Eleições 2024: ex-adversários viram aliados para reforçar chapas majoritárias no Ceará; entenda - Cariri Ativo - A Notícia Com Credibilidade e Imparcialidade
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Eleições 2024: ex-adversários viram aliados para reforçar chapas majoritárias no Ceará; entenda

Eleições 2024: ex-adversários viram aliados para reforçar chapas majoritárias no Ceará; entenda

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Legenda: Ciro, Roberto Pessoa e Carmelo Neto dividiram palanques recentemente no Cariri.
Foto: Reprodução/Instagram Roberto Cláudio

Os remanejamentos dependem de fatores como a reconfiguração de partidos, os recursos eleitorais, a influência de lideranças maiores, entre outros


Escrito por Ingrid Campos

De uma eleição para outra, muita coisa pode mudar, principalmente o arco de aliança. Alguns movimentos parecem seguir um fluxo natural, enquanto outros surpreendem a população por unir dois ou mais atores que, até o pleito anterior, eram rivais. É o que acontece em ao menos cinco municípios cearenses, como Juazeiro do Norte, Maracanaú, Quixadá, Barro e Aracati.

Os remanejamentos dependem de fatores como a reconfiguração de partidos, os recursos eleitorais, a influência de lideranças maiores, a busca por sobrevivência no cenário político e até rompimento com antigos aliados, entre outros.

Motivados por um "projeto em comum" para suas respectivas cidades, pré-candidatos aglutinam forças diversas e buscam montar chapas competitivas. Até o começo de agosto, essas novas alianças podem se firmar: o prazo de convenções partidárias acaba no dia 5 e o pedido de registro de candidatura pode ser feito até o dia 15. No dia 16, começa o período de campanha em todo o País. Confira a seguir alguns casos apurados pelo PontoPoder.

Juazeiro do Norte  

Em 2020, Glêdson Bezerra foi eleito em uma coligação formada por Podemos (ao qual ainda é filiado), PSD e Pros, como principal nome da oposição ao então prefeito Arnon Bezerra, filiado ao extinto PTB à época. O ex-gestor era apoiado informalmente pelo PDT, que não chegou a efetivar candidatura devido a imbróglios no diretório local com intermédio do senador Cid Gomes, hoje filiado ao PSB. 

Quatro anos depois, o PDT já não é mais o mesmo, perdeu parcela significativa de seus filiados e recalculou alianças nos municípios. Em Juazeiro do Norte, por exemplo, a legenda migrou de lado e passou a apoiar a recondução de Gledson. Quem subiu ao palanque com o atual prefeito foram figuras como o ex-prefeito de Fortaleza, Roberto Cláudio, e o ex-governador Ciro Gomes, que outrora reforçavam o grupo adversário. 

No Cariri, especificamente, o PDT tem caminhado ao lado de nomes do União Brasil e de bolsonaristas do PL – como presidente do partido no Ceará, Carmelo Neto –, rivais históricos da sigla trabalhista. 

Ao se unir a Glêdson e outros representantes da oposição ao grupo petista, Ciro, por exemplo, disse que uniria esforços para enfrentar uma “ditadura” no Estado. O pedetista também ressaltou que a aliança inédita representa um marco “histórico” da luta contra a “incompetência”, “corrupção” e “mandonismo”.

Na cidade caririense, outro zigue-zague: em 2020, o empresário Gilmar Bender, à época no PDT, decidiu declinar da pré-candidatura e apoiar a peleja de Glêdson contra Arnon, já que a principal liderança do seu partido, Cid Gomes, apoiava um adversário. 

Quatro anos depois, Bender migrou para o grupo político encabeçado pelo PT na disputa eleitoral. O apoio dado pelo empresário à campanha de Fernando Santana foi anunciado em maio último, ao lado do ministro da Educação, Camilo Santana (PT); do vice-prefeito de Juazeiro do Norte, Giovanni Sampaio (PSB); do presidente do Republicanos Ceará, ex-senador Chiquinho Feitosa; a filha do empresário, Bruna Brender; e o ex-vereador de Juazeiro Diogo Machado.

