientes transplantados, e a titular da Saúde do Ceará, Tânia Mara Coelho, entre outros gestores públicos. Na oportunidade, profissionais que fazem parte dessa trajetória foram homenageados.

DNA solidário e inovador

O transplante de medula óssea é um tipo de tratamento indicado para algumas doenças que afetam as células do sangue. No Ceará, os procedimentos na rede pública são resultado da parceria entre o Hemoce, vinculado à Secretaria da Saúde, e o Hospital Universitário Walter Cantídio (HUWC), da Universidade Federal do Ceará (UFC).

O hemocentro cearense realiza a triagem de candidatos, testes de compatibilidade, exames e coleta da medula por aférese. Também é feita a coleta células para transplante alogênico não aparentado em pacientes de outros estados e países. Até agosto deste ano, já foram feitas 110 coletas, sendo 63 para transplante de medula óssea em outros estados e 47 para outros países (Estados Unidos, França, Itália, Portugal, Canadá, Argentina, Holanda e Turquia).

A cooperação entre Hemoce e HUWC já atingiu a marca de 769 transplantes de medula óssea realizados até o momento. O Ceará tem uma média de sobrevida dos pacientes transplantados de 95,3%, superior à média nacional, que atualmente é de 90%, de acordo com a Organização Mundial de Saúde.

Esperanças

Em 2014, foi dado outro importante passo nessa trajetória. O Hemoce e o Hospital Walter Cantídio começaram a realizar o transplante alogênico, no qual a medula é de outro indivíduo. Antes eram realizados transplantes autólogos (com medula do próprio paciente).

O agricultor Francisco Erisleudo Brito, 37, natural de Quixeré, fez questão de estar em Fortaleza para celebrar a data. Ele foi diagnosticado com leucemia e, em 4 de setembro de 2014, passou por transplante alogênico aparentado no HUWC. “Eu sempre botei na cabeça que eu não estava doente. Sou otimista, tenho fé e vontade de viver. Sou a prova viva disso. Eu só tenho um irmão e ele foi compatível comigo. Primeiramente, tenho agradecer a Deus, meu irmão e a quem me apoiou. Agora, faço acompanhamento de seis em seis meses”, disse.

Outra paciente é Cícera Martins, 50, do Crato, que há seis meses foi transplantada. “Eu fui diagnosticada com uma síndrome mielodisplásica. Eu tenho a melhor equipe de médicos. Aparecem umas médicas competentes e cheias de amor e carinho. As recepcionistas também são pessoas lindas. Eu amo todos do Hemoce e Walter Cantídio”, expressa.

O processo de tratamento aproxima pacientes,famílias e as equipes, criando uma rede vital para a cura. Exemplo disso é o D+ Vida, grupo de apoio criado pelas pacientes transplantadas Naiane Monteiro, Letícia Mota e Ingrid de Castro. “A rotina de hospital sempre deixa os pacientes mais ansiosos. Nós não entendemos a razão de certos procedimentos. Mas, quando temos sorte de sermos atendidos por uma equipe capaz, dedicada, atenciosa e, sobretudo, humana, toda a ansiedade passa”, revela.

Parceria que se fortalece

A titular da Sesa, Tânia Mara Coelho, reforça que o Ceará é referência nacional em transplantes, incluindo medula óssea. Nesse sentido, o Estado atua para ampliar os serviços a todos os cearenses. “Nossa meta hoje é regionalizar cada vez para levar a assistência. É um compromisso levar a oncologia para todos os nossos hospitais regionais, descentralizando. Para esse trabalho precisamos do Hemoce. Precisamos fortalecer também a parceria com o Walter Cantídio. Agradeço também aos doadores. A doação é um ato voluntário. A gente precisa oferecer um SUS [Sistema Único de Saúde] forte”, defende.

A diretora do Hemoce, Luciana Carlos, aponta a diferença que a união faz para os pacientes. “O Hemoce, uma unidade pública que tem a missão de servir a todos, tem a solidariedade em seu DNA. Aqui, aprendi e encontrei meu propósito profissional: a certeza de que tudo vale a pena quando ajudamos as pessoas. Começamos recebendo a solidariedade em formato de sangue, e depois como medula óssea. Nós vamos continuar avançando, porque o Hemoce não para de se desafiar e buscar mais”, disse.

O Hemoce foi o primeiro hemocentro do Nordeste a receber a acreditação da AABB – Associação Americana Association for the Advancement of Blood & Biotherapies (Associação Americana de Avanços do Sangue e Bioterapias). O Programa de Acreditação da AABB é uma parceria com a Associação Brasileira de Hematologia, Hemoterapia e Terapia Celular que certifica os processos e serviços de hemoterapia dos hemocentros com alto padrão de qualidade e garante melhor atendimento e segurança para doadores e pacientes.

Fernando Barroso, médico, professor da UFC e chefe do setor de Hematologia e Transplante de Medula Óssea do HUWC, também destaca que os transplantes são feitos a muitas mãos dedicadas. “O transplante nos obriga a entender que precisamos nos unir. Ele nos obriga a não ter vaidade, ser solidário e compreender que a dor do outro é nossa também. É uma grande rede de solidariedade. Nós tanto coletamos medula aqui e enviamos para qualquer lugar do mundo, como também recebemos de outros lugares”, afirma.

O HUWC é um importante centro de ensino, pesquisa e serviço em saúde no Ceará, com certificação nível A pelo Sistema Nacional de Transplantes do Ministério da Saúde. Para atender os pacientes de forma integral e multidisciplinar, a unidade conta com equipe multiprofissional com médicos, enfermeiros, técnicos de enfermagem, assistentes sociais, farmacêuticos, fisioterapeutas, nutricionistas, dentistas e psicólogos.

O reitor da UFC, Custódio Almeida, ressaltou a importância dessa integração para a sociedade cearense. “É um trabalho que merece nossos aplausos. É isso que a gente quer que se fortaleça. Sentimos com isso a vida renascer”, garante.

Doação é sinônimo de vida

O Ceará também se destaca como estado do Norte-Nordeste brasileiro com o maior número de pessoas cadastradas como possíveis doadores de medula óssea. Ao todo, são 225 mil cadastros.

A Hemorrede Pública Estadual é composta pelo Hemocentro Coordenador, com sede em Fortaleza; dois Postos de Coleta de Sangue, um no Instituto Dr. José Frota (IJF), e outro localizado na Praça das Flores e quatro Hemocentros Regionais, nos municípios de Sobral, Quixadá, Crato e Iguatu; um Hemonúcleo, em Juazeiro do Norte. A hemorrede conta também com 64 Agências Transfusionais localizadas nos hospitais atendidos pelas unidades da Capital e interior do Ceará.

Larissa Falcão - Ascom Casa Civil - Texto
Helene Santos - Fotos Yuri Leonardo - Infográficos

27.09.2023