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Ataques das facções: falha na investigação pericial resulta na absolvição de 96 réus

Ataques das facções: falha na investigação pericial resulta na absolvição de 96 réus

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Foto de apoio ilustrativo. Em 10 de janeiro de 2018, criminosos explodiram dinamites em viaduto no bairro Messejana, em Fortaleza Crédito: FCO_FONTENELE
A anulação ocorreu por falha na extração de dados do celular de um faccionado. Perícia Forense do Ceará afirma que trabalho ainda não foi concluído

Autor Jéssika Sisnando

A operação policial contra pessoas acusadas de integrar a organização criminosa Guardiões do Estado (GDE) foi anulada pelo Judiciário cearense em razão de uma falha processual. A situação resultou na absolvição de 96 réus.

A sentença da quarta-feira passada, 4, foi da Vara de Delitos de Organizações Criminosas e beneficiou 12 pessoas, mas se estende a todos os denunciados do processo, que foi desmembrado. 

Conforme a decisão judicial obtida pelo O POVO, a investigação da Delegacia de Narcóticos (Denarc) ocorreu após os ataques de facções nos anos de 2018 e 2019. Foram usados dados extraídos do celular de um homem apontado como um dos chefes da facção GDE. A Vara de Organizações Criminosas solicitou que os dados fossem disponibilizados de forma integral, no entanto, não haviam mais registros. 

Conforme trecho da sentença do colegiado da Vara de Organização Criminosa, embora a ausência das mídias que embasaram a acusação não tenha prejudicado o andamento da instrução processual, o acesso à integralidade do conteúdo presente no celular deveria ter sido garantido, ao mínimo, antes da abertura de prazo para as alegações finais, o que não ocorreu no presente feito.

A decisão pontuou que a instrução foi encerrada e as partes apresentaram suas alegações finais sem que tivessem acesso à integralidade das mídias que embasaram a acusação.

De acordo com o advogado Flávio Uchoa, que atua na defesa dos absolvidos, a falta do material causou um prejuízo ao direito de defesa. "A anulação da operação pela Vara de Organização Criminosa revelou uma falha processual significativa, atribuída ao próprio Estado. A decisão foi baseada na ausência nos autos dos dados extraídos de um celular apreendido pela polícia civil, que eram fundamentais para sustentar a acusação.

"A falta desse material causou um prejuízo irreparável ao direito de defesa, comprometendo a legalidade do processo. A decisão sublinha a necessidade de garantir a apresentação completa das provas para assegurar a integridade das investigações e do julgamento", pontua a nota da defesa de um dos réus, realizada pelos advogados Flávio Uchôa e Pedro Rocha.

Foram absolvidos:

  • Leandro Inácio de Sousa Uchoa
  • Jeferson Dias de Oliveira
  • Denis Carlos de Sousa Martins
  • Daniel Pereira do Nascimento
  • Caroline Alves Pereira
  • Samid Lucas Castro Bezerra
  • Mariana de Castro Paixão
  • Dieison Teixeira de Oliveira
  • Daniel Soares Barbosa
  • Arleudo dos Santos Fonseca
  • Felipe Alef da Silva Braz
  • Paulo Venicio Efigenio da Silva Junior

Grupo de WhatsApp das mensalidades da GDE 

O inquérito policial do ano de 2021 apurava a participação de pessoas na facção Guardiões do Estado (GDE) após os ataques dos anos de 2018 e 2019, quando foram registrados incêndios e destruição de prédios públicos e particulares.

A investigação apontou a GDE como responsável pelas ações e identificou dois dos chefes do grupo — José Ferreira Rodrigues e Emanuel Guilherme do nascimento, conhecido como Skunk. Houve a apreensão do aparelho celular de Skunk. A partir desses dados, 96 pessoas foram denunciadas pelo Ministério Público do Estado do Ceará (MPCE).

Um grupo de WhatsApp da GDE funcionava com o objetivo de punir membros em atraso com a caixinha da facção, uma espécie de mensalidade. A Polícia fez o levantamento dos dados mantidos pelos membros da facção. O valor cobrado da mensalidade era de R$ 50. 

Pefoce afirma que laudo não foi concluído 

 

O POVO solicitou nota à Secretaria da Segurança Pública e Defesa Social (SSPDS), que respondeu por meio da Perícia Forense do Estado do Ceará, informando que não emitiu o laudo referente a extração parcial ou total de dados do celular mencionado. "A informação de que o fato ocorreu depois que a Pefoce extraiu dados de um celular a pedido da Polícia não procede".

"A Pefoce esclarece que o processo pericial segue etapas rigorosas, que incluem a quebra de senha, extração de dados, análise do conteúdo extraído, resposta aos quesitos e elaboração do laudo técnico. A instituição reforça que está empenhada no caso, utilizando diferentes metodologias e dois tipos de equipamentos na tentativa de extrair os dados para análise. No entanto, devido à complexidade do trabalho pericial, o procedimento ainda não foi concluído",

Conforme a Pefoce, o aparelho está sendo analisado pelo Núcleo de Perícia em Tecnologia e Apoio Técnico (NPTAT) e, assim que o laudo for finalizado, será encaminhado às autoridades competentes.

opovo.com.br

Cariri Ativo

09.09.2024