Uma das mudanças que mais chamam a atenção dos pesquisadores é o aumento do uso de recursos tecnológicos para realizar a prática sexual, que normalmente é on-line e ocorre antes do encontro presencial. É o que eles classificaram como “sexo híbrido”.
— As pessoas estão lançando mão de diferentes práticas, fazendo arranjos com recursos que elas já tinham, mas de forma diferente, por conta da pandemia. Observamos que o uso de videochamadas para práticas sexuais e trocas de mensagens com conteúdos sexuais estão sendo uma etapa do relacionamento com parceiro, algo que antes quase não acontecia, porque logo marcava-se um encontro — explica Amana Mattos, professora do Instituto de Psicologia da Uerj e uma das coordenadoras da pesquisa Sexvid:
— Não é que a pandemia inventou um novo jeito de fazer sexo. Mas diante dos riscos, as pessoas passaram a usar recursos que antes não eram priorizados.
A pesquisadora destaca também como a pandemia se tornou um assunto nas conversas cuja finalidade é a prática sexual. Questões como a vacinação e o cuidado para não se infectar aparecem sempre.
O estudo multidisciplinar, realizado por pesquisadores da UFRGS, Uerj, UFMG, UFPE, UNB, UFSC e FCM-MG, ainda está em andamento. Novos dados estão sendo levantados por meio de um formulário on-line.
Os dados preliminares apontam que a maioria das pessoas que tiveram práticas sexuais na pandemia as fizeram com parceiros fixos. No entanto, quem se encontrou com alguém que não era de seu convívio, usou os aplicativos para conhecer seu novo parceiro. Na maioria das vezes, a primeira prática sexual ocorreu à distância.
Higiene cada vez maior
Quando a relação evoluía para o encontro presencial, novos hábitos chamaram a atenção dos pesquisadores. O banho após chegar da rua e antes da prática sexual está sendo apontado por quem respondeu a pesquisa como principal estratégia de proteção contra a Covid. Outras, como tirar os sapatos e trocar de roupa, também são citados.
— Fomos aprendendo que algumas atitudes são mais eficazes contra o vírus do que outras. Por exemplo, os novos estudos mostram que estar em um ambiente mais arejado protege mais contra o vírus do que ficar higienizando a mão com álcool em gel. Mas, normalmente, o ambiente escolhido para a prática sexual é mais reservado, escondido. Como as pessoas estão se adaptando diante destas novas descobertas? É isso que queremos descobrir — diz Mattos.
Nos relacionamentos fixos, o tempo livre foi sinônimo de oportunidade para a prática sexual, mas o avançar do isolamento social trouxe um desgaste para os casais, o que acabou impactando negativamente na qualidade do sexo. As ponderações são da sexóloga Carmita Abdo, professora da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (USP) e autora do recém-lançado livro “Sexo no Cotidiano”.
Fonte: Extra Online
miseria.com.br
27.09.2021