Estado recebeu R$ 69,2 milhões para projetos culturais e retorno para economia pode chegar a R$ 110 milhões.
Estes e outros dados estão disponíveis na ferramenta digital Painel da Lei Rouanet, criada pela plataforma Prosas, que facilita o acesso geral a informações transparentes sobre o instrumento público de fomento ao setor cultural.
Investimentos via Lei Rouanet saltaram quase 100% no Ceará
No ano passado, um total de R$ 217 milhões em recursos foram destinados a projetos e proponentes do Nordeste, sendo 32% deles aportados para 185 iniciativas do Ceará.
Para efeitos de comparação, o segundo estado nordestino que mais recebeu recursos em 2024, Pernambuco, teve percentual de 22,5% do total.
dos investimentos da Lei Rouanet no Nordeste são para o Ceará
Diretor-executivo da Prosas, Thiago Alvim ressalta ao Verso que a região como um todo teve crescimento de investimentos pela lei, com ênfase no Estado.
Dados da plataforma apontam que, de 2023 para 2024, os valores saltaram 47% no Nordeste. No Ceará, o aumento foi de mais de 97%. Apesar do destaque, a região recebe pouco mais de 7,3% do total de recursos da lei.
“O montante de recursos da Lei Rouanet aplicado em projetos apresentados por organizações do Nordeste cresceu consideravelmente em 2024, com destaque para organizações do Ceará. O volume praticamente dobrou no último ano, ampliando acesso à cultura para a população do Estado e também impactando a economia com a geração de empregos e contratações locais”
As áreas culturais que mais tiveram investimentos via Lei Rouanet no Estado em 2024 foram:
- Música - R$ 24,6 milhões
- Artes Cênicas - R$ 15,5 milhões
- Humanidades - R$ 9,6 milhões
- Patrimônio Cultural - R$ 7 milhões
- Audiovisual - R$ 4,7 milhões
- Artes Visuais - R$ 4,1 milhões
- Museus e Memória - R$ 3,6 milhões
Captação de recursos no Estado
No recorte regional, se destaca ainda a presença de duas organizações cearenses entre as proponentes mais beneficiadas do Nordeste no ano passado.
Em 3º, está a Arte Produções, que recebeu investimento de R$ 7,9 milhões para realizar o São João de Campina Grande (PB); e, em 6º, o Instituto Dragão do Mar (IDM), organização social que teve aporte de R$ 4,6 milhões para ações que incluem a XV Bienal Internacional do Livro do Ceará.
Diretora-presidente do IDM, Rachel Gadelha detalha ao Verso que, além do investimento na realização da Bienal, os recursos também foram utilizados em outro “projeto estruturante” desenvolvido em parceria com a Secretaria da Cultura do Ceará.
É o chamado Plano Anual, que, como ela explica, “reúne um conjunto de ações que reverberam nos equipamentos e programas culturais geridos pelo IDM, fortalecendo políticas públicas e conectando artistas, públicos e territórios”,
Entre elas, estão a realização da Série Cênica Especial — a partir da qual o Theatro José de Alencar e o Cineteatro São Luiz recebem espetáculos teatrais nordestinos —, os programas aBarca e Laboratórios de Criação — da escola Porto Iracema das Artes — e o festival Maré Cearense — que possibilitou circulação de 10 grupos do Estado em São Paulo.
O Instituto Dragão do Mar é uma organização social que faz gestão de mais 16 equipamentos no Ceará, incluindo o Centro Dragão do Mar de Arte e Cultura, a Biblioteca Estadual do Ceará e o Centro Cultural Bom Jardim, por exemplo.
Retorno financeiro total no Ceará estimado em mais de R$ 110 milhões
A gestora do IDM lembra, ainda, de estudos que comprovam o retorno financeiro dos investimentos via Lei Rouanet. A Fundação Getúlio Vargas, por exemplo, aponta que cada R$ 1 investido pela lei de incentivo à cultura retorna R$ 1,59 à economia.
“Considerando os R$ 4,6 milhões captados em 2024, estima-se um impacto de cerca de R$ 7,3 milhões em geração de renda, dinamização da economia criativa e estímulo à circulação de produtos e serviços culturais”, calcula.
Alargando a proposta para o total de investimentos recebidos pelo Ceará somente no ano passado — ou seja, os R$ 69,2 milhões —, é possível calcular que o retorno financeiro total no período alcança a cifra de mais de R$ 110 milhões.
retorno financeiro total estimado dos investimentos da Lei Rouanet no Ceará
“Apoiar projetos via Lei Rouanet, portanto, é mais do que investir em cultura — é fomentar um ciclo virtuoso de desenvolvimento. É uma decisão estratégica, que fortalece a economia, amplia direitos e projeta um Brasil mais criativo, diverso e conectado com a pluralidade da sua cultura”, resume Rachel.
Além da importância do impacto financeiro, a gestora também ressalta os retornos concretos e simbólicos ligados ao próprio acesso e democratização da cultura.
“A captação via Lei Rouanet permite ampliar a programação artística, contratar mais artistas regionais, levar projetos para o interior do estado e oferecer experiências culturais qualificadas e gratuitas à população. Ou seja, cada centavo captado é revertido em mais cultura para o público, mais oportunidade para os trabalhadores da cultura e mais dinamização da economia criativa no Ceará”
Conforme a gestora, só em 2024 as iniciativas do IDM alcançaram mais de 1 milhão de pessoas no Ceará.
“Foram centenas de formações, exposições, espetáculos, mostras, oficinas e atividades culturais — com destaque para projetos como os Laboratórios de Criação e o programa aBarca, que chegam a territórios antes não alcançados pelas políticas de fomento”, afirma.
diariodonordeste.verdesmares.com.br
Cariri Ativo
15.04.2025