"União por um Juazeiro cada vez mais progressista, buscando alinhamento com o governo do presidente Lula, do nosso senador e ministro Camilo, e do governador Elmano de Freitas. Tenho demonstrado que Juazeiro precisa avançar com agilidade, coragem para trabalhar, ação, humildade e muito diálogo", disse o pré-candidato do PT na ocasião.

Em entrevista à rádio Sucesso FM, Glêdson se mostrou conformado com a mudança, apesar de ter tentado dialogar a permanência de Bender no seu grupo político. “Foi bom enquanto durou, acabou. Estou seguindo adiante”, disse, em maio, o gestor.

Maracanaú

Em junho, o PT confirmou apoio à recondução de Roberto Pessoa (União) na Prefeitura. Internamente, uma ala buscava viabilizar a pré-candidatura do deputado estadual Júlio Cesar Filho ao Executivo, mas o entendimento predominante foi de seguir com o atual gestor.

Daí, um desdobramento inesperado: o deputado saiu de forte opositor de Pessoa para aliado. Segundo ele, visando as eleições de 2026 e de 2028.

"Nossa ideia é somar com o grupo do Roberto Pessoa e construir uma aliança para além das eleições de 2024. Queremos colaborar para o sucesso em 2024, mas também para o mandato, saindo vitorioso durante os 4 anos. Obviamente, fazendo parte de seu governo e tendo seu apoio para a nossa eleição em 2026 ou em outros cargos que possamos conjuntamente almejar. [...] Eu serei um aliado, e um aliado tanto apoia quanto é apoiado, isso ficou bem claro nas nossas conversas. É uma parceria, e uma parceria é uma via de mão dupla", ressaltou.

Ao PontoPoder, Julinho, como é conhecido, disse que a decisão contou com aval do ministro da Educação, Camilo Santana (PT); do governador do Ceará, Elmano de Freitas (PT); do deputado federal Luiz Gastão (PSD) e do próprio Roberto Pessoa. A participação do PSD aqui também conta com influência do parlamentar, uma vez que o presidente municipal da legenda é o seu pai, Júlio César Costa, ex-prefeito da cidade e atual vereador. 

Segundo ele, Roberto Pessoa garantiu que irá incorporar ao programa de governo seus projetos e compromissos. 

“Nossa missão continua e sempre continuará sendo um projeto que priorize o cuidado com as pessoas, o desenvolvimento da nossa cidade e a qualidade de vida dos nossos queridos maracanauenses”, completou.

Quixadá

Afastado de um aliado de quase uma década, o deputado estadual Osmar Baquit (PDT) se aproximou do atual prefeito de Quixadá, Ricardo Silveira (PSD). Os dois políticos estiveram em lados opostos nos últimos pleitos municipais, mas por interferência do senador Cid Gomes (PSB), os caminhos vão convergir nas eleições deste ano.

“Eu só sosseguei quando eu fiz aqui a reaproximação dessas duas figuras. [...] Eu acho que juntando as duas forças – o Osmar lá na Assembleia e o Ricardo aqui na prefeitura, com sua equipe – e o que eu puder fazer, modestamente, estou fazendo, mas o mais importante que eu deveria fazer era isso, juntar os dois… Se eu alcovitei aqui os dois, eu sou responsável por essa união, e no que depender de mim, é como o padre diz ali na cerimônia de casamento: vocês estão juntos até que a morte os separe”, disse Cid, em evento de filiação ao PSB de Quixadá, realizado em março.

O prefeito vai repetir a chapa vitoriosa de 2020 em outubro de 2024, ao lado do vice-prefeito Marcelo Ventura, que se filiou ao PSB naquele mesmo mês de março. Vale destacar que o partido também agregou o grupo político liderado por Baquit na ocasião. Soma-se a isso a posse de Amilcar Silveira, presidente da Federação da Agricultura e Pecuária do Estado do Ceará (Faec), como presidente municipal da sigla.

