Castanhão, Orós e Banabuiú: saiba como o Ceará usará as águas dos principais açudes até iniciar 2026 - Cariri Ativo - A Notícia Com Credibilidade e Imparcialidade
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Castanhão, Orós e Banabuiú: saiba como o Ceará usará as águas dos principais açudes até iniciar 2026

Castanhão, Orós e Banabuiú: saiba como o Ceará usará as águas dos principais açudes até iniciar 2026

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Legenda: O Açude Orós atingou o volume máximo em abril e segue sangrando
Foto: Ismael Soares

Uma reunião envolvendo a Cogerh e os Comitês de Bacias Hidrográficas do Vale do Jaguaribe e Banabuiú definiu, nesta terça-feira, as vazões a serem liberadas para cada uso


Escrito por
Thatiany Nascimentothatiany.nascimento@svm.com.br

Pelo sexto ano consecutivo não haverá transferência das águas do Açude Castanhão para a Região Metropolitana de Fortaleza. A situação deve permanecer assim até o início de 2026. Essa foi uma das decisões tomadas, nesta terça-feira (17) em uma reunião que envolveu  Companhia de Gestão dos Recursos Hídricos (Cogerh) do Ceará e integrantes dos Comitês de Bacias Hidrográficas do Vale do Jaguaribe, Banabuiú, Salgado e Região Metropolitana de Fortaleza (que agrega instituições públicas, sociedade civil e usuários de água). 

O encontro realizado em Iguatu é uma reunião ordinária que ocorre todo ano após o fim da quadra chuvosa, quando o Estado começa a vivenciar o período mais seco, e  definiu como o Ceará irá utilizar as águas dos seus três maiores açudes - CastanhãoOrós e Banabuiú - até o começo do próximo ano. 

Este ano, das três maiores “caixas d'águas” de abastecimento do Estado, o Orós é o que tem a melhor situação e segue sangrando, desde o dia 26 de abril. Essa é a condição mais confortável. Conforme Yuri, dentre os três açudes, esse é o cenário mais diferenciado e foi considerado na reunião, resultando inclusive no aumento de vazão, se comparado a 2024 - únicos dos três açudes a ter ampliação da liberação.  

Legenda: O Açude Castanhão, maior do Ceará, segue com volume abaixo de 30%
Foto: Ismael Soares

Já a decisão de não transferência das águas do Castanhão para a RMF ocorre pois, segundo o presidente da Cogerh, Yuri Castro Oliveira, na bacia metropolitana os açudes estão com volume acima de 90%, não havendo, portanto, necessidade de transferência de água. 

Na reunião, que ocorreu no Auditório do Instituto Federal (IFCE) – Campus Cajazeiras, os Comitês de Bacia decidiram, com base em simulações, previsões climáticas e demandas reais, as vazões de águas a serem liberadas no segundo semestre para os distintos usos em cada reservatório. Segundo a Cogerh, o encontro teve a participação de cerca de 300 pessoas, entre representantes dos comitês, órgãos técnicos e sociedade civil.

Situação dos açudes e vazões definidas

No Ceará, a definição das operações dos açudes ocorre em duas etapas:

  • Primeira: ao término da quadra chuvosa quando se tem conhecimento sobre o volume acumulado de água nos açudes com as precipitações. Essa reunião é chamada de Alocação Negociada de água. Nela é definida a vazão liberada para cada setor: agricultura, perenização dos rios, dentre outros. 
  • Segunda: ocorre no começo do ano seguinte e nessa etapa é avaliada a operação anterior. Nesse momento são considerados fatores como: o que foi pedido de liberação de água, o que foi deliberado pelo Comitê de Bacia. 

O Castanhão (barragem em Alto Santo), maior açude do Brasil, com capacidade para acumular 6,7 bilhões de m³ de água, tem atualmente 29,38% do volume armazenado, conforme dados do Portal Hidrológico. No caso do Castanhão, a reunião desta terça-feira estabeleceu que o Açude terá exatamente a mesma vazão liberada que em 2024.

Já o Orós (na cidade de mesmo nome), segundo maior reservatório do Estado, com capacidade de armazenamento de 1,9 bilhão de m³ de água, segue com saldo positivo, com 100% do volume.

No caso do Orós, destaca o presidente da Cogerh, Yuri Castro, a vazão aumentou, pois em 2024 foi de 4.500 l/s. No reservatório todas as liberações tiveram incremento, sendo o maior deles no eixo Orós-Feiticeiro, pois, segundo Yuri, este segundo açude tinha essa demanda de incremento de vazão. Dele, a água chega, a partir de turbobombas, a a Jaguaribe. 

Legenda: O Açude Banabuiú tem capacidade para armazenar 1,5 bilhão de m³ de água
Foto: Thatiany Nascimento

No Banabuiú, terceiro maior açude do Ceará, com capacidade para armazenar 1,5 bilhão de m³ de água, com atualmente 36,59% da capacidade, a vazão liberada agora é menor (em 2024, foi de 3.300 l/s) tendo em vista a situação do reservatório. 

Nas reunião desta terça, foram aprovadas as seguinte vazões médias:

  • Açude Castanhão

A vazão aprovada por consenso para o Castanhão foi de 17.000 l/s.
5.274 l/s para o bombeamento do Eixão das Águas 
11.624 l/s para a perenização do Rio Jaguaribe
102 l/s para a montante (captação direta no reservatório)

  • Açude Orós

A vazão aprovada, nesta terça-feira por consenso foi de 5.500 l/s
850 l/s para canal Orós-Feiticeiro; 
1400 l/s para Açude Lima Campos; 
3070 l/s para Rio Jaguaribe; 
180 l/s por captação direta no lago (montante)

  • Açude Banabuiú

A vazão total aprovada foi de 3.000 l/s
140 l/s para abastecimento humano
10 l/s usos múltiplos
30 l/s para Cagece Ibicuitinga
10 l/s Sistemas de Abastecimento Rural
450 l/s para PROMOVALE (até o Perímetro Irrigado de Morada Nova)
1500 l/s para PIMN
400 l/s para jusante Morada Nova (múltiplos usos)
450 l/s perdas em trânsito
Essa liberação das águas atenderá diversos usos como abastecimento humano, agricultura, perenização dos rios. 

O que são os Comitês de Bacia?

Os Comitês de Bacias são órgãos colegiados que reúnem usuários, sociedade civil e poder público - como representantes das prefeituras e dos órgãos do governo. Os Comitês são responsáveis por avaliar as simulações apresentadas pela Cogerh e decidir sobre as vazões dos reservatórios, em um contexto de gestão participativa.

No Ceará, há 12 Comitês de Bacia, pois o Estado está dividido em 12 Bacias Hidrográficas. Esses Comitês integram o Sistema Nacional de Gestão dos Recursos Hídricos e são espaços de discussão e deliberação nos quais representantes da comunidade de uma bacia hidrográfica compartilham responsabilidades com o poder público na tomada de decisões quanto à gestão dos recursos hídricos. 

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18.06.2025