Família de Vitória Chaves, que faleceu em fevereiro, cobra retratação pública e aciona Ministério Público.
No vídeo, publicado em 17 de fevereiro, as alunas não mencionam o nome de Vitória, mas detalham o histórico clínico, sugerindo que um dos transplantes não teria sido bem-sucedido por suposta negligência da paciente em relação ao uso de medicações.
Em tom de deboche, Thaís chega a afirmar: “Essa menina está achando que tem sete vidas. Simplesmente uma pessoa que passou por três transplantes de coração. Ela recebeu três corações diferentes".
O conteúdo viralizou, alcançando mais de 200 mil visualizações. Um amigo de Vitória reconheceu o caso e alertou a família, que tomou providências legais.
A mãe, Cláudia Aparecida da Rocha Chaves, e a irmã, Giovana Chaves dos Santos, registraram um boletim de ocorrência e acionaram o Ministério Público de São Paulo (MPSP), além do próprio Incor.
A Secretaria da Segurança Pública informou que o caso está sendo investigado como injúria pelo 14º Distrito Policial, em Pinheiros. O MPSP declarou, em nota, que o caso foi encaminhado ao 4º Promotor de Justiça de Direitos Humanos da capital e está em avaliação.
Em comunicado, a Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (FMUSP), responsável pelo Incor, esclareceu que as estudantes são vinculadas a outras instituições de ensino e participavam de um curso de extensão de curta duração.
A FMUSP afirmou ainda que “repudia com veemência qualquer forma de desrespeito a pacientes e reafirma seu compromisso com a ética”.
Trajetória de Vitória
Vitória Chaves foi diagnosticada ainda na gestação com uma grave cardiopatia congênita rara, a Anomalia de Ebstein, que afeta a válvula do coração.
Aos quatro anos, deixou Luziânia (GO) rumo a São Paulo, onde, após mais de um ano na fila de espera, recebeu o primeiro transplante cardíaco em 2005, no Incor.
A jovem voltou a apresentar problemas dez anos depois, quando foi necessário um novo transplante em 2016, já que o coração estava funcionando somente com 3% da sua capacidade. Na época, o Profissão Repórter chegou a mostrar o caso.
Vitória passou a sofrer rejeição aguda do órgão em 2019 e ficou internada em um hospital do Distrito Federal. Mesmo assim, ela recebeu liberação médica e foi de ambulância fazer a prova do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem).

Em 2023, Vitória precisou passar por um transplante de rim e também voltou para a fila para garantir um novo coração.
Ela fez o terceiro transplante em 2024. Em fevereiro deste ano, Vitória morreu por insuficiência renal crônica e choque séptico. Ela estava na UTI do Incor há um ano e 9 meses.
diariodonordeste.verdesmares.com.br
Cariri Ativo
10.04.2025


