O ex-secretário de Segurança do Distrito Federal está preso há três meses, suspeito de omissão durante os atos antidemocráticos de 8 de janeiro.
Escrito por Redação
A defesa de Anderson Torres alegou que o ex-secretário de Segurança do Distrito Federal teve "lapsos de memória" e, por isso, entregou senhas erradas de seu e-mail e dos dados armazenados em nuvem à Polícia Federal. O ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), determinou que o ex-gestor se explique em até 48 horas.
A decisão foi tomada por Moraes nesta sexta-feira (28), quando o ministro Luís Roberto Barroso, também do STF, negou pedidos de habeas corpus feito pela defesa de Torres. Informações são da Folha de S. Paulo.
Segundo a Folha, a Polícia Federal informou a Moraes que "nenhuma das senhas fornecidas [por Torres] estava correta", o que teria inviabilizando a extração dos dados armazenados e, portanto, as investigações sobre a suposta omissão do ex-secretário frente aos atos antidemocráticos de 8 de janeiro.
Torres está preso há três meses, por determinação de Moraes. Antes de ser secretário de Segurança Pública do Distrito Federal, ele era ministro da Justiça do governo do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL).
'COMPROMETIMENTO COGNITIVO'
A defesa do ex-ministro enviou uma petição ao Supremo afirmando ser possível que as senhas tenham sido fornecidas equivocadamente por Torres devido a um atual "grau de comprometimento cognitivo".
No documento, conforme a Folha, constam informações prestadas pela psiquiatra da Secretaria de Saúde do Distrito Federal que dão conta da gravidade do quadro psíquico do ex-ministro, além dos efeitos dos remédios que lhe foram e ainda estão sendo ministrados.
"Tendo em vista o atual estado mental do requerente, com lapsos frequentes de memória e dificuldade cognitiva, a confirmação da validade das senhas, na hodierna conjuntura, revela-se sobremaneira dificultosa", alegou a defesa.
Os advogados argumentaram ainda que "nos dias de hoje, é natural que os usuários não mais se preocupem em 'decorar' senhas, já que a modernidade permite que os aparelhos armazenem as senhas, com a possibilidade de utilização do 'face ID' ou mesmo de sua 'digital' para fins de acesso a seus dados pessoais".
Na decisão que manteve a prisão de Torres, Moraes havia adiantado que o ex-ministro apenas autorizou o acesso as suas senhas após mais de cem dias dos atos golpistas às sedes dos Três Poderes, em Brasília, em janeiro.
"Torres suprimiu das investigações a possibilidade de acesso ao seu telefone celular, consequentemente, das trocas de mensagens realizadas no dia dos atos golpistas e nos períodos anterior e posterior e às suas mensagens eletrônicas", disse o magistrado.
Para embasar o pedido de soltura do ex-secretário, a defesa também tem tentado alegar que ele corre risco de suicídio. "A única certeza que se tem é que seu estado mental tenderá a piorar", dizem os advogados.
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29.04.2023