O ex-ministro da Educação Abraham Weintraub disse, em entrevista, que, em novembro de 2018, Jair Bolsonaro sabia que o Ministério Público do Rio de Janeiro avançaria nas investigações sobre o filho e senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ) no caso das rachadinhas na Assembléia Legislativa do Rio de Janeiro (Alerj), quando ele era deputado estadual.
Pouco depois, em 12 de dezembro daquele ano, foi divulgado o relatório do Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf) que detalhou as movimentações suspeitas na conta de Fabrício Queiroz, apontado como operador do esquema de rachadinha do filho do presidente.
Em entrevista ao podcast Inteligência Limitada neste domingo (16), o ex-ministro disse que Bolsonaro realizou uma reunião para alertar seus ministros de que “estava para aparecer uma acusação” contra Flávio.
Weintraub citou o episódio para tentar provar que o presidente não tenta proteger seus filhos de investigações.
“Ele juntou assim em uma mesa comprida e falou: ‘Ó, está para aparecer uma acusação. Está pegando esse cara aqui’. Apontou para o Flávio. ‘O governo não tem nada a ver com ele. Se ele cometeu alguma coisa errada, ele que vai pagar por isso‘. Eu pensei: ‘Puts, eu vim para o lugar certo. É isso que eu queria escutar’.”
Weintraub, que estava nos Estados, para onde se mudou para assumir um cargo no Banco Mundial, desembarcou no Brasil no último sábado (15). Ele pretende disputar o governo de São Paulo.
Flávio Bolsonaro chegou a ser denunciado pelo Ministério Público do Rio sob acusação de ter enriquecido ao se apropriar de salários de funcionários do gabinete dele, no período em que era deputado estadual. Para o MP, o hoje senador participou de um desvio de mais de R$ 6 milhões dos cofres da Alerj.
Em novembro de 2021, a Segunda Turma do Superior Tribunal de Justiça (STJ) julgou dois processos envolvendo as investigações. Na primeira parte da sessão, por 3 votos a 1, os ministros rejeitaram uma ação do MP do Rio e mantiveram o foro privilegiado do senador.
Na sequência, pelo mesmo placar, os ministros acolheram um pedido da defesa de Flávio e decidiram anular quatro relatórios de inteligência do Coaf enviados ao Ministério Público. Foi preservada apenas a primeira comunicação entre os órgãos, com dados básicos das operações financeiras sob suspeita.
Fonte: O Tempo
miseria.com.br
18.01.2022