Um país que importa US$ 20 bilhões em insumos ligados à saúde e que, por meio de um investimento bilionário na inovação de seu complexo industrial, dará início a um processo revolucionário para adquirir, em médio prazo, a autossuficiência em grande parte daquilo que hoje o faz depender de empresas estrangeiras.
Para falar mais sobre a Estratégia Nacional para o Desenvolvimento do Complexo Econômico-Industrial da Saúde, a ministra da Saúde, Nísia Trindade, foi uma das convidadas do Conversa com o Presidente desta semana.
"A nossa meta é trabalhar para uma perspectiva de em dez anos podermos ter 70% da nossa necessidade produzida aqui. Os passos vão ser dados a partir de agora, retomando ações que começaram há 20 anos, quando, na primeira gestão do presidente Lula, foi criada a Secretaria de Ciência, Tecnologia e Inovação no Ministério da Saúde", explicou a ministra.
Para o presidente Lula, a iniciativa posicionará o país em uma nova fase de desenvolvimento. “O Brasil hoje importa US$ 20 bilhões das coisas que utilizamos na saúde. Se a gente tiver uma indústria produzindo isso ativamente, e a gente tem uma capacidade de consumo extraordinária por conta do SUS, a gente vai desenvolver o Brasil, desenvolver uma indústria, gerar emprego de qualidade e atender a demanda interna. Será uma revolução de inovação na área da saúde no Brasil. Espero que a gente possa, daqui a três, quatro anos, ter uma indústria da saúde competitiva com qualquer indústria de saúde do mundo”, afirmou.
R$ 42 BILHÕES — Nísia Trindade destacou que e estratégia será levada adiante por meio de um investimento de mais de R$ 40 bilhões. Ela ressaltou que a iniciativa visa, entre outros avanços, multiplicar por quatro a produção de vacinas no país.
"Ao todo, estão previstos investimentos de R$ 42 bilhões. Parte disso será no PAC. No PAC, teremos investimentos nos laboratórios públicos, para a Hemobrás (empresa brasileira de hemoderivados e biotecnologia), também para quadruplicar a produção de vacinas, um grande instrumento para a saúde regularmente e para situações de pandemia".
Ao detalhar os investimentos, a ministra explicou que R$ 23 bilhões virão do setor privado, além de financiamentos do BNDES e da Finep (agência pública que financia a inovação, desde a pesquisa básica até a preparação do produto para o mercado).
“Essa nossa ação está alinhada à nova política industrial, que é uma política por missão. E a missão na saúde é atender as necessidades da população. Nosso foco não é no produto, mas nas necessidades sentidas a partir do Sistema Único de Saúde (SUS)”, continuou.
QUALIFICAÇÃO — Nísia afirmou também que o programa certamente impactará na geração de empregos qualificados. “Esse complexo tem a grande capacidade de criação de empregos e qualificação desses trabalhadores, o que é mais importante. Porque isso tudo significa novas tecnologias incorporadas, novos conhecimentos. Então, é o emprego e o emprego qualificado e a formação com novos conhecimentos tecnológicos”, afirmou.
COMPRA GOVERNAMENTAL — Um dos pontos de sustentação para o sucesso da Estratégia Nacional para o Desenvolvimento do Complexo Econômico-Industrial da Saúde são as compras governamentais. Para o presidente Lula, essa é uma prerrogativa que o governo defende arduamente, caso contrário isso significaria prejudicar as pequenas e médias empresas brasileiras.
"Estamos prontos para assinar um acordo comercial Mercosul - União Europeia. Tem uma coisa que eu já disse à União Europeia e que o Brasil não abre mão, que são as compras governamentais. São através das compras governamentais que a gente pode fazer com que pequenas e médias empresas brasileiras possam crescer e ficar grandes. Se a gente permite que a gente possa comprar produtos que a gente pode fabricar aqui no estrangeiro vamos matar a possibilidade de o Brasil ter uma indústria na área da saúde. Isso (a estratégia lançada hoje), a médio prazo, será uma revolução no Brasil. O Brasil irá virar quase autossuficiente em todos os produtos que ele precisa na área da saúde", ressaltou Lula.
SISTEMA ÚNICO DE SAÚDE — O presidente também abordou no programa o papel do SUS e disse que o Sistema Único de Saúde precisa de mais investimentos para permitir que as pessoas tenham acesso aos especialistas da área de saúde.
"Quando a pessoa sai desse primeiro atendimento e dizem para ela: 'a senhora precisa tem que procurar o tal do especialista', aí começa o sofrimento. São nove meses, dez meses, oito meses de espera. Ele existe, mas não está conectado com o SUS. É preciso que a gente tenha mais recursos no SUS e é preciso que a gente pague melhor as pessoas que vão prestar serviço".
O presidente encerrou com um agradecimento público a todos aqueles que trabalham no SUS. "Eu, presidente da República, sou grato aos SUS, aos médicos do SUS, às médicas do SUS, aos enfermeiros e enfermeiras, a todo o pessoal que trabalha. Porque essa gente, na mais grave pandemia que nós tivemos no século 21, se prestou a colocar sua própria vida em defesa de nós, do outro, e isso merece elogio e parabéns".
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27.09.2023