Autor Bruna Lira
Entre os dias 9 e 12 de agosto, 60 mulheres de diversos estados brasileiros estarão reunidas no interior do Ceará para o Encontro Mulheres em Defesa do Território-Corpo-Terra-Água, um intercâmbio com o objetivo de debater sobre as questões socioambientais e climáticas que perpassam suas trajetórias. O evento ocorrerá nos municípios de Limoeiro do Norte, Aracati e Fortim.
A iniciativa é um trabalho conjunto de entidades e coletivos espalhados pelo Brasil em continuidade ao programa do curso de extensão “Mulheres em Defesa do Território-Corpo-Terra”, coordenado pela Coletiva Diálogos Feministas, da Fundação Rosa Luxemburgo e do Programa de Pós-Graduação de Ciências Sociais em Desenvolvimento, Agricultura e Sociedade da Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro (CPDA/UFRJ). A ideia é discutir as dificuldades cotidianas vivenciadas pelas mulheres — individualmente e coletivamente — em sua diversidade de origens e identidades.
O curso de extensão ocorre desde 27 de junho e vai até 12 de setembro de 2022, com palestras online, encontros virtuais e visitas de campo. A formação é um espaço de troca de saberes entre mulheres de organizações comunitárias, movimentos sociais e da academia, que visa promover a análise de violações de direitos humanos em decorrência de projetos minero-energéticos, da expansão de energia, das concessões florestais e da política fundiária no Brasil, com especial atenção ao debate de gênero e raça.
Elisangela Soldateli, coordenadora do Programa Energia e Clima para América Latina, da Fundação Rosa Luxemburgo, destaca que o curso faz parte de um longo prazo do Instituto Terramar nos territórios e de articulação nacional.
“A formação presencial desta semana no Ceará é a segunda de três atividades presenciais. A primeira aconteceu em julho na Comunidade do Horto no Rio de Janeiro, e a última será realizada no Vale do Ribeira em São Paulo, buscando contemplar uma diversidade regional”, pontua.
A caravana do intercâmbio parte rumo ao Acampamento Zé Maria do Tomé, em Limoeiro do Norte, a 202,5 km de Fortaleza, e deve visitar ainda o Quilombo do Cumbe, em Aracati, e a comunidade do Jardim, no Fortim. Além das reflexões levantadas pelo Encontro, como energia, clima, agronegócio, agroecologia, pesca e mariscagem, serão discutidas as violências étnicas, raciais e de gênero.
As assessoras do Instituto Terramar, Ana Nobre e Elena Meirelles, afirmam que a escolha dos locais visitados se deu a partir de discussões urgentes estimuladas dentro e fora do curso.
A exemplo do Acampamento Zé Maria do Tomé, que é ocupado tradicionalmente por mulheres camponesas, os impactos socioambientais causados pelo agronegócio têm afetado diretamente as vidas delas. "As mulheres têm se organizado em grupos de mulheres, levando reflexões sobre o que é ser mulher camponesa e como se fortalecer e valorizar os saberes ancestrais na agricultura, artesanato, comida e educação", esclarece as assessoras.
Com uma programação que levará as integrantes a participar de rodas de conversa, visitas a quintais produtivos do Acampamento Sem Terra e debate em torno do Memorial Zé Maria do Tomé, na região da Chapada do Apodi, o intercâmbio será finalizado com uma caravana pelas águas do Rio Jaguaribe — trajeto das marisqueiras da foz.
As participantes do evento são da Comissão Pastoral da Terra (CPT - TO), do Movimento de mulheres Camponesas (MMC - SE), da Sempreviva Organização Feminista (SOF - SP), Justiça nos trilhos (MA), da Comunidade tradicional do Horto (RJ), do GT Mulheres de Articulação Nacional de Agroecologia (ANA), da Faculdade de Educação de Universidade Federal do Ceará e dos Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) do Ceará.
Serviço
opovo.com.br
09.08.2022
