Documentos teriam sido encontrados após análise de Metadados do conteúdo do celular do ex-presidente
A Polícia Federal identificou arquivos no celular do ex-presidente Jair Bolsonaro que podem indicar acesso prévio dele ao conteúdo de defesa do general Mario Fernandes, um dos investigados pelo Supremo Tribunal Federal (STF) na trama golpista.
Segundo a Procuradoria Geral da República (PGR), Fernandes é apontado como um dos líderes no suposto plano cujo objetivo era assassinar o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), o vice Geraldo Alckmin (PSB) e o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre Moraes.
Bolsonaro e o filho dele, o deputado Eduardo Bolsonaro, foram indiciados pela Polícia Federal por coação no curso do processo e abolição violenta ao Estado Democrático de Direito.
Uma das peças desse indiciamento aponta que dois documentos salvos no celular de Bolsonaro teriam relação com a defesa apresentada do réu Mario Fernandes em determinado momento do processo. Os investigadores citam que o acesso de forma prévia a esse material revela uma continuidade "da estrutura hierárquica e do vínculo subjetivo entre os investigados".
Por conta disso, a Polícia afirma que tanto o ex-presidente, que segue em prisão domiciliar após decisão do ministro Alexandre de Moraes, como o filho, que está nos Estados Unidos, têm atuado contra integrantes do STF em meio ao julgamento da tentativa de golpe.
Documentos salvos em celular
Uma análise dos metadados do conteúdo do celular de Bolsonaro foi conduzida pela PF. Os documentos encontrados foram salvos com os nomes "Minuta revisão final.docx" e "Agravo Regimental versão final.docx" e teriam chegado ao ex-presidente por meio do WhatsApp, mas não foi possível identificar quem os teria enviado.
O criador do primeiro arquivo foi identificado como Alessandro Ajouz e o último autor foi citado como Marcus, o que poderia ser referência a Marcus Vinicius de Camargo Figueiredo, um dos advogados de Mario Fernandes.
A petição de defesa do general Mario Fernandes, com conteúdo semelhante ao documento do aparelho telefônico, havia sido protocolada nos autos do processo no último dia 6 de março. O advogado, apontou a análise, teria assinado a peça jurídica 1h09 após a criação do arquivo no celular de Bolsonaro.
"Nesse sentido, tendo em vista a notória semelhança entre o conteúdo do arquivo encontrado no aparelho celular do ex-Presidente com aquele protocolado nos autos da PET 12.100/DF pela defesa do réu MARIO FERNANDES, evidencia-se que JAIR MESSIAS BOLSONARO teve acesso prévio ao conteúdo relacionado à defesa do General MARIO FERNANDES", apontaram os investigadores.
Enquanto isso, o segundo documento seria referente a um recurso da defesa do general à Petição 12.100/DF, no contexto da investigação de um grupo de militares da ativa e da reserva com planos para impedir a posse do presidente eleito em 2022 utilizando ações violentas.
O documento teria sido criado por um usuário chamado "Sala de Reunião", o que segundo a PF aponta indício de que o arquivo foi produzido "em ambiente de uso compartilhado". Bolsonaro salvou o documento na tarde do dia 30 de dezembro de 2024, enquanto uma petição de conteúdo semelhante foi protocolada na Justiça no dia seguinte.
diariodonordeste.verdesmares.com.br
Cariri Ativo
22.08.2025