O número de contratação de trabalhadores temporários no Brasil aumentou 31,5% neste ano e já supera os níveis pré-pandemia. De janeiro a agosto, foram registrados 1.768.889 admissões, diante de 1.344.680 no mesmo período do ano passado.
Em relação aos oitos primeiros meses de 2019, quando foram contratadas temporariamente 917.321 pessoas, o aumento é quase o dobro (92,8%), segundo levantamento obtido pelo R7 na Asserttem (Associação Brasileira do Trabalho Temporário).
A expectativa é que essa alta permaneça até o fechamento do ano, já que as vagas temporárias oferecidas no último trimestre têm previsão de crescimento de 20% com a Black Friday e o Natal.
“O período de pandemia criou uma situação de insegurança e emergência nas empresas, e o trabalho temporário é a melhor modalidade de contratação para esse cenário, já que pode ser utilizada como solução por diversos setores e em qualquer nível de ocupação”, afirma o presidente da Asserttem, Marcos de Abreu.
A entidade afirma que nos últimos meses do ano devem ser disponibilizadas mais de 565 mil vagas temporárias, diante das 471.300 vagas no mesmo período de 2020. “Trata-se de uma projeção cautelosa devido à insegurança econômica que as empresas ainda enfrentam por causa da pandemia da Covid-19”, avalia Abreu.
Com o avanço da vacinação contra a Covid-19 e o retorno dos consumidores às ruas, as projeções são otimistas para o fim do ano. De acordo com a CNC (Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo), o Natal de 2021 deverá ser o melhor dos últimos anos na criação de vagas temporárias. A entidade estima que sejam contratados 94,2 mil trabalhadores no setor para atender ao aumento sazonal das vendas de fim de ano.
A Alshop (Associação Brasileira de Lojistas de Shopping) também prevê elevação da oferta de vagas temporárias para o comércio em pelo menos 80 mil postos de trabalho entre os associados da entidade até o fim do ano. Além disso, cerca de uma em cada quatro empresas (23%) planeja contratar temporários nos últimos meses de 2021 para auxiliar no fluxo de vendas do Natal, segundo pesquisa divulgada pelo site Empregos.com.br.
Para o economista Josilmar Cordenonssi, professor de economia da Universidade Presbiteriana Mackenzie, a alta do número dos temporários é um reflexo da desconfiança das empresas com relação à retomada firme da economia.
“Além da sazonalidade por causa do fim do ano, a reabertura também está acontecendo, principalmente no setor de serviços, restaurantes e bares. Isso faz com que ocorra uma demanda por trabalhadores não permanentes, para suprir essa sazonalidade”, explica Cordenonssi.
O economista também afirma que, ao mesmo tempo, a lei trabalhista deu maior segurança jurídica à contratação de temporários. “As empresas tiveram uma certa curva de aprendizado nisso e estão apostando nessa via de contratação, evitando ao máximo contratar trabalhadores permanentes.”
Segundo ele, muitas empresas, como bares, restaurantes e até o comércio de rua, sofreram bastante ao longo da pandemia e não têm caixa para apostar em contratação pela CLT, porque o custo, em caso de demissão, é maior, além de a demissão de temporários não exigir aviso prévio nem adicional de 40% do FGTS. “Então, é uma maneira de voltar às atividades sem se comprometer com custo alto caso a economia não retome mesmo”, avalia.
Fonte: R7
miseria.com.br
09.11.2021