Presença do público está limitada a 10% da capacidade das igrejas (Foto: Luciano Cesário)Apesar da reabertura, idosos e pessoas com comorbidades receberam foram orientados a não comparecer aos templos.
Diferente da Arquidiocese de Fortaleza, que manteve a suspensão das celebrações presenciais — apesar da liberação pelo Governo do Estado, a Diocese do Crato, no Sul do Ceará, autorizou a reabertura das paróquias na região do Cariri para a realização de missas com presença de público.
Segundo a instituição religiosa, as igrejas estão funcionando de acordo com o protocolo sanitário estabelecido pelas autoridades de saúde, que limita a ocupação dos templos a 10% da capacidade e define obrigatoriedade do uso de máscara, álcool em gel e distanciamento mínimo de 2 metros.
Na Basílica Santuário de Nossa Senhora das Dores, um dos principais templos religiosos de Juazeiro do Norte, os bancos foram demarcados com adesivos para indicar a distância correta entre os fiéis. “Também oferecemos álcool em gel na entrada e só permitimos o acesso a quem estiver utilizando máscara”, explica o reitor da Basílica, Padre Cícero José.
O sacerdote ainda ressalta que os fiéis integrantes do grupo de risco para a Covid-19 são orientados a acompanhar as celebrações através da internet. “A gente pede a esse público mais vulnerável à doença que, nesse momento, acompanhe a eucaristia de modo virtual, de sua própria casa”, afirma o Padre, enfatizando que a ausência dos fiéis na igreja tem lhe causa sofrimento. “Nós sofremos quando vemos os nossos fiéis, muitos deles, com sede de estar aqui conosco, mas para cuidar da vida plena para todas essas medidas estão sendo adotadas e são necessárias”, finaliza.
Na Basílica, quatro missas são celebradas diariamente de segunda a sexta (6h, 9h, 12h e 18h). Nos fins de semana, são três (6h, 9h, e 16h), mas essas ocorrem apenas de forma virtual, já que o lockdown continua vigente aos sábados e domingos.
Nesta segunda-feira, 19, a última celebração do dia teve a participação de pelo menos 20 pessoas. Uma delas foi a cuidadora Luciana Dias, 32, que afirmou estar “aliviada” com a reabertura das igrejas. “Eu não via a hora disso acontecer. E acho que muitas pessoas também comungam desse mesmo sentimento. Para mim, Deus é muito mais essencial do que qualquer coisa. Bancos, supermercados, farmácias... você precisa, mas a fé vem em primeiro lugar”, disse.
Ela afirma, ainda, que tem tomado todos os cuidados recomendados para evitar a contaminação pelo novo coronavírus. “Máscara e álcool em gel me acompanham não só aqui, mas em todo lugar em que eu estiver”.
Luciana acredita que a ida à igreja pode ajudar na superação de problemas pessoais. “Muitas pessoas estão passando por dificuldades e eu acredito que é aqui [na igreja] onde elas encontram forças para vencer esse momento difícil. Eu mesmo, cada vez que venho, me sinto mais fortalecida”, afirma.
A aposentada Ilza Dias, 63, que também foi à Basílica para participar da missa das 18 horas, diz que a igreja, para ela, é um local de refúgio espiritual. “É ruim quando [ a igreja] está fechada, porque a gente não tem para onde ir. O único lugar para a gente se refugiar é aqui na casa de Deus”, conta, acrescentando que costuma ir à igreja pelo menos uma vez ao dia.
O vendedor ambulante Orlando Eufrásio, 63, também é assíduo nas celebrações. “Venho de manhã e à noite. Tava contando as horas para abrirem [a igreja] de novo”, diz. Perguntado sobre os cuidados que vem tomando para evitar o contágio pela Covid-19, ele declara: "Quem cuida de mim é Jesus Cristo”. Com a máscara no queixo, já do lado de fora da Basílica, poucos minutos após o fim da celebração eucarística, o idoso disse que não tem medo da doença: “Só quem ‘empata’ da gente morrer é Deus. Enquanto eu tiver vida, eu não deixo de vim [para a igreja]. Esse Covid não é mais poderoso do que ele (sic)”, finaliza.