Quanto vai custar a nova vaga de deputado federal do Ceará que será disputada em 2026 - Cariri Ativo - A Notícia Com Credibilidade e Imparcialidade
Anúncio

Quanto vai custar a nova vaga de deputado federal do Ceará que será disputada em 2026

Quanto vai custar a nova vaga de deputado federal do Ceará que será disputada em 2026

Compartilhar isso

 

Legenda: Câmara aprovou texto que aumenta a quantidade de parlamentares
Foto: Kayo Magalhães/Câmara dos Deputados

Apenas com salário, verba de gabinete e auxílio-moradia, novo parlamentar deve custar mais de R$ 1,9 milhão por ano.


Escrito por
Beatriz Matos, de Brasíliaproducaodiario@svm.com.br


No mesmo dia em que o Congresso derrubou o decreto presidencial que aumentava o IOF (Imposto sobre Operações Financeiras) — medida usada pelo governo para reforçar a arrecadação em 2025 — parlamentares também aprovaram a proposta que cria mais 18 vagas de deputado federal. O texto passou pelo Senado com alterações e foi rapidamente pautado e aprovado pela Câmara, que correu para concluir a votação ainda nesta quarta-feira (25).

Agora, a proposta segue para sanção do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e deve garantir ao Ceará mais uma cadeira na bancada federal.

Atualmente, um deputado federal custa, no mínimo, R$ 46.366,19 em salário bruto por mês. Além disso, há a verba de gabinete de R$ 133.170,54 mensais, destinada ao pagamento de até 25 secretários parlamentares, fora encargos trabalhistas como 13º, férias e auxílio-alimentação, pagos diretamente pela Câmara. Também são oferecidos auxílio-moradia de R$ 4.253,00, passagens aéreas, cota para exercício parlamentar e diárias para viagens oficiais que chegam a R$ 842,00 no território nacional e até US$ 428 no exterior.

Custo de novo parlamentar

No Ceará, com a entrada de um novo representante, a tendência é que esse valor aumente proporcionalmente. Ao longo de 12 meses, apenas considerando o salário bruto, a verba de gabinete e auxílio-moradia, esses três itens somam mais de R$ 1,9 milhão. 

Quando se incluem encargos trabalhistas, eventuais diárias e outros auxílios, o custo final tende a ser mais elevado, considerando o reajuste nos benefícios, as emendas parlamentares que cada novo deputado poderá propor e o efeito cascata nos legislativos estaduais e municipais, o que torna o custo da nova cadeira ainda mais expressivo.

Só neste ano, os 22 deputados cearenses já gastaram R$ 4,4 milhões apenas com a cota parlamentar. Isso inclui despesas com divulgação, transporte, aluguel de veículos, combustíveis e manutenção de escritórios.

Como votaram os cearenses na Câmara

Na Câmara, foram 361 votos a favor; 36 contra e 30 abstenções.

Os deputados votaram a emenda incluída no Senado estabelecendo que, mesmo com o aumento de 18 deputados federais previsto no projeto, a despesa total relacionada ao exercício do mandato parlamentar deverá permanecer constante em termos reais, sendo corrigida a cada sessão legislativa. A norma congela as despesas nos valores do exercício de 2025, abrangendo verbas de gabinete, cotas parlamentares, passagens aéreas e auxílio moradia, vedando expressamente a aprovação de créditos. 

A favor da emenda:

  1. Nelinho Freitas (MDB)
  2. Yury do Paredão (MDB)
  3. Leônidas Cristino (PDT)
  4. Mauro Benevides Filho (PDT)
  5. Robério Monteiro (PDT)
  6. André Fernandes (PL)
  7. Dr. Jaziel (PL)
  8. Matheus Noronha (PL)
  9. Enfermeira Ana Paula (Podemos)
  10. AJ Albuquerque (PP)
  11. Célio Studart (PSD)
  12. Domingos Neto (PSD)
  13. Luiz Gastão (PSD)
  14. José Guimarães (PT)
  15. Danilo Forte (UNIÃO)
  16. Dayany Bittencourt (UNIÃO)
  17. Fernanda Pessoa (UNIÃO)
  18. Moses Rodrigues (UNIÃO)

Abstenção:

  1. Luizianne Lins (PT)

Ausentes:

  1. José Airton Cirilo (PT)
  2. Junior Mano (PSB)
  3. André Figueiredo (PDT)

A proposta original foi apreciada no Plenário no último dia 6 de maio. À época, o relator, Damião Feliciano (União), apresentou um substitutivo.

