Saulo Mota
Segundo dados divulgados nesta segunda-feira (27) pela Associação Nacional de Travestis e Transexuais (Antra), o Ceará lidera o ranking de assassinatos de pessoas trans no Nordeste em 2024, com 11 casos registrados. Em seguida, estão a Bahia e Pernambuco, ambos com 8 assassinatos. No cenário nacional, o estado ocupa a terceira posição, ficando atrás de São Paulo (16 casos) e Minas Gerais (12 casos).
Este é o terceiro ano consecutivo em que o Ceará ocupa a terceira posição no ranking de assassinatos de pessoas trans. Em 2023, foram registradas 12 mortes, e em 2022, 11. Os dados se tornam ainda mais alarmantes quando levados em consideração os números totais de assassinatos de pessoas trans por estado entre 2017 e 2024. Durante esse período, o Ceará registrou 107 assassinatos, ocupando a segunda posição no ranking nacional. São Paulo lidera com 151 casos, enquanto a Bahia fica em terceiro, com 97 homicídios.
Dados regionais e por idade
A maior concentração de assassinatos foi registrada na região Nordeste, com 49 casos, representando 41% do total. Em seguida, aparece o Sudeste, com 41 mortes (34%), seguido pelo Centro-Oeste com 12 (10%), Norte com 10 (8%) e Sul com 8 (7%). Quanto à faixa etária das vítimas de 2024, 2 delas (3%) eram menores de 18 anos, com idades de 15 e 17 anos. A maior parte das vítimas (49%) estava na faixa etária de 18 a 29 anos, seguidas por 21% entre 30 e 39 anos, 19,5% entre 40 e 49 anos, 6,5% entre 50 e 59 anos, e 1% com mais de 60 anos.
É importante destacar que, quando somamos todos os casos das faixas etárias acima de 30 anos, o número é inferior ao das vítimas nas faixas etárias mais jovens, sendo 5 vezes maior a chance de uma pessoa trans com até 29 anos ser assassinada.
Se compararmos a evolução dos dados ao longo dos anos, observamos uma tendência: em 2017, 86% das vítimas tinham entre 16 e 35 anos, e esse índice permaneceu alto ao longo dos anos seguintes. Em 2024, 66% das vítimas tinham menos de 35 anos, indicando que essa faixa etária continua sendo a mais vulnerável. Em 2023, 72% das vítimas estavam entre 13 e 35 anos, e em 2021, esse número foi de 81%.
Redução de assassinatos no Brasil
Embora tenha sido registrada uma redução de 16% nos casos de assassinatos de pessoas trans de 2023 para 2024, com 122 mortes registradas neste ano, contra 145 no anterior, o Brasil segue, pelo 16º ano consecutivo, como o país que mais assassina essa população no mundo. Segundo a Associação Nacional de Travestis e Transexuais (ANTRA), “os dados e as informações apresentadas nesta pesquisa não apenas denunciam a violência, mas também evidenciam a urgência de políticas públicas que visem à redução dos homicídios e à proteção da população trans”.
Realizada desde 2017, a pesquisa da ANTRA traça um perfil das vítimas, analisando fatores como idade, classe social, contexto, raça e gênero, para compreender melhor quem são essas pessoas assassinadas e as circunstâncias que tornam a população trans especialmente vulnerável à violência no Brasil.
Ranking de assassinatos de pessoas trans em 2024:
- São Paulo: 16 assassinatos
- Minas Gerais: 12 assassinatos
- Ceará: 11 assassinatos
- Rio de Janeiro: 10 assassinatos
- Bahia: 8 assassinatos
- Mato Grosso: 8 assassinatos
- Pernambuco: 8 assassinatos
- Alagoas: 6 assassinatos
- Maranhão: 5 assassinatos
- Pará: 5 assassinatos
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Cariri Ativo
29.01.2025