Juiz impede exposição no Ceará de citar Bolsonaro e revoga decisão dois dias depois - Cariri Ativo - A Notícia Com Credibilidade e Imparcialidade
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Juiz impede exposição no Ceará de citar Bolsonaro e revoga decisão dois dias depois

Juiz impede exposição no Ceará de citar Bolsonaro e revoga decisão dois dias depois

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A mostra retrata a história do líder de Canudos e faz correlação entre o passado e o presente(foto: Divulgação / Tarcísio Filho )
A mostra está em exibição desde 30 de junho na casa onde Conselheiro nasceu e morou na infância, localizada no município de Quixeramobim, no Ceará.


Foi revogado o embargo judicial à exposição "Tramas de Belo Monte", que rememora a história de Antônio Conselheiro e foi acusada de propaganda eleitoral negativa contra o presidente da República, Jair Bolsonaro (PL). A decisão foi revista pelo próprio juiz que tomou a primeira medida, ao apontar que havia sido motivado por informações preliminares incompletas. A mostra está em exibição desde 30 de junho na casa onde Conselheiro nasceu e morou na infância, localizada no município de Quixeramobim, no Ceará. A casa de Antônio Conselheiro é administrada pelo Instituto Dragão do Mar, ligada a Secretaria de Cultura do Ceará (Secult).

Na terça-feira, 6, o juiz da 11ª Zona Eleitoral do Ceará, Rogaciano Bezerra Leite Neto, determinou que fossem retiradas as menções a Bolsonaro da exposição. O presidente e candidato à reeleição era citado por meio de recortes de matérias jornalísticas e entrevistas concedidas por ele.

Porém, o magistrado reviu a decisão dois dias depois, ao entender que não é de competência do Poder Judiciário intervir “no mérito de concepções artísticas”, uma vez que as decisões podem “inevitavelmente” ter desdobramentos políticos.

“Nesse sentido, impõe-se rever o despacho anterior proferido, motivado por informações preliminares incompletas colhidas numa situação urgente de poder de polícia eleitoral, por entender inexistir violação à lei n. 9504/97 no caso concreto, especialmente diante do valor constitucional da liberdade de expressão artística”, apontou o magistrado na nova decisão.

Embargo

As obras objeto da polêmica estão posicionadas na parede do corredor da residência — chamado pelos curadores de Becambaio, em alusão ao Beco do Cambaio, local de combate entre conselheiristas e o exército da República. Enquanto durou o embargo, os organizadores da exposição colocaram tecidos pretos nas obras que não poderiam ser exibidas.

A exposição

"Tramas de Belo Monte" reúne livros, cordéis, revistas e filmes em que o líder de Canudos é retratado. Segundo os curadores do projeto, a exposição tem como objetivo proporcionar aos espectadores o livre exercício do pensar por meio da correlação entre os fatos acontecidos no passado e no presente.

"Questões de terra, da violência, armamentismo, matar pessoas, a fome... Essas questões permanecem nos dias de hoje, problemas que o Conselheiro combateu com os seus. Canudos foi uma guerra do Estado contra a população", afirmou um dos curadores, Danilo Patrício. Também participou do processo de curadoria Osvaldo Costa.

"A exposição propõe diferentes formas de percepções. Pesquisamos jornais de Canudos e jornais de hoje. Questão relacional do modo relativo. O que se tem de relação lá (nos jornais) e o que se tem nos de atualmente", afirmou Danilo ao falar sobre a pretensão da mostra.

opovo.com.br

09.09.2022