Adece diz que projeto está em ajustes finais, mas sem prazo para início.
Inaugurado oficialmente em 17 de março de 2022, o complexo opera atualmente apenas a primeira fase de sua infraestrutura. Desde então, já captou R$ 120 milhões em investimentos. Nesta etapa, oito indústrias já estão em funcionamento, enquanto outras seis encontram-se em fase de construção.
A realização das obras de pavimentação e infraestrutura no local são de responsabilidade do Governo do Estado do Ceará, por meio da Agência de Desenvolvimento do Estado do Ceará (Adece).
Segundo o presidente do Instituto Orbitar, entidade que administra o polo de Guaiúba, Marcos Soares, a promessa da entrega da segunda fase era ainda para 2022, mas não aconteceu.
A organização, inclusive, também aguarda essa ampliação do local para ter a sua sede.

Além disso, na segunda fase, haverá a portaria oficial do local com um espaço de apoio para caminhoneiros, uma balança comunitária para empresas do polo, espaço para incubadoras tecnológicas, entre outros benefícios previstos no projeto arquitetônico do empreendimento industrial.
“Estamos, inclusive, tentando marcar uma visita aqui, do governador (Elmano de Freitas), para ele poder ver como que está e liberar essa segunda fase”.
Ele comenta que o projeto foi enviado à Adece e que a última notícia que o Orbitar teve é de que havia sido repassado para a Superintendência de Obras Públicas (SOP). Porém, não foi dada nenhuma previsão ou prazo para análise e resposta.
Isso ocorre no tempo deles, que não é o mesmo tempo do empresariado que já queria estar aqui, mas não vem porque precisa das vias feitas para começar as suas obras”.
O Diário do Nordeste entrou em contato com a Adece para saber sobre o andamento do processo de liberação da construção das vias.
Por meio da assessoria de comunicação, foi informado que, “após aprovação pela Superintendência de Obras Públicas (SOP), o projeto da segunda fase do Polo Industrial Químico de Guaiúba encontra-se em análise e ajustes finais”.
A nota ainda afirma que, na primeira fase, a Adece investiu R$ 3,9 milhões em obras de infraestrutura para a viabilização do empreendimento.
Veja a lista de empresas do Polo Químico de Guaiúba
Em funcionamento
- Intraplast
- CBAA Asfaltos
- Topázio colchões
- CB Plástico
- Wana Química
- Forpack
- Unolar
- Bonno Colchões
Em construção
- Limpemax
- Fortfix
- Exata Cor
- Fortcolor
- Garrafão Brasil
- Plastsan
- L.D. Mármores
Esperando a Fase 2
- Arca Plast
- Pinho Pack
- Agromix
- Fortsan
- Fertsan
- TQuímica
- Nutrilem
- Metalcare
- Instituto Orbitar
Prefeitura prevê segunda fase para 2026
A prefeita Izabella Fernandes (PSB) espera que a segunda fase de infraestrutura do polo seja feita até 2026. Ela comenta que buscar esses recursos com o Governo do Estado é umas das prioridades do seu plano de governo.
“Essa foi uma promessa dos governadores: nos ajudar na implantação da segunda etapa do polo para que ele funcione plenamente com todos os espaços. Por isso, estamos em tratativas com o governador Elmano para isso e espero que, até ano que vem, ano eleitoral, a gente consiga”.

Sobre mudanças na economia de Guaiúba, a prefeita afirma que já sente os reflexos da instalação do polo. “A chegada do polo químico gerou muita oportunidade de emprego e renda, aquecendo a nossa economia, porque os salários estão sendo gastos no município”, aponta.
Ocupação só começa a contar após liberação de acesso oficial
Soares explica que, para poder tomar posse da área, as empresas precisam aguardar a infraestrutura de acesso. A regra está prevista na lei que regulamenta o polo. “Então, essas empresas da segunda fase estão na geladeira, digamos assim", frisa.
"Elas possuem a inscrição dos lotes que vão ocupar, que estão demarcados no mapa oficial do local, mas o prazo de até um ano para a construção e de até dois anos para começar a operar só começa a contar depois que a área é oficialmente entregue”, completa.

Sobre a doação dos espaços, o presidente do Instituto Orbitar ainda comenta que, desde o início da implantação do polo, oito terrenos foram revertidos. Isso ocorre quando as empresas que os receberam não iniciaram a obra no prazo de 12 meses.
Esse processo de reversão é agilizado pelo Orbitar, inclusive com pagamento de documentação para a área voltar o mais rápido possível para o município e ser doada para outra empresa que tenha intençã ode fazer parte do polo, mas não conseguiu área disponível.
Atualmente, há sete empresas que mostraram interesse em estar no local, mas não há lotes disponíveis no momento.
“Mesmo sem espaço disponivel no momento, a gente não descarta nenhuma empresa que queira fazer parte. Quando surge uma oportunidade, fazemos contato para verificar se ainda há interesse", reforça.
Empresa de produtos de limpeza investiu R$ 20 milhões
A empresa cearense Unolar, de produtos de limpeza, é uma das que já está em operação no polo químico e aguarda área para expansão.
A indústria foi construída no parque em 11 meses e saiu de Maracanaú, onde foi fundada, por ver a oportunidade de participar do condomínio industrial com incentivos fiscais vantajosos.
No local, foi feito um investimento de R$ 20 milhões. Agora, a intenção é duplicar esse valor nos próximos três anos.
Além disso, no mesmo período a projeção é ampliar a planta de produção e expedição, hoje com 4.000 m², em até 70%.

