O suspeito não aceitava o fim do relacionamento amoroso com a tia da vítima do sequestro.
Policiais militares que participaram das buscas pelo sequestrador informaram à Polícia Civil do Ceará (PCCE) que, durante as buscas, viram Antônio Bezerra de Sousa Júnior andar pela mata da caatinga sozinho, como se conhecesse a região, próximo ao Distrito Feiticeiro.
Porém, os policiais perderam o suspeito de vista e não conseguiram prendê-lo naquele momento. O sequestro da jovem durou mais de 12 horas.
A vítima - sobrinha da ex-companheira de Antônio - relatou à Polícia Civil que trabalhava na clínica de estética da mãe, na noite da última quinta-feira (13), quando ouviu um barulho na porta, como se alguém forçasse a entrada.
O suspeito conseguiu entrar no estabelecimento e perseguiu a mãe da vítima do sequestro. A mulher correu e se escondeu numa sala. Antônio ainda teria efetuado um disparo, que não atingiu ninguém.
Logo depois, Antônio encontrou a jovem, a mandou sair com ele e puxou o braço dela. O suspeito ordenou que ela entrasse em um carro e disse que iria matá-la, caso a tia dela não trocasse de lugar com ela.
Antônio Bezerra não aceitava o fim do relacionamento amoroso com a tia da vítima do sequestro. Segundo testemunhas, ele já tinha procurado pela ex-namorada na clínica de estética, outras três vezes.
A reportagem apurou que Antônio já havia sido preso e condenado por um feminicídio, contra uma ex-companheira. Ele estava de tornozeleira eletrônica, mas rompeu o equipamento durante o sequestro.
Cativeiro na zona rural
A vítima também contou à Polícia que o suspeito a levou para um cativeiro na zona rural de Jaguaribe, no Distrito Feiticeiro.
Ao chegar em uma região de mata, o sequestrador e a vítima andaram pela caatinga, até chegarem em uma residência. Lá, Antônio teria obrigado à jovem a chamar pelo nome do proprietário.
Dois homens atenderam ao chamado e perguntaram quem era. A jovem disse o nome dela, e um homem perguntou se ela "sabia de uma menina que foi sequestrada". "E foi?", respondeu a jovem, para disfarçar que estava na mira de uma arma de fogo.
Ao abrirem a porta, os homens foram surpreendidos com Antônio Bezerra de Sousa Júnior armado e fazendo a jovem de refém. O suspeito perguntou se a dupla tinha arma de fogo ou celulares, e se apropriou do aparelho de um deles.
A jovem foi mantida refém em um quarto da casa onde estavam os dois trabalhadores da propriedade, por várias horas. Por algumas vezes, Antônio deixou o local para pegar água em um riacho, nas proximidades.
Na terceira ocasião, a vítima "aproveitou a oportunidade e fugiu", segundo o depoimento prestado à Polícia. Ela caminhou até encontrar uma casa e pediu ajuda. De lá, ela foi levada por moradores para o Centro de Jaguaribe.
Outros reféns na fuga
Conforme a manifestação do Ministério Público do Ceará (MPCE) à Justiça, "uma grande operação policial foi montada, envolvendo Força Tática, RAIO, BOPE, BEPI e o helicóptero do CIOPAER, que realizaram buscas ininterruptas durante a noite e a madrugada".
Após a fuga da sobinha da ex-companheira, Antônio Bezerra "continuou sua evasão e invadiu outra residência na zona rural", onde rendeu um jovem e dois irmãos menores de idade, segundo o MPCE.
O jovem se ofereceu a sair com o sequestrador, "para proteger os irmãos". O novo refém foi obrigado a pilotar uma motocicleta. "Durante este trajeto, o autuado ainda roubou o celular do motorista de um ônibus que estava parado", pontuou o Ministério Público.
Suspeito e vítima entraram em uma fábrica. A Polícia recebeu a informação e se dirigiu ao local. No estabelecimento, o criminoso manteve uma arma na cabeça do refém, enquanto exigiu a formação de um "escudo humano" com seis funcionários da fábrica.
"Iniciou-se uma negociação. A equipe policial ofereceu água ao autuado. No momento em que Antônio Bezerra de Sousa Júnior foi pegar o copo de água, ele colocou o revólver entre as coxas. Percebendo a oportunidade, o subtenente Baltman agiu rapidamente e conseguiu tomar a arma do autuado. O autuado ainda tentou resistir, mas foi imobilizado e preso pelas equipes", narrou o Ministério Público.
Em audiência de custódia realizada no sábado (15), o juiz do Plantão do 2º Núcleo Regional decidiu converter a prisão em flagrante de Antônio Bezerra de Sousa Júnior em prisão preventiva.
"Tais elementos probatórios demonstram, de forma concreta, que, caso esteja solto, o imputado poderá voltar a delinquir, não se revelando suficientes, pela gravidade concreta do crime que ora se apura, já que envolve várias condutas, com várias vítimas, somado ao histórico do acusado, medidas cautelares diversas da prisão, não se mostram bastantes, ainda que cumulada entre si, para elidir a prática de novos delitos", concluiu o magistrado.
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Cariri Ativo
19.11.2025


