Autor Jéssika Sisnando
O policial penal preso suspeito de facilitar a entrada de celulares em presídios do Ceará, José Ramony Melo, contou ao juízo, durante audiência de custódia, que foi preso após ser atraído para um coffee break. O servidor afirmou, chorando, que foi chamado para o lançamento de uma empresa na unidade prisional, seguido por uma reunião com a direção, de onde foi retirado e apresentado para a Polícia Civil do Ceará, que cumpriu o mandado de prisão, por meio da Delegacia de Assuntos Internos (DAI).
O policial penal, que tinha três anos e meio de profissão, nega ter envolvimento com organizações criminosas ou esquema de entrada de aparelhos celulares. "Tenho fé em Deus que quando sair daqui eu vou provar e vou derrubar as pessoas que eu tava quase pegando. Eu levantei mais de 10 nomes, passava para a inteligência todas as informações que eu recebia. Sempre fui uma pessoa muito responsável", afirmou o agente de segurança em vídeo da audiência, ao qual O POVO teve acesso.
Ramony cita, durante a audiência, que foi o responsável por repassar informações sobre material ilícito que entrou em uma máquina de costura na Unidade Prisional 2, em Itaitinga. A apreensão foi divulgada pela Secretaria da Administração Penitenciária (SAP). O equipamento era uma doação de visitante cadastrado e estava "recheado" com carregadores, celulares e chips.
O agente de segurança afirma que não possuía vida de luxo e que passou um ano pagando as parcelas da viagem internacional. "Não entendo o sensacionalismo da mídia que eu tinha vida de luxo. Eu passei um ano para pagar a passagem", descreve.
Na audiência, Ramony afirma ainda que no momento da prisão ele estava com dois aparelhos celulares de uso pessoal, pois havia feito a compra de um novo celular e faria o backup. Ele nega que os outros aparelhos tenham sido encontrados em sua posse e afirma que os celulares estavam em outras unidades.
Além disso, diz que em todas as entradas nos presídios passava por procedimentos de vistoria. Com ele foram apreendidos roupas e o dinheiro, uma quantida de R$ 3 mil, que segundo o policial penal seria usado para pagar uma manutenção do carro. Na residência dele foram apreendidos R$ 46 mil em espécie.
"Eu tinha acabado de comprar um celular novo que ia trocar e no dia que eu fui preso eu ia fazer o backup de troca do aparelho. Meu celular de uso foi apreendido, minhas roupas na mochila, o dinheiro eu ia destinar para pagar o conserto do carro do vazamento de óleo. Nenhum ilícito foi encontrado, nada proibido", afirma.
Preso afirmou que policial receberia R$ 35 mil para introduzir aparelhos
José Ramony teria recebido R$ 35 mil para introduzir quatro celulares para dentro do presídio Unidade Prisional Francisco Hélio Viana de Araújo, em Pacatuba (Região Metropolitana de Fortaleza). Foi o que afirmou à Polícia Civil um preso que disse ter sido “cooptado” por Ramony para fazer parte de um esquema voltado ao fornecimento de celulares a detentos.
A informação consta no pedido de conversão da prisão temporária de Ramony em prisão preventiva, o que foi atendido pela Justiça nesta sexta-feira, 1º. Na peça, é afirmado que a investigação teve início em 1º de outubro último, quando seis celulares foram encontrados no presídio de Pacatuba. No dia seguinte, mais três aparelhos foram localizados. (Colaborou Lucas Barbosa)
opovo.com.br
Cariri Ativo
06.11.2024