Dois cearenses estão entre os cinco deputados que deixaram o PL por pressão bolsonarista - Cariri Ativo - A Notícia Com Credibilidade e Imparcialidade
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Dois cearenses estão entre os cinco deputados que deixaram o PL por pressão bolsonarista

Dois cearenses estão entre os cinco deputados que deixaram o PL por pressão bolsonarista

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Junior Mano afirmou que quando entrou no PL o partido não era de extrema-direita / Crédito: Divulgação
 Parlamentares mais inclinados ao centro saíram da sigla se queixando da pressão da extrema direita de Bolsonaro; a legenda diz que as saídas se deram por razões locais.

Autor Alice Barbosa

Ao menos cinco deputados federais mais inclinados ao centro saíram do Partido Liberal (PL) em 2024. Eles reclamam do posicionamento partidário alinhado à agenda bolsonarista e da oposição a qualquer pauta com origem em partidos de esquerda.

Dois desses cinco parlamentares são os cearenses: Yuri do Paredão (MDB-CE) e Junior Mano (PSB-CE). Ao jornal Folha de S. Paulo, Yuri do Paredão disse que hoje está no partido MDB e que não opina sobre as outras legendas.

"Minha saída do PL aconteceu por defender o diálogo, o respeito às instituições e acreditar no governo Lula. Por fim, saliento, que tenho profundo respeito ao presidente Valdemar Costa Neto", afirmou.

Já o deputado Junior Mano foi expulso do partido após fazer campanha para o atual prefeito de Fortaleza Evandro Leitão (PT), que disputava as eleições municipais de 2024 contra o candidato bolsonarista do PL, André Fernandes.

Seguida a expulsão, Junior Mano reafirmou seu apoio ao presidente do partido Valdemar Costa Neto e destacou que o líder da legenda foi obrigado a expulsá-lo por imposição de Bolsonaro.

"Reconheço que as decisões que você está sendo obrigado a tomar não refletem seu verdadeiro desejo. Todos sabem que o ex-presidente Bolsonaro está no comando do partido e foi ele quem solicitou minha expulsão", diz na publicação.

Membros e ex-membros da sigla dizem que depois que Jair Bolsonaro e seus aliados se filiaram à legenda, em novembro de 2021, o partido ficou mais inclinado para a direita radical.

Segundo o conjunto de críticos, a maioria dos integrantes do PL sustenta a agenda conservadora e direitista, enquanto a minoria, composta por 20 deputados, permanece inclinada ao centro.

O deputado federal Samuel Viana (agora do Republicanos-MG) fala que sua saída do PL, no fim de 2023, resultou da pressão da direita “raiz”, como é chamada essa ala da direita conservadora.

De acordo com ele, a sua desfiliação se deu após meses de discussão interna e de avaliação até concluir que para seguir um posicionamento diferente era preciso se desfiliar.

 

Para Samuel, a atitude que o fez deixar a legenda tem se expandido dentro do partido. "Ou você aceita o que diz o bolsonarismo ou você é considerado um ‘comunista do PL’", diz.

Os que criticam o partido poupam o presidente do PL Valdemar Costa Neto e incubem a conduta aos deputados bolsonaristas.

"Os parlamentares da ala extremista não aceitavam que outros parlamentares tinham outro perfil. Queriam impor para votarem tudo contra [a esquerda]", relata Samuel à Folha de S. Paulo. "Isso gerou um conflito interno, então eu entendi que, para ter esse perfil moderado, eu teria que sair do partido."

Atualmente, o PL tem 93 deputados federais. Em 2022 elegeu 99 parlamentares. As baixas ocorreram após a saída de cinco parlamentares e pela morte da vice-presidente do PL Mulher, Amália Barros.

"Minha percepção é de que o partido continua com o viés do radicalismo, do extremismo, e quem está tomando esse viés são os parlamentares que estão ditando o tom", comenta.

Após Samuel Viana sair da sigla, os deputados federais Yuri do ParedãoJunior Mano, Luciano Vieira (Republicanos-RJ) deixaram o partido. Robinson Faria (RN) indicou sua saída, mas não respondeu aos contatos da apuração.

Já o deputado Luciano Vieira relata que sua saída foi combinada com o PL em razão do apoio ao seu irmão Leo Vieira (Republicanos), na disputa pela Prefeitura de São João de Meriti (RJ). Leo venceu a eleição e derrotou o candidato do PL, Valdecy da Saúde.

Procurado, o PL afirmou, por meio de nota, que "nenhum parlamentar deixou a legenda devido ao alinhamento com o bolsonarismo ou às pautas da direita". De acordo com a legenda, as baixas do partido se deram exclusivamente por motivos regionais ou pessoais.

"Além disso, muitos deputados já manifestaram intenção de se filiar ao PL na próxima janela partidária, especialmente pelo vínculo com o bolsonarismo. Estamos confiantes de que ampliaremos ainda mais nossa força no Congresso Nacional, consolidando o PL como um dos maiores partidos do país", completou.

opovo.com.br

Cariri Ativo

08.01.2025