Atualmente, a empresa possui seis famílias de produtos, totalizando 42 itens fabricados, como detergentes, amaciantes e lava-roupas.
Presente em mais de 4 mil pontos de venda somente no Ceará, a empresa pretende, com a ampliação da fábrica em Guaiúba, aumentar esse número no Estado e expandir para regiões vizinhas.
“Chegamos a 100% das regiões do Ceará, mas ainda temos 10 mil pontos de venda no Estado para conquistar”, afirmou o diretor comercial da Unolar, Luiz Antônio Deusdara.
Sobre a mão de obra da fábrica, o diretor industrial Silvio Deusdara afirma que atualmente 50 pessoas trabalham no local.
Além disso, há dez vagas em aberto, não só na produção, mas também em cargos de gestão, sendo a prioridade de contratação para moradores de Guaiúba.
“Vimos o potencial e estamos apostando nele”, diz Silvio.
O impacto do polo no mercado de trabalho
Lázaro Lima, de 20 anos, trabalha como jovem aprendiz na Unolar. Após oito menos, ela começou a ser treinada para se tornar chefe do Planejamento e Controle de Produção (PCP) da indústria
Com a promessa de instalação de um polo químico na cidade, ele cursou o técnico em Química no ensino médio ainda em 2019.
“Quando comecei o curso, o polo químico ainda era só um sonho, algo que todo mundo achava que não ia acontecer. Como ele não saia, eu achava que teria que procurar emprego em Maracanaú, porque nem em Pacatuba eu acreditava que ia dar”, lembra.

Ele, que precisou trabalhar como garçom para obter uma renda, afirma que não imaginava, já no primeiro ano de trabalho na indústria, receber o salário atual e ter oportunidades rápidas de crescimento.
Até de faturamento estou tentando aprender agora. Já fiz mistura, como auxiliar de produção, já participei da logística, da química, do controle de qualidade e agora tô no PCP. Sou muito grato aos dois diretores e ao antigo gerente que me pegou pela mão e me ensinou até o básico, por acreditar em mim”.
Polo contribui para a economia circular na cidade
Nos estudos para a implementação do empreendimento, foi constatado que a cidade servia de dormitório, já que muitos dos moradores precisavam se deslocar para outros municípios da região metropolitana para trabalhar.
Consequentemente, esses trabalhadores acabavam consumindo também em outros locais, impedindo a circulação de dinheiro na localidade, conforme a prefeita.
“Além disso, também aquece a economia do município com relação à chegada de impostos. Com isso, conseguimos mais recursos para fazer mais ações e serviços para a população”, diz a gestora.
Já sobre o município possuir o menor Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) da região metropolitana, Izabella reforça que o polo também foi levado para Guaiúba para mudar essa realidade.
“Éramos a cidade mais pobre, mais carente, mas a chegada do polo aquece a movimentação na cidade justamente porque melhora a estrutura de vida dos cidadãos, trazendo oportunidades de emprego. Melhorando a vida dos cidadãos, melhora o IDH, mas isso é a médio e longo prazos, não temos uma projeção ou dado oficial ainda”, explica Izabella.
O que é o Polo Químico de Guaiúba
O Polo Químico de Guaiúba é um local projetado para receber 25 empresas do setor. Até agora, com a sua primeira fase instalada, já recebeu R$ 120 milhões em investimentos privados.
O valor é quase a metade do previsto na sua concepção, em 2017, que era de R$ 250 milhões. Atualmente, ele gera apenas 400 empregos dos 2 mil previstos, além de 100 pessoas trabalhando na construção das indústrias.
Ao todo, o polo possui oito indústrias já em funcionamento e seis em fase de construção.
Distante 50 km de Fortaleza, 29 km do 4º Anel Viário e 10 km de onde vai passar a ferrovia Transnordestina, o complexo tem todos os seus 25 espaços ocupados ou destinados para empresas.
Os empreendimentos, na sua maioria, são cearenses e já existiam em outras localidades da região metropolitana e na própria capital.
Porém, estavam sem espaço para um crescimento de área e produção. Além disso, há indústrias de grupos com sede em São Paulo, Pará, Pernambuco e Paraíba.
*Colaborou Luana Barros
diariodonordeste.verdesmares.com.br
Cariri Ativo
17.09.2025