Ex-governador
disse que Camilo Santana é "monstro que ajudei a criar" e repetiu
críticas à senadora em exercício Janaína Farias (PT)
Autor Henrique Araújo
O ex-presidenciável
Ciro Gomes (PDT) repetiu ataques à senadora Janaína Farias (PT), mesmo com
decisão judicial que o impede de empregar termos depreciativos já usados por
ele para se referir à parlamentar.
Em entrevista ao
jornal "O Globo" publicada ontem, Ciro foi questionado se não seria
machismo se dirigir à petista como "assessora para assuntos de cama"
e "cortesã". O pedetista respondeu: "Eu disse isso depois,
porque é exatamente o que ela é".
Segundo ele, porém,
seu alvo era outro: Camilo Santana, ex-governador e hoje ministro da Educação.
"Falei do patrimonialismo do Camilo Santana. Por isso, veio a derivação
para o sexismo. Então, a mulher entra na política e é imune? Ela é, hoje, uma cortesã
portando um mandato de senadora. Ela está lá por um capricho do Camilo Santana
ou porque ele está sendo chantageado. Não estou falando dela. Estou falando do
Camilo", enfatizou.
Na mesma conversa, o
ex-ministro classificou Camilo como "um monstro que ajudei a criar".
Em seguida, declarou que o titular do MEC, eleito para o Senado em 2022,
"nomeou a primeira suplente (Augusta Brito, hoje secretária do governo
Elmano) para uma dessas secretarias para dar passagem à segunda suplente
(Janaína)".
Ciro também voltou a
acusar de traição o irmão e senador Cid Gomes, hoje no PSB. A uma pergunta
sobre a razão para ter brigado com Cid, Ciro devolveu: "Fui eu? Então,
foi. Lancei o Cid como candidato e me tornei inelegível no Ceará por força da
lei, aos 50 anos. Eu era unanimidade no estado. De repente, comecei a ter
aresta. Todas para defender o Cid".
Mais adiante, Ciro
admitiu ter sido "abandonado por todo mundo e por ele também", mas
negou ter se desentendido com o senador. "Fui eu quem briguei? Nunca
briguei com ele. Nunca trocamos uma palavra áspera na vida", indicou.
"Simplesmente eu
fui lá", continuou Ciro, "e pedi a ele: 'Não faça isso, você está me
abandonando, e eu estou sozinho'. Pedi para ele coordenar minha campanha, e ele
disse que não".
Interpelado pela
reportagem se seria possível restabelecer as bases da sua relação com o irmão,
assegurou: "Não. Não quero mais. Traição e ingratidão, sabe?". Logo
depois, avaliou que não há debandada de membros do PDT para se filiarem ao PSB
por causa de Cid no Ceará.
"Essa debandada
não é para o Cid, que está hospedado no partido (PSB) que é presidido pelo pai
do Camilo, que é do PT. O destino de todos os políticos é o ocaso. A diferença
minha é que eu sei disso e estou pronto. Sabe por quê? Porque sou desapegado",
refletiu.
Cid e Ciro romperam em
2022 em meio ao processo de escolha do candidato do PDT para a disputa pelo
Governo do Estado. Cid queria a reeleição de Izolda Cela, à época no PDT e
então governadora. Ciro pretendia emplacar o aliado Roberto Cláudio, que
acabaria se tornando representante do partido na corrida.
Na campanha, Cid se
manteve afastado, participando de poucas atividades eleitorais, uma das quais
em Sobral. Lá, berço dos Ferreira Gomes, pediu votos para apenas dois
candidatos: Camilo e o irmão, Ciro.
opovo.com.br
Cariri Ativo
28.05.2024