Autor Luíza Vieira
Em assembleia
realizada na tarde desta segunda-feira, 17, membros do Sindicato dos Docentes
das Universidades Federais do Ceará (Adufc) decidiram manter o movimento
paredista, que já perdura a dois meses. A previsão é que uma nova assembleia
seja convocada até o final desta semana para discutir a possibilidade de
saída da greve.
“A gente traria, na
próxima assembleia, a possibilidade de saída da greve a depender das
orientações do comando nacional de greve e a depender dos resultados de
eventuais negociações que possam haver com o Governo”, explicou o
vice-presidente do Sindicato, Roberto da Justa, durante a assembleia.
Nesta segunda-feira, a
pauta discutida foi a avaliação geral da greve e a análise de conjuntura. A
última proposta do Governo Federal foi apresentada no dia 15 de maio.
Nela, foi sugerido o reajuste salarial de 0% em 2024, 9% em 2025 e
3,5% em 2026. O Sindicato Nacional dos Docentes das Instituições de Ensino
Superior (Andes), por sua vez, apresentou uma contraproposta, exigindo o
reajuste de 3,68% em 2024, 9% em 2025 e 5,16% em 2026.
O encontro foi
realizado no jardim da Reitoria da UFC, por volta das 15h30min e contou com a
presença de 142 docentes da Universidade Federal do Ceará (UFC), Universidade
Federal do Cariri (UFCA) e da Universidade da Integração Internacional da
Lusofonia Afro-Brasileira (Unilab). Os membros participaram da reunião tanto na
modalidade online quanto na presencial.
Para a presidente do
Adufc, Irenísia Oliveira,
a iniciativa dos docentes em dar continuidade ao movimento paredista decorre da
“intransigência” do Governo Federal em negociar o reajuste salarial com os
professores. Além disso, ela reiterou que as falas do presidente Lula e do
ministro da Educação, Camilo Santana, afirmando que as greves causam “prejuízo
para o Brasil e para os alunos”, impulsionou a decisão dos
docentes.
“Aquela fala infeliz
foi um desrespeito, tanto com a organização sindical como com as próprias
bases, é como se os docentes não soubessem avaliar. A do Camilo foi pior porque
vem repetindo isso, que nós não precisamos entrar em greve, então é uma espécie
de desqualificação da nossa capacidade de avaliar e tomar decisões”, ponderou.
Aposentada há mais de
15 anos, a então professora do departamento de Psicologia da UFC, Ângela
Pinheiro, defendeu que o movimento grevista decorre da tentativa do governo em
segregar as pautas de interesse dos docentes, que, segundo ela, estão
reivindicando o reajuste salarial que se trata de uma “pauta mínima”.
“Segundo a minha
experiência como estudante e professora, as conquistas de defesa do ensino
superior referenciado socialmente sempre foram frutos de lutas e quando não há
uma receptividade, como agora, é necessário greve”, seguiu. Por que outras
categorias receberam reajuste, principalmente na área da Segurança Pública?”,
perguntou.
Foi apresentada na
assembleia conquistas obtidas desde o início da greve, no dia 19 de abril.
Dentre os feitos estão a recomposição parcial do orçamento das instituições
federais; a conquista de 5.600 bolsas permanência para estudantes indígenas e
quilombolas; a implementação do reajuste de benefícios, como auxílio
alimentação, auxílio saúde suplementar e auxílio-creche; e o início da Mesa
Setorial Permanente de Negociação do Ministério da Educação (MEC).
opovo.com.br
Cariri Ativo
18.06.2024