Primeira ação tem como alvo a Cooperativa Agrícola e de Produção de Maranguape (Coagrícola), acusada de irregularidades por seus cooperados
Há uma guerra declarada da Federação da Agricultura e Pecuária do Ceará (Faec) contra algumas cooperativas agrícolas que atuam como se fossem propriedade particular dos que as dirigem. Em resumo, esta é a denúncia que o presidente da Faec, Amílcar Silveira, faz por meio desta coluna.
Essa guerra é travada, neste momento, contra a Cooperativa Agrícola e de Produção de Maranguape (Coagrícola), “mas temos informações de que há outras praticando as mesmas irregularidades”, razão pela qual ele está solicitando, pelos meios legais, documentos contábeis que poderão revelar a extensão dos ilícitos.
Amílcar Silveira distribuiu ontem, pelas redes sociais, um vídeo em que declara a posição da Faec, que é de “absoluta intransigência contra o que está errado”. Associados de várias cooperativas agrícolas com atuação em diferentes regiões do Ceará têm, nos últimos dias, procurado o setor jurídico da Faec para denunciar “desvio de conduta e de objetivos de dirigentes dessas instituições, o que prejudica e mancha a imagem do sistema cooperativista no nosso estado”, como disse Silveira.
Terça-feira, 14, o presidente da Faec encaminhou ao presidente da Cooperativa Agrícola e de Produção de Maranguape Ltda (Coagrícola) o “ofício Nº 124/2025/PRES/FAEC”, vazado nos seguintes termos:
“A Federação da Agricultura e Pecuária do Estado do Ceará (Faec), na qualidade de entidade representativa dos produtores rurais cearenses, tendo sido procurada por diversos associados acerca de dificuldades na obtenção de informações junto a essa distinta cooperativa, vem, respeitosamente, solicitar que sejam disponibilizadas, no prazo de até cinco dias, as Atas das Assembleias Gerais que aprovaram as Prestações de Contas dos últimos cinco exercícios, incluindo os Relatórios de Gestão, os Balanços Patrimoniais, os Demonstrativos de Sobras e Perdas e os Pareceres do Conselho Fiscal.
“Ademais, requer esta Federação que essa entidade se digne a convocar uma Assembleia Geral Extraordinária, em até vinte dias, com o objetivo de discutir assuntos de interesse dos produtores cooperados, especialmente aqueles relacionados às atividades efetivamente prestadas pela Coagrícola em benefício dos mesmos. “Sem mais para o momento, colocamo-nos à disposição de Vossa Senhoria para eventuais esclarecimentos acerca dos pedidos ora formulados e aguardamos o devido retorno.”
Triste e decepcionado com o desvio de finalidades de algumas cooperativas agrícolas do Ceará, o presidente da Faec lamenta que tenha de adotar “providências extremas, mas necessárias, com o objetivo de preservar o cooperativismo neste estado”.
Ele explica que o movimento cooperativista, no Brasil e no mundo todo, une pessoas com objetivos comuns, baseados na mútua colaboração. No Sul do país, principalmente no Paraná e no Rio Grande do Sul, as cooperativas de produção agrícola e pecuária “são potências” em suas respectivas economias. Algumas delas têm milhares de cooperados, que são médios e pequenos produtores rurais.
O presidente da Faec não deu detalhes sobre as irregularidades denunciadas pelos associados da Cooperativa Agrícola e de Produção de Maranguape, que foi fundada em setembro de 1966, tendo como sua principal atividade econômica a preparação e fiação de fibras de algodão. Como atividade secundária, constam a “produção de mudas e outras formas de propagação vegetal, atividades de pós-colheita, fabricação de conservas de frutas, fabricação de conservas de legumes e outros vegetais, exceto palmito” e outras.
Não se deve confundir a Coagrícola, foco da ação da Faec, com a Cooperativa Agrícola Mista de Maranguape, fundada no início dos anos 60 e dedicada à produção de leite pasteurizado e produtos derivados, como manteiga e queijo. Ao longo dos seus mais de 60 anos de vida, a Cooperativa Agrícola Mista de Maranguape não registrou qualquer protesto dos seus cooperados contra seus dirigentes.
“A diretoria da Faec e a dos sindicatos rurais do Ceará rejeitam toda e qualquer ação ilegal praticada por agentes da cadeia produtiva da agropecuária cearense, e as cooperativas agrícolas fazem parte dela. Ao decidirmos pelas providências que agora estamos adotando, moveram-nos o espírito de justiça e, mais ainda, a determinação da Federação da Agricultura de esclarecer os fatos denunciados e, se for o caso, a punição dos responsáveis pelas irregularidades”, concluiu Amílcar Silveira.
Esta coluna tentou, sem êxito, contato com diretores da Coagrícola, que têm aqui espaço para posicionar-se sobre a questão.
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Cariri Ativo
16.10.2025