Infecções respiratórias estão entre as mais transmissíveis e perigosas para os pequenos.
A volta às aulas e a chegada do período chuvoso no Ceará aumentam, historicamente, os casos de doenças respiratórias e diarreicas no Estado. Entre o público mais vulnerável estão as crianças, principalmente as menores de 5 anos, acendendo alerta para medidas de prevenção.
Covid, influenza, doenças diarreicas, pneumocócicas e até meningites são as principais infecções que circulam e arriscam a saúde de meninos e meninas no período, como aponta a médica pediatra Vanuza Chagas.
“Vemos também aumento dos casos de pneumonias, catapora e várias outras doenças que são de fácil contágio, principalmente com crianças convivendo em ambientes confinados”, lista a pediatra.
Vanuza alerta ainda para a incidência de doenças que afetam bebês e crianças pequenas. “Chama muito a atenção o aumento dos casos da doença mão-pé-boca, do exantema súbito, que é a roséola; dos casos de herpangina, das viroses em geral. A qualquer sinal ou sintoma de doença, sempre procurar assistência médica”, orienta.
Em 2024, até o início de dezembro, o Ceará já havia registrado quase 2 mil casos de Covid entre crianças. Já a meningite, por exemplo, infectou 295 cearenses até outubro do ano passado, levando 31 deles a óbito. Os dados são da Secretaria Estadual da Saúde (Sesa).
Como prevenir as infecções
As primeiras orientações da pediatra Vanuza Chagas para proteger as crianças das infecções transmissíveis são as mais básicas:
- Deixar a criança isolada, sem contato com outras, em caso de sintomas gripais ou de outras infecções;
- Incentivar hábitos de higiene: ensinar a criança a lavar as mãos com frequência e cobrir boca e nariz ao tossir ou espirrar;
- Fazer mais passeios ao ar livre, em contato com a natureza e com exercícios, para fortalecer o sistema imunológico;
- Manter uma alimentação saudável e boa hidratação.
A médica também direciona uma recomendação às escolas. “Procurar que as salas de aulas sejam espaços ventilados, em que haja circulação de ar, porque em ambientes fechados com ar condicionado essa propagação é maior”, observa.
Outra medida indispensável para proteção dos pequenos é a atualização das vacinas previstas no Calendário Nacional de Vacinação. O cartão de vacinação atualizado é um documento exigido na renovação de matrícula no ensino básico nas redes pública e privada, de acordo com a lei estadual nº 16.929, de 2019.
A “leitura” desse cartão, contudo, exige atenção, como alertou Ana Karine Borges, coordenadora de Imunização da Sesa, em entrevista ao Diário do Nordeste no início de janeiro. Ela orienta que “os pais busquem primeiro a unidade de saúde para apresentar a carteirinha e checar se está atualizada”.
Entre as doenças preveníveis por imunizantes que mais preocupam está a Covid: cerca de 221 mil crianças cearenses ainda não haviam tomado nenhuma dose da vacina, até a primeira semana de janeiro. A cobertura com o esquema básico de duas doses, estima Ana Karine, está em torno de 40%.
A gestora de saúde destaca ainda a importância da prevenção contra a meningite – cujo agente causador “pode entrar pelos tratos respiratórios, causar uma doença respiratória e seguir até as meninges” – e contra a coqueluche, outra doença grave que afeta bebês e crianças.
“Temos a vacina que protege contra coqueluche, que tivemos alguns óbitos fetais em São Paulo. Estamos investigando casos de coqueluche no Ceará também. Todo ano temos alguns, mas temos visto aumento na Ásia e na Europa”, alerta Ana Karine.
Em 2024, até setembro, a cobertura da vacina pentavalente, que protege contra a coqueluche, estava em 93%, segundo dados da Sesa.
“Tivemos aumento de cobertura, mas temos um acúmulo, nos últimos cinco anos, de crianças que possivelmente ainda estão em atraso”, pondera Ana Karine. “A coqueluche é uma doença que pode ter sua fase leve, mas pode ter sua fase grave e até trazer sequelas para crianças, como surdez e estrabismo. E é uma doença respiratória”, finaliza.
A médica Vanuza Chagas lembra que tão importante como buscar as vacinas pela primeira vez é retornar para aplicação dos reforços, quando necessários.
“Muitas vezes a criança fez o esquema vacinal completo no seu primeiro ano de vida, mas vacinas como a tríplice viral, por exemplo, exige reforço com um ano e três meses. A família não faz e a criança vai (à escola) sem estar protegida e contaminando outros colegas”, frisa.
Digitalizar cartões
O monitoramento de quem tomou ou não as vacinas consideradas essenciais no calendário nacional foi aprimorado nos últimos anos, como observa Ana Karine. Segundo ela, “só desde 2012 a gente começou a ter uma informatização nas salas de vacina”.
“E passamos a fazer registro de doses, de números. Só começamos a ter um avanço em saber quem é a pessoa vacinada de três anos para cá, intensificando, principalmente, nos dois últimos anos, em 2023 e 2024”, declara a gestora.
Assim, a coordenadora de imunização do Ceará recomenda que “as pessoas, se tiverem algum cartão de vacinação em casa, busquem a sala de vacina do posto de saúde para o profissional transcrever, colocar isso informatizado”.
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Cariri Ativo
22.01.2025