Autor Luíza Vieira
Por meio de um anúncio feito na última quinta-feira, 31, o governador do Estado, Elmano de Freitas (PT), informou que o Mausoléu Castelo Branco, localizado no Palácio da Abolição, será desvinculado da sede do Governo do Estado, em Fortaleza.
“A decisão está tomada. A Secretaria da Cultura, junto à Secretaria de Direitos Humanos, tem a missão de garantir que no Palácio da Abolição não ficará mais o Mausoléu de quem apoiou a ditadura”, disparou durante a cerimônia em homenagem aos 44 anos da Lei da Anistia.
A iniciativa do chefe do Executivo estadual ocorre porque a estrutura arquitetônica foi construída em reverência ao militar Humberto Castelo Branco, presidente do Brasil durante o início da ditadura militar no Brasil, entre os anos de 1964 a 1967.
Na mesma época, o então governador Plácido Aderaldo Castelo (1966-1971) decidiu incluir a estrutura no conjunto de edificações do Palácio da Abolição, como uma significativa homenagem da terra alencarina a Castelo Branco, que era natural de Fortaleza.
Em 2006, o Mausoléu foi restaurado e, atualmente, a edificação se encontra em processo de tombamento provisório, visando a preservação como patrimônio histórico do Estado do Ceará.
De acordo com o atual governador, a decisão de retirar a peça do Palácio da Abolição “honra a história daqueles que lutaram e dedicaram suas vidas pela democracia, pelo bem e dever do povo cearense”.
“Há uma suposta coincidência, que é muito óbvia de que nos períodos, que o sistema que infelizmente ainda vivenciamos, que é um sistema de exploração sobre o nosso povo, esse sistema tem fases que ele até consegue até avançar um pouco as condições de vida do nosso povo, mas há fases que a situação fica mais difícil e o nosso povo é ainda mais explorado”, acrescentou durante o discurso da cerimônia.
O papel de Castelo Branco durante a ditadura militar
O governo do ex-presidente Humberto Castelo Branco iniciou-se a partir da escolha do marechal para presidente em eleição indireta realizada em 11 de abril de 1964 e estendeu-se até 1967. A gestão de Castelo Branco foi responsável por implantar as bases do aparato repressor que se estabeleceu durante o que ficou conhecido como “anos de chumbo”.
Na eleição indireta, realizada em abril de 1964, Castelo Branco disputou com Juarez Távora e Eurico Gaspar Dutra, mas saiu vencedor, recebendo praticamente 99% dos votos.
Anterior a isso, Ranieri Mazzilli presidiu o Brasil provisoriamente após a destituição de João Goulart com o golpe civil-militar de 1964.
O período regido por Castelo Branco foi marcado pela adoção de uma política de austeridade que tinha como principal objetivo controlar a inflação e combater o endividamento público. Por este motivo, em agosto de 1964, foi instaurado o Plano de Ação Econômica do Governo (PAEG).
O PAEG foi criado por meio do Ministério do Planejamento e da Coordenação Econômica com o intuito de direcionar a política econômica e social do Brasil através de mecanismos político-econômicos de combate à inflação associados às reformas institucionais (tributária e financeira).
Dentre as prioridades do PAEG, foram listados algumas pautas essenciais, como a retomada do crescimento e desenvolvimento econômico através de políticas de investimento capazes de absorver uma quantidade crescente de mão-de-obra; a correção das disparidades setoriais e regionais; estabilização dos preços e correção dos déficits do balanço de pagamentos.
opovo.com.br
05.09.2023