Já a parceria que o parlamentar mantinha com o ex-prefeito da cidade dos monólitos e atual assessor especial da Secretaria de Relações Institucionais da Presidência da República, Ilário Marques (PT), não se repetirá nas eleições deste ano.

Em entrevista em dezembro do ano passado ao portal SerTão TV, Baquit deu indicativos de sua aproximação da Prefeitura, que se confirmaram posteriormente. Ele lembrou que tem ligações familiares com o clã Silveira, mas que a política tem parcela de culpa no afastamento. 

Os irmãos Ricardo, Amilcar e Everardo Filho (empresário) são herdeiros do ex-prefeito de Quixadá Everardo Silveira, que morreu há cerca de um ano. “Nunca é tarde para recompormos as amizades. Se isso vai desaguar na política, quem sabe é deus e as nossas conversas. Eu não fecho porta para ninguém”, afirmou na entrevista de dezembro. 

Barro

Os enlaces políticos no município de Barro guardam duas particularidades. Primeiro, o grupo eleito de forma suplementar na cidade, em 2021, foi desmembrado nos meses seguintes, com o prefeito George Feitosa (MDB) de um lado e o vice, Albano Severo (PSDB), de outro.

O distanciamento demandou novas alianças e diálogo com antigos opositores. Exemplo disso foi a aproximação entre o prefeito e a vereadora Vanda Pereira (PSB), sua adversária na eleição suplementar, e com outros que estavam no bloco rival.

Com isso, a nova chapa foi formada com Feitosa e Dr. Didi (PSB), marido de Vanda. A união foi oficializada no último fim de semana, em convenção partidária que ocorreu no sábado (27). 

Aracati

O conflito entre o prefeito Bismarck Maia (Podemos), de Aracati, e o PT local já se arrastava desde 2021, mas ganhou novo molde neste ano. Em maio, o partido da vice-prefeita Denise Menezes (PT) decidiu ser oficialmente oposição nas eleições de outubro. 

Por meio de nota publicada nas redes sociais, a legenda reclama da "absoluta falta de respeito e gratidão" por parte do prefeito. Por isso, declarou apoio a pré-candidatura de Caetano Neto (Republicanos) à Prefeitura, montando uma "frente ampla" com PCdoB e PV (federados ao PT), além de Republicanos, Progressistas e União Brasil. 

O seu pré-candidato a vice-prefeito é Dr. Falcão (PP). Já o gestor atual não poderá concorrer à reeleição e apoiará a vereadora Roberta Cardoso e ex-secretária municipal Ana Mello, ambas do Podemos, como pré-candidatas a prefeita e a vice-prefeita, respectivamente.

Assim como Bismarck, Caetano compõe uma tradicional família na região, que já chegou a ocupar cargos eletivos. Exemplo disso é o seu pai, o ex-prefeito Júnior Guedes. Os dois clãs rivalizam em Aracati e tiveram embate direto em 2020, com a candidatura dos dois primeiros – e o PT ao lado do, hoje, prefeito.

A decisão do diretório municipal petista foi homologada internamente neste mês, mas desmanchada pela instância estadual na véspera da convenção que celebraria a nova união, marcada para o último sábado (27). Assim, segundo a resolução do PT Ceará, o partido fica neutro na cidade, e os seus filiados liberados para apoiar o nome que quiserem na disputa. 

Após a resolução, Denise Menezes veiculou uma mensagem nas redes sociais parabenizando a investida de Caetano.

"Quem disse que eu ia perder essa festa? Eu não podia ficar de fora, principalmente para deixar um forte abraço para o nosso futuro prefeito Caetano e nosso vice Falcão. Abraços extensivos para todos e todas presentes nessa convenção, que celebra e anuncia a chegada de um novo ciclo de nossa terra, em que as pessoas terão mais valor que o concreto”, disse a vice-prefeita em postagem compartilhada pelo pré-candidato a prefeito.  

diariodonordeste.verdesmares.com.br

Cariri Ativo

01.08.2024