O Ceará foi o único estado do Nordeste com aumento no número de inadimplentes em agosto
A quantidade de dívidas dos inadimplentes no Ceará também subiu: são 109,7 mil débitos a mais em agosto ante julho, chegando a mais de 11 milhões. Somados, esses débitos chegam a R$ 14,7 bilhões.
Aline Maciel, gerente da Serasa, acredita que o aumento no número de consumidores com o nome sujo pode ser explicado por fatores econômicos locais e nacionais.
"Um dos destaques está relacionado ao aumento das dívidas com contas básicas, que cresceram 0,37 ponto percentual no mês, e as dívidas com o setor de telecomunicações, com aumento de 0,64 ponto percentual".
Renda
Para o economista Ricardo Coimbra, apesar dos recentes números positivos da atividade econômica cearense e da geração de postos de trabalho, a renda ainda tem se mantido em um patamar relativamente baixo.
“Talvez essa expectativa de melhoria da economia tenha impulsionado as pessoas a comprometerem mais a renda e, com esse cenário de custo do crédito elevado, muitas estão finando inadimplentes”.
Ele lembra que a taxa básica de juros, a Selic, voltou a subir, o que tende a elevar o custo de outras modalidades de crédito.
“Isso deve dificultar a situação para pessoas já endividadas. Outro aspecto a ser analisado é o nível de educação financeira, que infelizmente é muito baixo. Nós sempre buscamos discutir sobre como implementar e melhorar mecanismos de educação financeira, principalmente junto aos jovens”.
Tigrinho pode ser o vilão
Coimbra não descarta a possibilidade de as bets e jogos online de azar estarem corroendo a renda e limitando a capacidade de consumo dos cearenses a ponto de levar à inadimplência.
"Parcela significativa das pessoas, principalmente as que tem um nível de renda mais baixo, têm direcionado parte da remuneração para apostas como 'tigrinho' e outras. Se elas direcionam parte da renda para essas apostas, ficam faltando recursos para suprir outras necessidades".
Perspectivas positivas
Aline Maciel lembra que os últimos meses do ano sempre costumam contar com a injeção de recursos a partir do décimo terceiro salário e, seguindo a tendência nacional, a expectativa é de que a inadimplência apresente queda.
"Essa redução, portanto, alivia a pressão sobre o orçamento das famílias e sinaliza um cenário mais favorável para a economia, com mais pessoas conseguindo voltar a ter acesso ao crédito", pontua Aline.
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Cariri Ativo
24.09.2024