Segundo o 'Fantástico', desde 2019, Ruy Ferraz Pontes tinha conhecimento de documento ordenando sua morte e de outras autoridades.
Conforme a reportagem, a relevação surgiu durante uma audiência em 2019. Na ocasião, a vítima afirmou que ter conhecimento de que seu nome estava em uma carta elaborada pela facção, determinando sua morte.
Em entrevista ao "Fantástico", o promotor de justiça Lincoln Gakiya revelou que Ruy já havia "sido ameaçado e jurado de morte desde 2006". Gakiya, que também está na mira do PCC, ainda afirmou que as "ordens nunca foram retiradas, inclusive a minha, elas estão de pé".
Um relatório de criminosos da facção descoberto em 2024 pelo Ministério Público, chamado de "Bate Bola", revelou detalhes de planos de atentados contra autoridades. O item 16 do documento especificava "perseguição" ao ex-delegado e ao promotor.
Há quase um mês, em entrevista a um podcast da rádio CBN e do jornal O Globo, Ruy havia voltado a revelar preocupação com a própria segurança:
Eu vivo sozinho aqui na Praia Grande, que é no meio deles [PCC]. Para mim é muito difícil. Se eu fosse um policial da ativa, estava pouco me importando, [porque] eu teria estrutura para me proteger. Hoje, eu não tenho estrutura nenhuma.
O que se saber sobre o caso?
Ruy Ferraz Pontes foi assassinado a tiros no início da noite da última segunda-feira (15). O crime aconteceu em Praia Grande, no litoral paulista, após o ex-delegado ser perseguido por uma SUV preta, bater em dois ônibus e capotar no meio da pista. Os criminosos, logo depois, desceram do veículo e atiraram em Ruy.
Segundo o sistema de segurança da Prefeitura de Praia Grande, a vítima era monitorada há mais de um mês pelos criminosos. Imagens das câmeras de segurança espalhadas pela cidade conseguiram identificar um dos carros utilizados para fuga após a execução, que vinha circulando pelas ruas da Cidade durante os dias de semana.
As motivações para o crime ainda estão sendo investigadas, mas o Polícia trabalha com duas possibilidades. Na primeira, o atentado teria relação com o atual cargo de Ruy na Secretaria Municipal de Administração de Praia Grande. Na segunda, a principal razão seria uma vingança armada pelo PCC para eliminar um antigo desafeto.
Para o secretário de Segurança Pública, Guilherme Derrite, não restam dúvidas de "que há participação do crime organizado".
Já Gakiya afirmou que "pode ter sido um crime cometido por outros atores que não o PCC, mas dificilmente isso seria executado se o PCC, pelo menos, não desse anuência".
Até esta segunda-feira (22), quatro suspeitos de envolvimento no crime foram presos e outros três continuam foragidos.
Ruy Ferraz Pontes se aposentou do cargo de delegado-geral em 2022 e passou a atuar na Secretaria Municipal de Administração. Ele participou ativamente das investigações de ataques do PCC que levaram terror a São Paulo em 2006.
diariodonordeste.verdesmares.com.br
Cariri Ativo
22.09.2025