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Operação contra 'streamings' piratas encontra 'mineradora' de criptomoedas no Ceará

Operação contra 'streamings' piratas encontra 'mineradora' de criptomoedas no Ceará

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Legenda: A 'mineradora' de criptomoedas funcionava em uma casa de médio porte, em Chorozinho.
Foto: Divulgação/ MPCE.

Organização criminosa vendia serviços ilegais de 'streaming' para clientes de todo o Brasil.


Escrito por
Messias Borgesmessias.borges@svm.com.br


Uma residência de médio porte, no Município de Chorozinho, na Região Metropolitana de Fortaleza (RMF), escondia uma "mineradora" de criptomoedas - que era utilizada para a lavagem de dinheiro de uma organização criminosa que vendia serviços de "streaming" (transmissões e reproduções de conteúdos) piratas. 

O proprietário do imóvel, alvo de mandados de prisão preventiva e busca e apreensão, na Operação Endpoint, nesta terça-feira (18), também foi preso em flagrante - por furto de energia. A ofensiva foi coordenada pelo Grupo de Atuação Especial de Combate às Organizações Criminosas (Gaeco), do Ministério Público do Ceará (MPCE).

A reportagem apurou que uma equipe da Enel Ceará compareceu à região e constatou o furto de energia.

Os equipamentos utilizados pelo suspeito, para manter uma "mineradora" de criptomoedas, demandavam uma alta carga de energia.

A "mineradora" ou "usina" de criptomoedas é uma grande instalação, com computadores e outros equipamentos, que permite a resolução de complexos problemas matemáticos para validar a transação de criptomoedas. Com a validação, os "mineradores" são recompensados com novas criptomoedas.

Uma fonte ligada à investigação ressaltou que a produção de criptomoedas não é crime. Entretanto, o suspeito se utilizava de furto de energia para realizar a "mineração" e ainda "lavava" o dinheiro dos "streamings" piratas, com a "usina".

Outro suspeito de produzir criptomoedas e de integrar o esquema criminoso foi preso no Estado de Santa Catarina.

Venda de serviços piratas

O Gaeco começou a investigação contra a organização criminosa no fim de 2024, ao receber "informações da possível prática dos crimes de violação de direitos autorais, lavagem de dinheiro e organização criminosa, supostamente cometidos por operadores de plataformas de streaming piratas, dentre as quais se destacam as 'marcas' intituladas como 'DezPila', 'Tyflex' e 'Onlyflix'", segundo o MPCE.

Quanto ao modus operandi das plataformas, apurou-se que os investigados atuavam como se fossem prestadores de serviço de TV por assinatura, ofertando programação televisiva, filmes e séries sem autorização dos detentores dos direitos e em desacordo com a legislação vigente."
Ministério Público do Ceará
Em publicação

Clientes de todo o Brasil pagavam entre R$ 9 e R$ 90 pelos serviços ilegais. "A captação de clientes era realizada por meio de páginas na internet hospedadas em serviços de criação de sites (a exemplo de Wix e Hostinger), além de redes sociais, grupos de WhatsApp e canais no Telegram", informou o Ministério Público.

Ainda segundo o Órgão, o esquema criminoso continuava em operação até esta terça-feira (18) e os clientes realizavam pagamentos online, "com utilização de empresas especializadas em checkout e gateway, e recebimento de valores por diversos meios, especialmente via Pix".

Um suspeito de ser um dos líderes do esquema ilegal de "streamings" foi preso em Fortaleza. Outros dois suspeitos, alvos de mandados de prisão preventiva, são procurados no Estado de Alagoas.

A imagem mostra bens apreendidos durante a Operação Endpoint, do Ministério Público, como relógios e celulares.
Legenda: Relógios, celulares, cartões bancários e outros bens foram apreendidos com os suspeitos, durante cumprimento de mandados de busca e apreensão.
Foto: Divulgação/ MPCE.

Medidas contra o esquema criminoso

Além das prisões, o Gaeco solicitou à Justiça Estadual medidas cautelares, que visam estancar a atuação da organização criminosa.

R$ 12 milhões
foram bloqueados pela Justiça, em contas bancárias dos alvos da Operação Endpoint. E 19 mandados de busca e apreensão foram cumpridos.

O Poder Judiciário também suspendeu a atividade de 14 empresas ligadas ao esquema criminoso, por 180 dias. E determinou o bloqueio e apreensão de criptoativos.

Duas medidas voltadas para a Internet também foram deferidas pela Justiça: bloqueio de domínios de internet e perfis em redes sociais vinculados ao esquema; e desindexação de resultados de pesquisa em plataformas de busca, "de forma a dificultar o acesso do público às estruturas utilizadas para a prática dos ilícitos", segundo o MPCE.

O Gaeco contou com apoio da Polícia Civil do Ceará (PCCE) e do Laboratório de Operações Cibernéticas, do Ministério da Justiça e Segurança Pública, na Operação.

O nome da Operação - Endpoint - se refere ao "ponto de acesso ou comunicação de um serviço na rede — a “porta” por onde um sistema recebe solicitações e envia respostas", explicou o Ministério Público do Ceará.

A operação recebe esse nome justamente por ter como foco a identificação e bloqueio desses pontos de acesso (como servidores, painéis de controle de revendedores de IPTV, dispositivos e demais canais de comunicação) que sustentam atividades ilegais, especialmente a pirataria de conteúdos audiovisuais e outros cibercrimes."
Ministério Público do Ceará
Em publicação

O MPCE acredita que, "ao atingir diretamente esses endpoints, a atuação enfraquece a infraestrutura utilizada pelos criminosos e contribui para a proteção de usuários, de provedores legais de conteúdo e de todo o ecossistema digital".

diariodonordeste.verdesmares.com.br

Cariri Ativo

19.11.2025