Em uma das denúncias constam nomes de sete PMs, são eles: o 1º tenente Edgar Martins de Freitas Neto, os cabos Geldson Coelho de Araújo, Thiago Rodrigues de Lima, Wilson Araújo Lacerda e José Batista Neto; e os soldados Pedro Danilo Morais da Silva e Luiz Cláudio de Sousa Júnior.
No último dia 29 de abril, a Justiça acolheu a denúncia tornando o grupo réu. De acordo com a acusação, no dia 18 de fevereiro de 2020, os militares estavam em um posto de combustível, na Avenida Doutor Theberge, quando foram surpreendidos por homens encapuzados anunciando que iriam tomar uma viatura. O fato Parte dos militares estava fora da viatura enquanto o carro era abastecido, os demais policiais estavam dentro de outra viatura já com o abastecimento concluído.
Todos eles foram interpelados por homens que exigiram que as viaturas fossem entregues. “Daí é que os militares que estavam desembarcados nada fizeram, e apenas passivamente assistiram os mascarados sentarem-se a bordo da viatura e seguirem para destino desconhecido, enquanto os policiais militares da outra viatura também nada fizeram, e passivamente, no conforto do assento da viatura, a tudo assistiram, prestando seu endosso para aquele arrebatamento”, disse o Ministério Público.
“É de chamar muita atenção, o fato e a efetiva participação dos militares de serviço, fardados, braço armado do Estado, e a sua injustificada omissão e complacência, quando do cometimento daqueles atos”
Para o órgão acusatório, não consta qualquer menção sobre os meios empregados pelos denunciados para tentar repelir a agressão e não consta razão pela qual os policiais “só foram solicitar apoio de rádio após terem entregue a viatura, e unicamente no sentido de verem-se deslocados para o quartel, e não terem agido na iminência da situação crítica e de combate”.
Aurora
Em outra denúncia recente, são alvos da acusação do MPCE os soldados Damião da Silva Targino, Niuberto Deoni Alecrin Pereira e Robson Eugênio Pereira de Lima. O trio teria se omitido da “lealdade militar” no dia 19 de fevereiro de 2020, durante ocorrido na cidade de Aurora. Conforme o inquérito, às 3h30 os policiais foram acionados a atender uma ocorrência de uma suposta agressão contra mulher. Chegando ao local, o fato não existia e a viatura foi tomada, tendo os agentes retornado a pé ao batalhão.
Na versão dos denunciados, quatro homens encapuzados os renderam. Para o MP, não se justifica que os policiais não tenham buscado apoio ou até mesmo terem entregue “passivamente o carro patrulha”. “Não pode o militar alegar medo, covardia, ou coação, quando tem, por dever, que agir e combater, em nome de toda uma sociedade, o perigo que se avizinha”, apontou o órgão ministerial.
O motim durou quase duas semanas no Estado. Batalhões da Polícia Militar do Ceará e centenas de viaturas foram tomadas durante o movimento iniciado a partir de pedido de melhoria salarial. Uma das principais reivindicações dos agentes para dar fim ao movimento não foi atendida: a anistia.”