Autor Mirla Nobre
Os profissionais da rede de atenção primária de saúde no Ceará serão qualificados para diagnosticar precocemente pessoas com tendência ou que estão desenvolvendo Alzheimer. As ações estão incluídas na Política de Atenção às Pessoas com Alzheimer e outras demências, lançada nesta terça-feira, 24, durante seminário sobre a doença na sede da Secretaria da Saúde do Ceará (Sesa), em Fortaleza.
Os treinamentos serão realizados, inicialmente, para médicos e enfermeiros da Superintendência Regional do Litoral Leste/Jaguaribe por estar mais próxima da sede da Secretaria. Posteriormente, as capacitações serão realizadas nas demais superintendência: Fortaleza, Norte e Cariri, Sertão Central.
De acordo com a secretária executiva de Políticas de Saúde da Sesa, Vaudelice Mota, além da qualificação dos profissionais, a política de atenção irá realizar um mapeamento de idosos que estão com a doença ou com tendência à condição no Estado. A partir da identificação, será implantado a política de atenção às pessoas.
“Nós estamos fazendo um levantamento do possível número de pessoas no litoral leste identificando as linhas de cuidados e pontos de atenção na região para começar o treinamento. Primeiro, identifica-se a quantidade de idosos, quantos estão tomando medicamentos e a partir disso vamos identificar os centros de saúde mais próximos para poder fazer o chamamento dos profissionais e acompanhar”, explica a secretária.
A expectativa é que até o final deste ano o primeiro ciclo de profissionais esteja qualificado e, em menos de um ano, todos os demais profissionais das demais superintendências de saúde do Estado estejam incluídos na política de atenção e linha de cuidado. Os documentos também vão orientar as famílias, cuidadores e profissionais de saúde com informações sobre a doença.
Conforme o neurologista Norberto Frota, que atua no ambulatório do Hospital Geral de Fortaleza (HGF), a implantação da Linha do Cuidado à Pessoa com Doença de Alzheimer vai facilitar o acesso ao tratamento também. “Com a linha, queremos tornar também o tratamento da pessoa na sua cidade e só, em casos necessários, o deslocamento para redes secundárias ou terciárias”, disse.
Ainda segundo Norberto, atualmente, o Ceará possui cerca de 150 mil pessoas com demência. Dessas, apenas 70% possuem alguma indicação de remédio para o tratamento da doença, contabilizando cerca de 80 mil pessoas. “Das pessoas que pegam medicação pelo SUS [Sistema Único de Saúde], são em torno de 4,5 mil pessoas, ou seja, apenas 5%. Ou muita gente não tem o diagnóstico ou, se tem, não consegue pegar o remédio”, alerta o especialista.
Neste ano, de janeiro a agosto, foram registrados 196 atendimentos no ambulatório para Alzheimer no HGF, em Fortaleza. Ao longo do ano passado, foram registrados 273 atendimentos na rede de saúde. A presidente da Associação Brasileira de Alzheimer – Regional Ceará (ABRAz-CE), Elcyana Bezerra, destaca a importância da implantação da política, principalmente diante do atual cenário de envelhecimento da população brasileira.
“Outra grande questão é que, agora, com o envelhecimento da população, o cuidado também é feito por outro idoso. É um idoso cuidando de outro idoso. Agora nós sabemos que temos uma política, um plano que vai finalmente trazer qualidade de vida não só para o paciente, mas também para o cuidador familiar”, comenta Elcyana.
Ainda segundo a representante, o cuidado com a pessoa com demência é, majoritariamente, feminino e ressalta a importância da política. “Muitas vezes, elas precisam largar os empregos, terminam relacionamentos, não tem rede de apoio e acabam se sobrecarregando e adoecendo. No momento que se tem uma política redirecionada para isso, essas mulheres também vão receber apoio”, destaca.
Confira alguns sintomas para saber se a pessoa está com Alzheimer:
Fonte: Hospital Geral de Fortaleza (HGF) e Secretaria da Saúde do Ceará (Sesa)
opovo.com.br
Cariri Ativo
25.09.2024