Autor Leonardo Maia
A taxa de detecção de hanseníase no Ceará caiu 30,9% entre os anos de 2017 e 2021, de acordo com dados divulgados em boletim epidemiológico da Secretaria da Saúde do Ceará (Sesa). A redução foi de 17,1 para 11,8 casos por 100 mil habitantes. No total, foram notificados 7.029 casos novos da doença no Estado.
Considerando somente os menores de 15 anos, houve uma redução ainda maior, equivalente a 57%. Nessa faixa etária, o monitoramento de novos casos é um importante indicador, conforme a pasta, porque mensura a transmissão recente e sua tendência. Além disso, a taxa de detecção indica a morbidade e magnitude da endemia.
“Quando a doença se manifesta na infância indica alta endemicidade, carência de informações sobre a doença e falta de ações educativas em saúde”, aponta a Sesa. A redução nesse público é prioridade da Coordenação Geral de Hanseníase e Doenças em Eliminação (CGHDE) da Secretaria de Vigilância Epidemiológica, do Ministério da Saúde (MS).
Nos últimos dois anos, a única região que registrou aumento na taxa de detecção de casos entre menores de 15 anos foi o Cariri, com crescimento de 1,3 para 2 casos por 100 mil habitantes no Estado. Na Superintendência Regional de Fortaleza e do Litoral Leste houve diminuição, enquanto a do Sertão Central se manteve igual. Em 2021, nenhum caso novo foi registrado na região Norte.
Embora a doença esteja em queda no Ceará, os casos da hanseníase multibacilar subiram 5,7% no mesmo período analisado. Nessa classificação, que passou de 68,1% em 2017 para 72% em 2021, observa-se um diagnóstico tardio da doença, aumentando o risco de desenvolver alguma incapacidade física nas pessoas acometidas.
Entenda o diagnóstico, transmissão e tratamento da doença
A hanseníase é uma doença infecciosa e transmissível de caráter crônico, cujo agente etiológico é o Mycobacterium leprae. Quando não tratada, a doença pode causar deformidades e incapacidades físicas muitas vezes irreversíveis. Os sintomas são manchas claras ou vermelhas na pele, com diminuição da sensibilidade, dormência e fraqueza nas mãos e pés.
Já a transmissão acontece quando uma pessoa com hanseníase, na forma infectante da doença, sem tratamento, elimina o bacilo para o meio exterior, por meio das vias aéreas superiores. Quando se detecta um novo caso, são realizados exames nos contatos recentes para interromper a cadeia de transmissão da enfermidade.
Segundo a Sesa, a qualidade da atenção prestada às pessoas com hanseníase e a conclusão do tratamento preconizado em tempo oportuno são fatores importantes na atenção integral ao doente, podendo significar uma estratégia importante para a redução da carga na doença.
Nenhuma das regiões do Ceará chegou à meta de cura da doença do Ministério da Saúde, de 90%. A mais próxima, contudo, foi a região Norte, com 84,4% de cura. O menor indicador foi identificado no Cariri (64,6%).
>> Leia a íntegra do boletim de janeiro da Secretaria da Saúde do Ceará:
opovo.com.br
26.01.2022