Operação da ferrovia será inicialmente em regime de testes, com capacidade reduzida.
As informações já foram publicadas no Diário Oficial da União (DOU). O trecho autorizado pela ANTT é de exatos 679 quilômetros (km) e interliga São Miguel do Fidalgo (PI) a Acopiara (CE), cortando ainda a porção oeste do estado de Pernambuco.
Segundo informações da assessoria de imprensa da Transnordestina Logística S.A (TLSA), empresa responsável pela construção e operação da linha férrea, o trecho a ser operado será inicialmente entre Bela Vista do Piauí (PI) e Iguatu (CE), totalizando cerca de 600 km.
A decisão da ANTT é válida em regime de comissionamento, isto é, a ferrovia vai operar em modelo de testes, em escala reduzida e transportando menos cargas do que a capacidade anunciada pela TLSA.
Com isso, a ferrovia, cuja construção começou em 2006, ainda durante o primeiro mandato de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) como presidente, passa a funcionar no interior de Piauí, Pernambuco e Ceará.
Em julho, o presidente da TLSA, Tufi Daher Filho, afirmou que o início do transporte de grãos da Transnordestina entre os interiores do Piauí e do Ceará aconteceria "em outubro ou novembro" deste ano.
Como vai funcionar a Transnordestina?
Durante a fase de comissionamento, a ANTT definiu "condições técnicas específicas". Segundo a agência, esse regime é adotado em novas ferrovias, e "permite que a via se ajuste gradualmente à carga transportada e às dinâmicas operacionais".
"As inspeções realizadas pela agência confirmaram o atendimento aos requisitos mínimos para o início do tráfego, restando ajustes pontuais a serem concluídos", diz agência.
Conforme a ANTT, entre as determinações estão limites de velocidade, monitoramento técnico contínuo e ações de comunicação voltadas às comunidades próximas à ferrovia, com foco em segurança nos cruzamentos e nas áreas de circulação dos trens.

Neste primeiro momento, a Transnordestina vai transportar grãos, algodão, minérios, gesso, gipsita e contêineres. Por ano, a fase de comissionamento poderá levar até 1 milhão de toneladas de cargas.
Os trens vão ter duas locomotivas e 20 vagões cada, com velocidade máxima de 60 km/h, seguindo as determinações estabelecidas pela ANTT.
Ferrovia segue em construção
Inicialmente pensada como um 'T' invertido interligando Eliseu Martins (PI) aos portos de Pecém (CE) e Suape (PE), a ferrovia passou por mudanças ao longo dos últimos anos.
Atualmente, a Transnordestina é executada desta forma pelo Governo Federal, mas sob concessão da TLSA, está somente o trecho conhecido como 'L' invertido, entre Eliseu Martins e o Porto do Pecém. O trajeto entre Salgueiro (PE) e Suape está a cargo do Poder Público nacional.
O investimento atualizado da construção da ferrovia é de R$ 15 bilhões para construir do zero 1.206 km de trilhos. Na fase de comissionamento, 56,3% desse total estará apto para operação.
É o trecho que está completamente concluído, com toda a infraestrutura de ferrovias já entregue. A outra parte, 43,7%, ou está com diferentes estágios de execução, ou ainda não foi contratada.
De acordo com o Governo Federal, o cronograma atualizado prevê obras concluídas da Transnordestina até 2029. Quando for concluída, a ferrovia poderá substituir quase 400 caminhões de cargas, com capacidade para transportar 33 milhões de toneladas por ano.
Legenda:
*: São múltiplos trechos nos estados de Piauí, Pernambuco e Ceará. No Ceará, são trechos entre a divisa com Pernambuco passando por Missão Velha, Lavras da Mangabeira, Iguatu e Acopiara;
**: São seis trechos, todos em território cearense, em construção, que abrangem Acopiara, Piquet Carneiro, Quixeramobim, Quixadá, Itapiúna, Baturité, Caucaia e Porto do Pecém, destino da ferrovia;
São os dois únicos trechos (lotes 9 e 10) que ainda não foram contratados. O presidente da TLSA vislumbra que a contratação ocorra ainda em 2025;
****: Inicialmente, a construção da fase 2 seria iniciada após a conclusão da fase 1, mas as obras de ambas as partes estão sendo tocadas em paralelo pela TLSA.
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Cariri Ativo
14.10.2025