Veja como votaram os cearenses à época:

  • AJ Albuquerque ( PP ) — Sim
  • André Fernandes ( PL ) — Não
  • André Figueiredo ( PDT ) — Sim
  • Célio Studart ( PSD ) — Não
  • Danilo Forte ( União ) — Sim
  • Dayany Bittencourt ( União ) — Não
  • Domingos Neto ( PSD ) — Sim
  • Dr. Jaziel ( PL ) — Não
  • Enfermeira Ana Paula ( Podemos ) — Sim
  • Eunício Oliveira ( MDB ) — Sim
  • Fernanda Pessoa ( União ) — Sim
  • José Airton Félix Cirilo ( PT ) — Sim
  • José Guimarães ( PT ) — Sim
  • Júnior Mano ( PSB ) — Sim
  • Leônidas Cristino ( PDT ) — Sim
  • Luiz Gastão ( PSD ) — Sim
  • Luizianne Lins ( PT ) — Não
  • Matheus Noronha ( PL ) — Sim
  • Mauro Benevides Filho ( PDT ) — Sim
  • Moses Rodrigues ( União ) — Sim
  • Robério Monteiro ( PDT ) — Sim
  • Yury do Paredão ( MDB ) — Sim

    Projeto é aprovado com críticas

    A Câmara dos Deputados estima um impacto orçamentário direto de R$ 64,6 milhões por ano com a inclusão das 18 novas vagas. A Direção-Geral da Casa afirma que o orçamento atual já comportaria essa despesa e projeta uma margem ainda maior em 2027. Apesar da Comissão de Finanças e Tributação da Câmara considerar que o projeto é viável do ponto de vista orçamentário, outras entidades se posicionaram contra o PLP 277/2023.

    Movimento de Combate à Corrupção Eleitoral (MCCE), por exemplo, classificou a proposta como "casuística, imoral e um retrocesso institucional". Para a entidade, aumentar o número de parlamentares em um país com tantas desigualdades sociais é um "desrespeito à sociedade civil".

    Como votaram os cearenses no Senado

    • Eduardo Girão (Novo): Contra
    • Cid Gomes (PSB): A favor
    • Augusta Brito (PT): A favor

    O senador cearense Eduardo Girão (Novo), que votou contra a proposta, criticou duramente a medida e classificou a decisão como um "escárnio com a população brasileira”. Girão afirma que o Brasil já tem deputados em excesso e que a proposta abre um precedente perigoso para inchaços nos legislativos estaduais. 

    Segundo ele, ao se considerar o impacto indireto — como estrutura física, pessoal, e emendas parlamentares —, a conta pode custar R$ 1 bilhão por ano aos cofres públicos.

    "Já temos deputados demais. Estão querendo aumentar de 513 para 531, num jeitinho brasileiro. Isso vai repercutir nas assembleias legislativas, que também poderão aumentar. É um precedente perigosíssimo", declarou Girão.

    A percepção da população é semelhante. Uma pesquisa do instituto Datafolha, divulgada no dia 17, mostrou que 76% dos brasileiros são contra o aumento de deputados. Apenas 20% apoiam a proposta. O levantamento ouviu 2.004 pessoas em todo o país, com margem de erro de dois pontos percentuais.

    PontoPoder também procurou os senadores cearenses Augusta Brito (PT) e Cid Gomes (PSB), para comentar o impacto financeiro da proposta, mas ainda não obteve resposta até a publicação desta matéria. O espaço segue aberto para manifestações.

    diariodonordeste.verdesmares.com.br

    Cariri Ativo

    27.06.2025