Moro será julgado pelo TRE do Paraná nesta semana; veja detalhes - Cariri Ativo - A Notícia Com Credibilidade e Imparcialidade
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Moro será julgado pelo TRE do Paraná nesta semana; veja detalhes

Moro será julgado pelo TRE do Paraná nesta semana; veja detalhes

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Senador Sergio Moro, ex-juiz e ex-ministro da Justiça, pode ser cassado pelo TRE-PR Crédito: Lula Marques/ Agência Brasil

Ex-juiz pode ter o mandato de senador cassado e se tornar inelegível por oito anos. Cabe recurso no Tribunal Superior Eleitoral (TSE)

Autor Thays Maria Salles

Começa nesta segunda-feira, 1º, o julgamento do senador Sérgio Moro (União Brasil - PR) pelo Tribunal Regional Eleitoral do Paraná (TRE-PR). O ex-juiz da 13ª Vara Federal de Curitiba é acusado de abuso de poder econômico e uso indevido dos meios de comunicação.

No processo, Moro pode ter o mandato cassado e ficar inelegível pelo período de oito anos. As ações que pesa sobre o ex-juiz da Operação Lava Jato são encabeçadas pelo PL, partido do ex-presidente Jair Bolsonaro, e pela Federação Brasil da Esperança, composta pelas legendas PT, PV e PCdoB.

Depois de ser adiado duas vezes, o julgamento desta segunda-feira tem previsão de início a partir das 14 horas, com transmissão ao vivo no canal do TRE-PR, no YouTube.

O Tribunal reservou três sessões para análise do caso. Com isso, o processo ainda deve passar pela sessão da quarta-feira, 3, e encerrar numa terceira rodada, em 8 de abril.

Os gastos pré-eleitorais de Moro são o principal teor das ações que serão julgadas. Os partidos o acusam de ter causado "desequilíbrio" nas eleições de 2022 por, supostamente, sua candidatura ter sido beneficiada durante o período em que foi pré-candidato à Presidência da República pelo Podemos.

Em março de 2022, o ex-juiz migrou para o União Brasil, onde tentou disputar uma vaga de deputado federal por São Paulo.

Contudo, a Justiça Eleitoral barrou sua troca de domicílio, de Curitiba para a capital paulista. Moro, então, lançou-se candidato a senador pelo Paraná, sendo eleito com mais de 1,9 milhão de votos.

O PL considera que o senador utilizou "estrutura e exposição de pré-campanha presidencial para, num segundo momento, migrar para uma disputa de menor visibilidade, menor circunscrição e teto de gastos vinte vezes menor, carregando consigo todas as vantagens e benefícios acumulados indevidamente, ferindo a igualdade de condições entre os concorrentes ao cargo de senador".

Já a Federação Brasil da Esperança enumera uma série de privilégios que o ex-juiz teria obtido durante a campanha eleitoral como treinamento de imprensa, segurança privada, exposição midiática de presidenciável, veículo blindado, compra de telefone celular, hospedagens e viagens nacionais e internacionais.

O processo aponta que tanto os gastos como a estrutura da pré-campanha à presidente do Brasil foram "desproporcionais" e renderam ao então candidato uma vantagem decisiva sobre os demais postulantes ao Senado do Paraná.

Além disso, o total dos investimentos realizados durante as pré-campanhas, combinado com os custos incorridos na candidatura ao Senado, excederia o limite estabelecido.

O Ministério Público Eleitoral (MPE), em dezembro de 2023, emitiu parecer que defende a perda de mandato de Moro e a inelegibilidade até 2030.

Ao todo, o TRE-PR é composto por sete magistrados. Com quatro votos a favor da condenação, Moro será cassado. A perda do mandato, no entanto, não é imediata. O caso seguirá ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE), que dará o veredito sobre a punição ao ex-juiz.

Caso o TSE mantenha decisão desfavorável ao parlamentar, eleições suplementares serão convocadas para eleger um novo senador que representará o Paraná até 2030.

A defesa de Moro, por sua vez, alega que a arrecadação de recursos e as despesas na pré-campanha não precisam ser submetidas às prestações de contas eleitorais.

Em depoimento ao Tribunal paranaense, no último dezembro, o senador disse que as alegações dos partidos devem ser "descartadas". Conforme o parlamentar, elas não comprovam abuso de poder econômico na campanha.

"Sociedade pode esperar transparência", diz presidente do TRE-PR

Empossado presidente do TRE-PR no início de março, o desembargador Sigurd Roberto Bengtsson disse ao Estadão que os votos do Tribunal serão transparentes e "não há qualquer possibilidade de receio da sociedade" sobre suposta politização do processo.

Ele também explicou que o julgamento não terá a Operação Lava Jato como plano de fundo.

“Está tendo muita... não sei se é má-fé ou desconhecimento, de abordagem da questão. O que quero deixar bem claro é que a sociedade pode esperar transparência. Vai ser um processo transparente e feito como exige a Constituição Federal. Não há qualquer possibilidade de receio da sociedade, vai ser feito um julgamento conforme a tradição aqui do TRE”, afirmou o presidente da Corte.

De acordo com o regimento interno do TRE-PR, caso um magistrado peça a revisão dos autos, a apreciação será suspensa por dez dias, com a pauta sendo colocada na sessão seguinte ao término do prazo. Além disso, o pedido pode ser prorrogado por igual período.

Um dos adiamentos do julgamento foi motivado pela aposentadoria do juiz Thiago Paiva dos Santos, no final do ano passado.

Conforme determina a legislação eleitoral, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) indicou para compor o Tribunal o juiz José Rodrigo Sade, nas vésperas da apreciação do caso do senador, a partir de uma lista tríplice.

Quando era juiz da 13ª Vara de Curitiba, Moro condenou, em 2017, Lula a nove anos e seis meses de prisão por corrupção passiva e lavagem de dinheiro, sentenças anuladas em 2021. No comando do Palácio do Planalto, o presidente externou em alguns momentos que ainda possuía rusgas com Moro.

Em março de 2021, a Polícia Federal descobriu um plano do PCC (Primeiro Comando da Capital) para atacar o ex-juiz. Na época, Lula disse que o caso seria uma "armação" de Moro.

opovo.com.br

Cariri Ativo

01.04.2024