O barbeiro Jorge Hyuri Machado da Silva conseguiu reconhecer o cão Tigre, quando viu um anúncio de abrigo para adoção de resgatados, em Canoas.
Autor Kaio Pimentel
Nem mesmo as enchentes enfrentadas no Rio Grande do Sul entre abril e maio de 2024 foram capazes de impedir a esperança do barbeiro e cantor Jorge Hyuri Machado da Silva de reencontrar o cachorro Tigre, desaparecido na maior tragédia climática gaúcha, após 13 meses de busca.
As informações são da RBS TV.
O animal estava sob cuidados do abrigo Palmeira Gobbi.
O morador de Canoas, na Região Metropolitana de Porto Alegre, havia construído uma amizade de oito anos com o cão, mas a cumplicidade passou por um difícil momento.
Durante o caos gerado pelo nível da água em constante aumento, Hyuri e Tigre se protegeram no último piso da casa do vizinho.
Mesmo assim, a família precisou buscar abrigo em outro local. Assim, o animal ficou sob guarda dos avós do barbeiro no Hospital de Pronto-Socorro (HPS).
"Para ser resgatado, eu tinha que deixar o cachorro. Eles não deixaram levar o Tigre no barco. Eu amarrei ele ali na parede e saí. Doeu muito, mas eu tinha que salvar minha vida", relembra o avô Luiz da Silva Netto.
Abrigo de cachorros resgatados na enchente do RS ainda conta com 39 animais para adoção
Apesar da dificuldade, o tutor nunca desistiu de procurar o melhor amigo. Após percorrer abrigos, pesquisar nas redes sociais e ir em feiras de adoção, o cantor finalmente achou o companheiro de quatro patas.
"Era uma segunda-feira, eu estava sentado aqui e vi que o abrigo Palmeira Gobbi ia fechar. Uma amiga compartilhou, e eu, na esperança, entrei. Quando vi as fotos, eu disse: é o Tigre", vibra.
Ao entrar em contato com o espaço, a confirmação deu-se pelo próprio Tigre, que atendia pelo nome de Jerri nesse ínterim. O reconhecimento foi por meio do faro aguçado do bicho, que logo pulou em cima, com saudade do responsável.
"Graças à divulgação [...] hoje ele (cachorro) irá dormir tranquilo na sua cama, no conforto de um lar silencioso e com muito amor", comenta o abrigo no Instagram.
A Prefeitura de Canoas prorrogou o prazo de fechamento da instituição para o dia 30 de agosto. A conta @caesresgatadoscanoas informa que 39 pets ainda estão disponíveis para adoção responsável.
"Ele me ajudou a sair de uma depressão. Deus e ele foram minha companhia em dias difíceis. Corto o cabelinho dele também, meu melhor cliente", brinca.
Estudo indica que a enchente de 2024 no RS foi o maior desastre natural do estado gaúcho
Segundo o estudo "As Enchentes no Rio Grande do Sul – Lições, Desafios e Caminhos para um Futuro Resiliente" da Agência Nacional de Águas e Saneamento Básico (ANA), lançado no dia 30 de abril, as enchentes de 2024 foram o maior desastre natural da história do Estado gaúcho.
"Com chuvas com duração, intensidade e abrangência territorial jamais observadas no Brasil", aponta.
A enchente fez o nível do lago Guaíba atingir o máximo histórico de 5,37 metros em Porto Alegre, superando em mais de 60 centímetros o recorde anterior registrado em 1941: 4,76 m.
Cerca de 2,4 milhões de pessoas em 478 municípios foram afetadas, causando 183 mortes e prejuízos econômicos bilionários.
De acordo com o estudo, os sistemas de proteção contra inundações na Capital e outras cidades gaúchas, projetados nas décadas de 1960 a 1980, falharam em vários pontos e por diversos motivos, como rupturas em comportas, refluxo em galerias, diques abaixo da cota de projeto e fragilização desse tipo de infraestrutura.
A publicação estima que 35% a 40% da população atingida pelas enchentes na Região Metropolitana de Porto Alegre em 2024 estava em áreas com sistemas falhos.
Os pesquisadores elencam que estudos internacionais indicam que a mudança climática induzida pelo homem pode ter tornado as chuvas duas vezes mais prováveis, assim como pode ter aumentado a intensidade das precipitações em 6% a 9%, além do fenômeno El Niño ter contribuído para o grande volume.
Avaliações de impacto da mudança do clima sugerem que a região Sul do País tem maior projeção de aumento de cheias, com a magnitude das vazões máximas subindo aproximadamente 20% e que as cheias extremas podem se tornar até cinco vezes mais frequentes na área.
Assim, a publicação indica que o dimensionamento de obras de infraestrutura deve incluir eventos climáticos extremos recentes nas análises estatísticas, assim como ascender a magnitude das vazões e acumulados máximas em 15% a 20%.
"A reconstrução do Estado deve incorporar critérios hidrológicos mais críticos para adaptação à mudança climática e combinar medidas estruturais e não estruturais, como: reassentamento, mapeamento de riscos, infraestrutura híbrida (cinza e verde) e incorporação dos impactos climáticos no planejamento", defende.
Serviço
Abrigo Palmira Gobbi/ Cães Resgatados Canoas
- Onde: avenida Farroupilha, 8001, bairro São José - Canoas (RS)
- WhatsApp: 51 98522-7232
- Pix: caesresgatadoscanoas@gmail.com
- Instagram: @caesresgatadoscanoas
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Cariri Ativo
21.07.2025