“A Palavra que Resta”, de Stênio Gardel, disputa na categoria Livros Traduzidos do National Book Awards
Escrito por Diego Barbosa
A versão em inglês de “A Palavra que Resta”, livro do escritor cearense Stênio Gardel, é semifinalista do National Book Awards, um dos mais importantes prêmios literários dos Estados Unidos. A boa nova foi compartilhada pelo autor nas redes sociais na última quarta-feira (13). “Sensacional demais!”, vibrou Stênio.
“The Words That Remain” – como ficou o título traduzido por Bruna Dantas Lobato e sob a edição da New Vessel Press – concorre na categoria Tradução e disputa o troféu com outras nove obras originalmente escritas em árabe, holandês, francês, alemão, coreano e espanhol. A seleção com os finalistas será divulgada no dia 03 de outubro.
Algumas delas são “A porta da viagem sem retorno”, do franco-senegalês David Diop; “Os abismos”, da colombiana Pilar Quintana; e “A mais recôndita memória dos homens”, do senegalês Mohamed Mbougar Sarr. A lista completa você confere aqui.
Stênio conta que soube da notícia logo após o anúncio pela revista The New Yorker, quando Michael Z. Wize, editor e co-fundador da New Vessel Press, lhe enviou um email. “Fui pego de completa surpresa. Conheço o prêmio, mas não estava por dentro das datas, ou mesmo que o livro já ia concorrer esse ano”, diz o autor, natural de Limoeiro do Norte.
“Por um momento, fiquei em dúvida se era mesmo o National Book Awards, meio que sem acreditar que o livro tinha chegado ali. Era o National Book Awards! E ver meu romance entre aqueles dez não tem medida para mim. Além de surpreendido, estou muito feliz, claro, com esse caminho que leva o livro cada vez mais longe”.
SOBRE REENCONTROS E RECOMEÇOS
Publicado no Brasil em 2021 pela Companhia das Letras, “A Palavra que Resta” tem como protagonista Raimundo, que, aos 71 anos de idade, decide aprender a ler e escrever. A intenção do homem já idoso é acessar o conteúdo de uma carta recebida ainda na juventude e nunca aberta, escrita por um amor secreto brutalmente interrompido.
Segundo Stênio – apontado por Socorro Acioli e Lira Neto como uma das novas promessas da literatura brasileira – a obra tem percorrido um caminho inesperado, de muitas conquistas.
Primeiro, o livro alcançou a sexta reimpressão em dois anos de publicação e mais de 50 mil exemplares vendidos. Além disso, foi finalista em dois prêmios brasileiros, o São Paulo de Literatura, na categoria romance de estreia, e o Jabuti, na categoria romance literário.
“Não posso deixar de falar dos clubes de leitura. Foram inúmeros e me trouxeram muita alegria e divertimento também – adoro quando começam a discutir o final do livro. Recentemente, pude ver os primeiros passos do livro também em escolas e universidades. Tive a oportunidade até de participar das bancas de estudantes que partiram do romance para escrever seus trabalhos acadêmicos”.
SOBRE A TRADUÇÃO
Quanto à versão do romance em inglês, a New Vessel Press adquiriu os direitos de tradução e publicação na América do Norte ainda em 2021, mesmo ano de publicação do original. No começo do ano seguinte, Stênio recebeu a primeira versão da tradução, e Michael Z. Wize, junto à Bruna Dantas Lobato, a tradutora, foram, segundo o cearense, muito generosos em lhe deixar fazer parte do processo.
“Foram trocas muito ricas. Pude conhecer mais possibilidades de sentido do livro por causa de algumas escolhas de tradução. Eu sabia que o texto estava em ótimas mãos, e o trabalho com a Bruna só me confirmou isso. Tivemos alguns meses de revisões e provas, passando pela definição do título e da capa, até a publicação em janeiro deste ano. Além do inglês, ‘A Palavra que Resta’ vai ganhar em breve tradução para o italiano”.
Percorrerá também o caminho do cinema. A adaptação para as telonas será comandada pela produtora Pródigo Filmes. E igualmente do teatro, notícia revelada em primeira mão pelo autor. “Vão ser incríveis!”, festeja o cearense.
“Cada conquista me faz lembrar do começo, do começo da vontade de escrever e de alcançar as pessoas, por algum sentimento, algum questionamento, do que vivi e estou vivendo com o livro, e ao mesmo tempo me faz querer continuar escrevendo”.
diariodonordeste.verdesmares.com.br
15.09.2023